SOCIEDADE 
    CIVIL E ONGs 
    A 
    FUNDAÇÃO AGÊNCIA DA BACIA DO ALTO TIETÊ
     COBRANÇA 
    PELO USO DA ÁGUA 
      
  
Eduardo 
    Raccioppi
    Diretor Presidente do Instituto Aruandista de Pesquisas e Desenvolvimento 
    
SOCIEDADE 
    CIVIL e ORGANIZAÇÕES 
    Uma tentativa para mostrar a importância e o que significam as associações 
    civis dentro do contexto social e no progresso das relações 
    e das políticas públicas. Mostrar a toda a sociedade sem nenhuma 
    exceção, incluindo as próprias associações, 
    as ONGs, os poderes e administrações públicas e as instituições 
    o papel e a responsabilidade da sociedade civil e sua necessária e 
    inegável participação nas questões que envolvem 
    o Desenvolvimento Sustentável e o progresso social e econômico. 
    Também como contribuição para o aprimoramento e melhoria 
    das administrações públicas e suas relações 
    com as associações civis.
ALGUMAS 
    DEFINIÇÕES e um POUCO DE HISTÓRIA
    Após a Revolução Francesa, quando se funda a concepção 
    unitária do Estado-Nação, a noção de Sociedade 
    Civil se considera como uma sociedade independe do mando do Estado e passível 
    a ser opositora ao mesmo. Partindo desta noção a Sociedade Civil 
    se apresentava como um ente ambíguo já que no real a sociedade 
    estava governada e administrada por um Estado estabelecido. Após longas 
    e permanentes discussões filosóficas e práticas e já 
    no século XIX começa a desvendar-se e toma outras concepções 
    sendo a prevalecente a que surge da formatação sistêmica 
    em 1821 nos princípios da Filosofia do Direito (Hegel). A modernidade 
    política da época e a partir do trabalho de Hegel apresenta 
    a separação do que seria a “vida civil” e a “vida 
    política”, ou seja, da Sociedade e do Estado, que concomitantemente 
    também separa a sociedade industrial que por seu crescente poder econômico 
    consegue uma autonomia econômico-financeira e com esta também 
    política. 
    Podemos dizer que desde aquela época, envolvida na maior discussão 
    e produção filosófica histórica que marcaram o 
    século XIX, muitos conceitos navegaram pelo mar agitado e tormentoso 
    dos poderes e da sociedade. Sem querer deixar um vazio e sim marcando já 
    o nosso tempo contemporâneo podemos mencionar a definição 
    de Dominique Colas: “Designa a vida social organizada segundo sua própria 
    lógica, principalmente associativa, que assegura a dinâmica econômica, 
    cultural e política”. 
    Se tomamos a história e sua evolução com todos os conceitos 
    e experiências sociais dinâmicas, chegamos a entender que a Sociedade 
    Civil como expressão fundamental se representa como uma noção 
    conflitiva ideológica, controladora social e receptora dos conflitos 
    da sociedade. Não entendê-lo ou negá-lo seria não 
    entender os processos e conflitos históricos sociais e ignorar a sociedade 
    como promotora e produtora principal de todas as formas de progresso. 
    As associações civis têm aumentado no mundo todo após 
    a década de sessenta, e em grande forma após os anos oitenta, 
    observando-se que estas são bem maiores e crescentes onde as democracias 
    e as constituições exercem um papel burocrático que apenas 
    ineficazmente atende as necessidades sociais mínimas e se omite das 
    conseqüências. Também entre outras motivações 
    estão as crises do Estado e a desgovernança. A partir desta 
    realidade François Ranegon resume que “Antes de ser um conceito 
    ou uma idéia, a sociedade civil envolve todo um conjunto de valores 
    positivos: a autonomia, a responsabilidade, o assumir os indivíduos 
    e seus próprios problemas. Por sua dimensão coletiva, a sociedade 
    civil parece escapar dos perigos do individualismo e motivar a solidariedade. 
    Pela sua dimensão civil promove a emancipação da tutela 
    estatal, mas também os valores mais efetivos tais como a intimidade, 
    a familiaridade, etcetera. Se explica assim a reativação recente 
    de algumas parcerias sociedade civil-estado”. Podemos agregar a definição 
    de Bobbi: “Se entende por sociedade civil a esfera de relações 
    sociais que não estão reguladas pelo Estado, estendida como 
    um conjunto de ações que exercem o poder pró-ativo de 
    um sistema social organizado”. 
    Não obstante a existência de definições modernas 
    e das experiências históricas, a expressão sociedade civil 
    é para uma boa parte dos estados autoritários e pseudo-democráticos 
    uma definição e função entendida como opositora, 
    e assim, sobre ela, tenta manter seu mando e controle através de entraves 
    e ações próprias do uso da máquina pública 
    e de práticas comuns do autoritarismo. Nos estados que transitam o 
    caminho à democracia ou nas democracias de práticas populistas 
    e liberais, se apresenta a mesma definição e se agrega a competição 
    própria do estado “vazio” e incompetente. Em todos os casos 
    e pelas evidências históricas onde a sociedade civil cumpre seu 
    papel e ao observar-se que as organizações civis de alguma maneira 
    conseguem ilustrar, sensibilizar e conscientizar de forma independente a sociedade, 
    esta atitude pró-ativa é mal compreendida, repudiada e até 
    repelida pelo Estado, o qual não consegue visualizar que este fato 
    é de grande valia para a sociedade e em conseqüência para 
    o Estado em sua plena totalidade. 
    Devemos colocar que os conflitos anteriormente descritos não acontecem 
    comumente na maioria dos Estados modernos, democráticos e progressistas 
    e por alguns poderes econômicos os quais colaboram e apóiam sem 
    interferências e incondicionalmente; respeitam princípios, ideologias, 
    independência, soberania e direitos; estreitam relacionamentos, não 
    interferem, financiam projetos, conveniam parcerias, desenvolvem projetos 
    conjuntos, promovem espaços de discussão e consulta; sem temer 
    e sem concorrer. Esta seria a arte moderna da relação democrática 
    Estado – Sociedade.
AS 
    ORGANIZAÇÕES NÃO GOVERNAMENTAIS (ONGs) AMBIENTALISTAS
    Como organizações, começam a surgir incipiente e globalmente 
    a partir da década de 60, se multiplicam nos anos 80 e tomam força 
    expressiva antes da Conferencia das Nações Unidas sobre Meio 
    Ambiente e Desenvolvimento, a chamada Rio-92, que acontece em junho de 1992 
    no Rio de Janeiro de onde nasce a Agenda 21. É a partir desta que progressivamente 
    as ONGs se multiplicam no Brasil, percebendo-se a partir do ano 2000 um alto 
    surgimento em áreas interioranas de pouca população e 
    periferias das grandes e medianas cidades. Segundo dados do IBGE teríamos 
    hoje no Brasil aproximadamente 140 mil associações sem fins 
    lucrativos (dados não oficiais falam de 200.000); este número 
    pode ser três vezes maior que em toda a Europa . A maioria das ONGs 
    se organiza e desenvolve na forma de pequenos grupos carentes de meios, recursos, 
    planejamento, profissionalismo e preparação suficientes para 
    entender a complexidade sociopolítica, socioeconômica e as conseqüências 
    socioambientais . O voluntariado, ferramenta principal das ONGs, tem suas 
    vantagens e seus efeitos contrários como por exemplo a dedicação, 
    tempo e recursos para formação. Analistas especializados no 
    assunto afirmam que a grande maioria das ONGs trabalha no improviso sem um 
    planejamento de curto e médio prazos e carente de propostas formais 
    e continuidade “A maioria das organizações sociais e ambientais 
    ... é coordenada por pessoas com muita vontade de ajudar, mas nenhum 
    conhecimento sobre gestão” segundo o diagnóstico de Mário 
    Aquino Alves, professor de Administração para o terceiro Setor 
    da FGV/SP. Isto nunca desmereceu nem desmerece de forma alguma a existência 
    e a criação destas associações e nos confirma 
    a pobreza democrática e o crescimento da crise social e da desgovernança 
    a qual assume unicamente o papel burocrático do Desenvolvimento Sustentável 
    para atender apenas os requisitos formais e os conflitos sociais pontuais 
    e sempre quando estes são politicamente insustentáveis. Estas 
    realidades históricas e presentes, e sempre atuais, provocam o nascimento 
    constante de novas e novas associações.
    O Próprio BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento), ante os conflitos 
    próprios relacionados com a democratização, numa América 
    latina ainda com fortes rasgos coloniais e de autoritarismo, entende que não 
    é possível focalizar o desenvolvimento econômico sem o 
    desenvolvimento social, processo este lento e contraditório, demorado 
    pela resistência de interesses opostos às mudanças que 
    ela implica. Soma-se a isto a globalização, que exige novos 
    conhecimentos e profissionalização e impõe mudanças 
    e adequações do Estado e das forças produtivas. O BID, 
    financiador de projetos em países da América Latina e Caribe, 
    reconhece as ONGs estruturadas e portadoras de conhecimento, produtoras e 
    promotoras de propostas, como atores essenciais para o desenvolvimento social 
    e o fortalecimento da democracia.
    Para apreciar um panorama global e daqui surgir uma análise, podemos 
    indicar comparativos mundiais sobre a participação da sociedade 
    e da comunidade nas ONGs, entendendo como participação todas 
    as formas como: recrutamento, voluntariado, militância, ativismo, contribuição 
    intelectual, apoio a pesquisas, divulgação e colaboração 
    econômica. 
    Colocaremos exemplos percentuais de participação que indicam 
    quantos habitantes por cada cem participam dentro ou junto as ONGs. Europa: 
    Holanda 20,77; Inglaterra: 19,12; França 17,7; Alemanha 11,9 e Espanha 
    6,47. América do Norte: Estados Unidos 19,1. América do Sul: 
    Colômbia 2,35; Argentina 1,85 e Brasil 0,86. 
    Essas diferenças podem ser entendidas fundamentalmente pelas contribuições 
    históricas, grau e nível cultural e educacional, maior politização 
    e visão da realidade pública e das conseqüências 
    dos conflitos de interesses e socioambientais. Também a maior liberdade 
    de expressão e de ação, maior independência cultural, 
    maior compromisso e preparo das lideranças associativas e comunitárias 
    e maior credibilidade no exercício participativo do controle social. 
    
PARTICIPAÇÃO, 
    LIDERANÇAS, REDES E COLETIVOS
    Temos que considerar que, no marco das associações civis, a 
    participação de lideranças históricas, empresariais, 
    religiosas, culturais e científicas, validam firmemente tanto a existência 
    como o papel e a imprescindibilidade da sociedade civil organizada. Líderes 
    políticos afastados da atividade política e empresários 
    acreditados e engajados seriamente com a responsabilidade social corporativa, 
    artistas reconhecidos por suas qualificações artísticas 
    e humanas, cientistas, pesquisadores e fundações características 
    demonstram permanentemente suas participações como líderes, 
    membros ou apoiadores. Na ordem institucional temos o exemplo e o reconhecimento 
    das Nações Unidas que criou um espaço oficial e formal 
    de discussão para as ONGs dentro do seu âmbito. Dos múltiplos 
    e diversos fóruns internacionais estruturados com temáticas 
    e participação de altíssimo nível, destaca-se 
    o Fórum Social Mundial. Temos ainda a considerar: o surgimento de associações 
    de jornalistas sociais, estas praticadas mediante o denominado “Jornalismo 
    Social” e o “Jornalismo sem Fronteiras”; as redes socioambientais 
    abertas e fechadas onde através da internet trocam de forma permanente 
    informações, pesquisas e dados; as comunidades organizadas, 
    os coletivos ambientalistas considerados como organizações de 
    discussão coletiva onde são superadas as diferenças entre 
    as ONGs e se promovem ações comuns; a maior credibilidade da 
    sociedade nas ONGs quando cada vez menor nas organizações e 
    administrações públicas e nos poderes políticos. 
    
    Todo o exposto nos conduz a entender a existência e crescimento do número 
    de ONGs e de associações comunitárias e o surgimento 
    de movimentos de expressão relevante e a profissionalização 
    e estruturação de ONGs e coletivos.
AS 
    ORGANIZAÇÕES NÃO GOVERNAMENTAIS - CRISES E CONFLITOS
    Se bem a grande maioria das ONGs e associações, em geral, carece 
    de estruturas e capacitação suficientes para enfrentar as demandas 
    sociais, estes conflitos reais, como outras realidades, são também 
    o produto do subdesenvolvimento e do atraso. Isto também repercute 
    nas instituições associativas do terceiro setor onde o fator 
    econômico não as afeta, mas sim os objetivos e desenvolvimento 
    que estão em permanente dependência das conjunturas econômicas 
    e políticas e os riscos e entraves próprios da globalização, 
    dos oligopólios e da dependência econômica e tecnológica 
    . O mesmo acontece nas agremiações trabalhistas, na maioria 
    das vezes atreladas a correntes de interesses fisiológicos, político-partidários 
    e econômicos pontuais, em vez dos interesses próprios da classe 
    trabalhadora e as agremiações e conselhos profissionais onde 
    primam os esforços para a manutenção dos espaços 
    de trabalho e desenvolvimento. No caso das ONGs ambientalistas, estas na grande 
    maioria passam por uma crise, geralmente não compreendida nem entendida 
    por elas próprias, que começa nas definições ideológicas, 
    continua nos objetivos e funções como sociedade civil, transita 
    pelos interesses e a falta de estrutura, continua na vontade de fazer e de 
    não saber como e pára nas demandas e nos conflitos sociais em 
    amplo crescimento que superam sua própria capacidade. Não podemos 
    deixar de colocar a existência de algumas interferências governamentais 
    promotoras da desagregação e de ocupação dos espaços 
    e atividades das organizações, motivadas por fatores políticos, 
    econômicos, de interesses, de promoção, de marketing e 
    de ocultamento da realidade. Existem também as desconfianças 
    entre ONGs, motivadas por condutas e atitudes consideradas como colaborativas 
    ou omissas que beneficiam interesses políticos e econômicos descompromissados 
    com a solução objetiva dos problemas socioambientais ou praticantes 
    de ações que servem como alienantes da sociedade em vez de conscientizadores. 
    
A 
    CRISE SOCIAL E O SURGIMENTO DE ASSOCIAÇÕES
    As crises individuais, familiares e grupais próprias da permanente 
    inestabilidade se somam à crise de valores que sofre a população 
    brasileira, a qual não vislumbra perspectivas e esperanças, 
    tanto nos âmbitos da nação como no local. Como conseqüência, 
    nos últimos anos percebe-se que a sociedade por si e apesar dos esforços 
    em contrário, tem crescido e amadurecido no entendimento das causas 
    de sua situação real dentro do contexto político, social 
    e econômico. Isto tem propiciado o surgimento de associações 
    comunitárias espontâneas, sendo que com o tempo muitas se convertem 
    em organizações. A título de informação 
    podemos citar as declarações e entrevistas do ex-presidente 
    dos Estados Unidos Bill Clinton, que afirmou que “O futuro é 
    das ONGs”, e entre suas declarações diz estar apostando 
    nas ONGs e descrendo nos políticos que não entendem as questões 
    da degradação, o aumento da pobreza, da desigualdade social 
    e do desenvolvimento econômico sustentável. Bill Clinton reconhece 
    a desconfiança que a sociedade tem sobre as condutas políticas 
    e administrativas dos poderes nas questões socioambientais.
    Muitas vezes é comum que os interessados na permanência e perpetuidade 
    do desequilíbrio socioambiental, através de modelos de pseudo 
    inclusão e participação, criem formas de controle e submetimento 
    de setores associativos, grupos e indivíduos. 
    As ONGs não deverão nem poderão ficar de fora dos desdobramentos 
    das crises históricas e presentes. As ONGs pró-ativas e conscientes 
    continuam promovendo a discussão local, nacional e global para a solução 
    da insustentabilidade econômica, social, ambiental e ecológica 
    que afeta a humanidade. A atual e a futura. Para isto é prioritário 
    preparar-se, já que a curto e médio prazos a ferocidade anti-ambiental 
    e de degradação dos recursos naturais e da sociedade poderá 
    ser até legitimada por alguns poderes políticos e econômicos. 
    A sociedade civil e os coletivos sociais sabem que serão grandes os 
    desafios, e para isto, as organizações necessitam analisar e 
    administrar sua própria crise, organizar-se internamente, definir-se 
    ideologicamente, objetivar ações, procurar entendimentos entre 
    seus pares e ocupar os espaços coletivos e dentro da sociedade com 
    a sociedade, guardar sua independência e soberania institucional e capacitar-se 
    continuamente. Deverão ser objetivas, diferenciar e reconhecer quem 
    é quem no âmbito ambiental, seja na ordem das ONGs como nos poderes, 
    administrações e órgãos públicos. Nessas 
    análises objetivas e em todos os casos, as conclusões permitirão 
    identificar e definir diferenciais e intenções e esses resultados 
    poderão ser capazes de impulsionar ações coletivas e 
    de promover parcerias com as administrações públicas 
    locais e regionais que demonstrem transparente e real interesse e condutas 
    pró-ativas, sendo assim também com os setores privados, produtivos 
    ou de instituições de ensino e pesquisas independentes. As ONGs, 
    tanto no global como no local, independentes de suas crises, situações 
    e conflitos, no decorrer do tempo ocuparão um grande espaço 
    na cena do Desenvolvimento Sustentável, no progresso social e econômico 
    e na qualidade de vida das maiorias. Isto é inevitável. 
Eduardo 
    Raccioppi
    Consultor 
    Diretor Presidente do Instituto Aruandista de Pesquisas e Desenvolvimento
    Coordenador da ELIVRE – Escola Livre de Meio Ambiente e Administração 
    
A 
    FUNDAÇÃO AGÊNCIA DA BACIA DO ALTO 
    TIETÊ
    
    Artigo do Eng. Julio Cerqueira Cesar Neto
1. Características Gerais
O 
    Comitê: 
    O Comitê da Bacia Hidrográfica do Alto Tietê – CBH-AT 
    integra o SIGRH – Sistema Integrado de Gerenciamento de Recursos Hídricos 
    do Estado de São Paulo.
    É responsável pelo planejamento e gerenciamento dos recursos 
    hídricos na bacia do Alto Tietê. Apóia-se no tripé: 
    Agência, Plano e Cobrança pelo uso da água.
A 
    Agência:
    A Fundação Agência da Bacia Hidrográfica do Alto 
    Tietê – FABH-AT é o braço executivo do Comitê. 
    Deverá elaborar, atualizar e seguir as diretrizes do plano. Deverá 
    efetuar a cobrança pelo uso da água e gerenciar a sua aplicação.
Personalidade 
    Jurídica:
    Fundação de direito privado criada com base na Lei Estadual 
    n° 10.020 de 03/07/1998.
    Está sujeita à fiscalização do Tribunal de Contas 
    do Estado e dos Municípios e às leis do Código Civil.
    Guarda natureza jurídica “sui generis”, inserida no limbo 
    entre o Direito Público e o Privado com características de terceiro 
    setor.
Composição:
    Diretoria colegiada composta de três diretores, sendo um Diretor Presidente, 
    um Diretor Técnico e um Diretor Administrativo e Financeiro; complementada 
    com um Conselho Curador e um Conselho Fiscal compostos de forma paritária 
    por representantes do Governo do Estado, das Prefeituras e de entidades da 
    sociedade civil.
Poder 
    de Decisão:
    No âmbito de suas atividades internas o poder de decisão é 
    de titularidade exclusiva da Diretoria Colegiada, sendo especificamente previstas 
    as medidas administrativas que deve submeter ao crivo do Conselho Curador.
Recursos 
    Financeiros:
    A agência terá auto-suficiência financeira especialmente 
    com base nos recursos provenientes da cobrança pelo uso da água. 
    Desses recursos poderá dispor de até 10% para suas despesas 
    de custeio e pessoal e os restantes 90% serão usados na elaboração 
    de estudos, planos, projetos, programas, serviços e obras constantes 
    do Plano da Bacia aprovado pelo Comitê, inclusive projeto, instalação 
    e operação de sistema de informações. Enquanto 
    não for aprovada a lei de cobrança o custeio terá que 
    correr por conta de doações das Prefeituras e de entidades da 
    sociedade civil.
2. Objetivo e Metodologia
Prever 
    e prover todas as medidas que forem necessárias para propiciar a efetiva 
    gestão dos recursos hídricos da bacia através de seus 
    próprios meios e mais aqueles disponíveis nos órgãos 
    do Governo do Estado, nas Prefeituras Municipais e nas instituições 
    da Sociedade Civil que façam parte do Comitê e as demais pessoas 
    ou instituições que não façam parte do mesmo mas 
    que de alguma forma possam contribuir para a consecução desse 
    objetivo.
    A Agência contará especialmente com a participação 
    dos Sub-Comitês e das Câmaras Técnicas do Comitê.
    A formulação dessas medidas será desenvolvida nas seguintes 
    etapas: 
    • definição técnica procurando empregar em cada 
    caso toda a tecnologia disponível através de técnicos 
    e instituições especializadas nacionais e internacionais;
    • apresentação e discussão com os Sub-Comitês 
    e Câmaras Técnicas do Comitê;
    • montagem de documento final para ser submetido à aprovação 
    do Comitê.
    Obs: 
    a definição técnica incluirá os problemas de engenharia, 
    de urbanismo, de economia e sócio-economia, de administração 
    e institucionais, jurídicos e financeiros.
3. Características especiais da sua atuação
A 
    Agência da Bacia Hidrográfica do Alto Tietê – ABH-AT 
    foi criada pelo CBH-AT a partir da constatação por este da necessidade 
    de um braço executivo descentralizado, ágil e eficiente na promoção 
    das gestões que por si são deliberadas.
    Veio prevista dentro de um contexto institucional e sistemático, devendo 
    desempenhar um papel preestabelecido por lei independentemente de interesses 
    de parte a parte, sendo, entretanto, fundamental para desempenhar suas funções 
    “a articulação” com os outros atores que, direta 
    ou indiretamente, compartilham a responsabilidade do gerenciamento da Bacia.
    A ABH-AT tem por função primordial encaminhar e após 
    executar o resultado das articulações e negociações 
    dos processos de trabalho que cortam vários setores e fronteiras organizacionais 
    representadas dentro do CBH-AT.
    Para tanto é necessária sua imparcialidade na elaboração 
    de pareceres técnicos, técnico-jurídicos e institucionais 
    relativamente às ações contidas na legislação, 
    considerando o grande número de agentes organizacionais envolvidos 
    na Bacia.
    É desejável que sua atuação se processe em “rede” 
    com desenvoltura e eficácia, a fim de que possibilite, ainda, a articulação 
    destes agentes com os demais sistemas, estados vizinhos e União, sem, 
    contudo, perder de vista seu interesse maior estabelecido na Lei que instituiu 
    o sistema de gerenciamento de recursos hídricos – SIGRH.
    Como é sabido, o gerenciamento de recursos hídricos pressupõe 
    o envolvimento de diversas organizações públicas, privadas 
    e entidades não-governamentais, cujo conjunto compreende o que se denomina 
    “rede organizacional”, por meio da qual são operacionalizadas 
    políticas públicas, transacionados recursos financeiros, materiais 
    e informacionais por meio de alianças, convênios, parcerias e 
    outras modalidades de articulação e cooperação.
    O papel da ABH-AT nessa rede deve ser o de buscar sinergia na utilização 
    desses recursos, visando economias de escopo e de escala. A ABH-AT não 
    é um segmento ou setor, à semelhança daqueles que participam 
    no CBH-AT. Ela é síntese inter governamental que converge, através 
    do Plano da Bacia, as diversas atuações dos vários níveis 
    de governo e também as relações entre os setores público 
    e privado.
    Importante reforçar que a concepção prevista para as 
    Agências de Bacias não esbarra em competências já 
    definidas dos órgãos que atuam nas bacias. Pelo contrário, 
    a Agência implementará o que nenhuma outra entidade faz. 
    Trata-se de um ente pesquisador, formulador, articulador, negociador e executor 
    das ações discutidas e deliberadas na esfera do Comitê, 
    necessárias à melhoria do padrão de gestão das 
    águas da Bacia do Alto Tietê. 
    A ABH-AT deve adotar uma abordagem não setorial da Bacia, pois as soluções 
    dos problemas e projetos merecem abordagem multidisciplinar, contemplando 
    cada uma das visões dos atores representados no CBH-AT. A Agência 
    deve ter o papel de “integração” ou “alinhamento 
    interinstitucional”, na medida em que cada uma das organizações 
    atuantes na região persegue objetivos diferentes, e foram criadas segundo 
    contextos e óticas diversas, possuindo, portanto, percepções 
    desiguais a respeito de seu objeto de trabalho, o que dificulta uma ação 
    integrada.
    A ABH-AT será a organização capaz de dirimir conflitos 
    de interesses e de integrar ações isoladas. É um papel 
    estratégico que dá sentido de identidade e legitimidade institucional 
    à “rede”. Agregado a isso, o papel de facilitadora de processos 
    de trabalho, envolvendo a remoção de dificuldades ou obstáculos 
    operacionais, objetivando a compatibilidade das ações e a obtenção 
    de recursos.
    A ABH-AT deve promover a negociação intersetorial técnica, 
    segundo os variados interesses, lógicas e responsabilidades institucionais 
    legitimamente estabelecidas pelo CBH-AT. Deve procurar viabilizar a uniformidade 
    de ações técnico-gerenciais para a Bacia, como fiscalização, 
    monitoramento, operação de sistemas de saneamento básico, 
    proteção ambiental, uso e ocupação do solo, entre 
    outros. Do ponto de vista institucional, a Agência buscará minimizar 
    a “poluição institucional” existente na Bacia, articulando 
    as ações necessárias a uma gestão ágil, 
    efetiva e eficaz.
    Para tanto seu Regimento Interno prevê uma composição 
    de quadro reduzido, bem articulado, forma administrativa moderna e desburocratizada. 
    
O Eng. Julio Cerqueira Cesar Neto foi Presidente da Fundação Agência da Bacia do Alto Tietê.
COBRANÇA 
    PELO USO DA ÁGUA
    
    Artigo 
    do Eng. Julio Cerqueira Cesar Neto 
    
    
    ONDE 
    ESTÁ INSERIDA
    Felizmente 
    o Brasil possui uma Política Nacional de Recursos Hídricos instituída 
    pela Constituição de 1988 que se extende aos Estados no mesmo 
    formato. Em São Paulo foi prevista na Constituição de 
    1989 e instalada através da lei nº. 7663/91.
    Dispomos hoje de um SIGRH – Sistema Integrado de Gerenciamento de Recursos 
    Hídricos e a Cobrança pelo Uso da Água se constitui num 
    dos instrumentos de gestão, numa das ferramentas do SIGRH, juntamente 
    com a Outorga e os Planos de Bacia. 
PRINCÍPIOS
    • Os princípios da cobrança pelo uso da água são 
    fundamentados nos conceitos de “usuário pagador” e do “poluidor 
    pagador”, adotados com o objetivo de combater o desperdício e 
    a poluição das águas, de forma que quem desperdiça 
    e polui paga mais.
    • O reconhecimento de que a água é recurso natural limitado, 
    finito e escasso, é que nos obriga a tratá-la como um bem de 
    uso público, essencial a vida, dotado de valor econômico e a 
    adotar a cobrança pelo uso deste bem para sua gestão de forma 
    integrada e participativa.
POR 
    QUE COBRAR PELO USO DA ÁGUA?
    • Os padrões de consumo e uso da água adotados no Brasil 
    e, principalmente no Estado de São Paulo até o início 
    dos anos 90, resultaram na morte e degradação por poluição 
    dos principais rios paulistas, como por exemplo, o Tietê, o Jundiaí, 
    o Cubatão e o Piracicaba. Essa realidade, associada à ocupação 
    urbana e ao adensamento populacional sem planejamento, resultam na grave situação 
    de falta de água para abastecimento público em diversas regiões 
    do estado, que apresentam índices muito abaixo dos padrões internacionais 
    considerados críticos, de 1500 metros cúbicos de água 
    por habitante, ano. 
    • No Brasil, o código de águas, instituiu os princípios 
    de poluidor pagador em 1934, porém o instrumento da cobrança 
    não havia sido posto em prática, talvez em virtude da falsa 
    idéia de que há água em abundância no país 
    e que esse recurso é da natureza e portanto não pertence a ninguém.
    • A cobrança pelo uso da água começa de fato a 
    ser trabalhada no Brasil com a criação da ANA – Agência 
    Nacional de Águas, instituída a partir da Lei 9433, que criou 
    o Sistema Nacional de Gerenciamento dos Recursos Hídricos.
    • Os Estados do Ceará, Paraná e Santa Catarina já 
    instituíram a cobrança pelo uso da água e a União 
    também, inclusive em rios que cortam São Paulo, como por exemplo, 
    o Paraíba do Sul.
NÃO 
    TEM COMO NÃO COBRAR 
    Corresponderia a destruir os princípios do SIGRH – Sistema Integrado 
    de Gerenciamento de Recursos Hídricos que representa um dos maiores 
    avanços político-institucionais de que dispomos. Seria um retrocesso 
    imperdoável na medida em que permite a continuidade dos padrões 
    de uso da água sem planejamento, com desperdício e poluição, 
    além do fato de que a não adoção da cobrança 
    por São Paulo poderia gerar um problema de guerra fiscal e descontrole, 
    entre o uso de águas de rios de domínio do Estado e os de domínio 
    da União, para os quais já existe a cobrança.
A 
    DESCENTRALIZAÇÃO É A GARANTIA DE QUE A COBRANÇA 
    NÃO É UM IMPOSTO
    Para 
    que a cobrança pelo uso da água seja um instrumento de gestão 
    que possibilite mudanças de comportamento, a melhoria a situação 
    ambiental das nossas bacias hidrográficas e rios e que possa garantir 
    a disponibilidade de água para população e os demais 
    usos, é fundamental que o controle sobre esse instrumento (a cobrança) 
    se dê de forma descentralizada e com ampla participação 
    da sociedade, através dos Comitês de Bacia e aplicação 
    integral dos recursos na bacia onde foram arrecadados.
    Dessa forma estará sendo coerente com toda a estrutura do Sistema de 
    Recursos Hídricos, não só com o Estadual mas também 
    com o Federal. É tipicamente um problema de economia interna da bacia:
    DE FORMA NENHUMA PODERÁ SER CONSIDERADA COMO MAIS UM IMPOSTO.
    DE FORMA NENHUMA PODEMOS PRESCINDIR DESSE INSTITUTO.
Conheça o Decreto que Regulamenta a Cobrança pela Utilização dos Recursos Hídricos no Estado de São Paulo em Notícias
Canal para envio de notícias e informações - fale conosco