Aquecimento
Global
4o.
RELATÓRIO DO IPCC - em Português (versão
MCT)
Contribuição
do Grupo I
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- Entenda a COP 21 e as disputas em jogo
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IPCC não é ficção científica
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IPCC: Dez pontos para você entender as discussões sobre clima
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Aquecimento global piora a brecha hídrica
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O risco climático é real e presente
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Ecossistemas migrarão para acompanhar clima
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COP 15
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Risco Criança e a sobrevivência da espécie
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Nível do mar subirá mais do que o previsto
- Aquecimento global - discussão na 61a.
reunião da SBPC
- Aquecimento global mata 315.000 pessoas ao ano
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Antártica - degelo acelerado
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Entenda
a COP 21 e as disputas em jogo
Por Maureen Santos - Grupo de Reflexão sobre Relações Internacionais
Em dezembro de 2015, em Paris, os 196 integrantes da ONU tentam chegar a
um consenso sobre como lidar com as mudanças climáticas
inShare91
Mark Garten / UN Photo
A falta de vontade política dos países membros da Convenção
Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas
(UNFCCC), em especial os países desenvolvidos, para enfrentar seriamente
os problemas provocadores e provenientes da crise climática, fez com
que depois de mais de duas décadas de negociações pouco
tenha sido feito. Em dezembro deste ano, nos arredores de Paris, os 196 países
membros se reuniram na busca por um consenso sobre
o rumo sa Convenção de clima em busca
de um novo acordo global, em substituição ao esvaziado e combalido
Protocolo de Kyoto, único instrumento legal da Convenção.
Para entender a Conferência das Partes (COP), elenquei
21 temas principais sobre o que esteve em jogo nas negociações
oficiais e na preparação das mobilizações da sociedade
civil.
1 - Multilateralismo:
A reafirmação do multilateralismo ou não como espaço
coletivo de tomada de decisões sobre um tema que atravessa fronteiras
físicas e atmosféricas é o pano de fundo das negociações.
Para alguns países como o Brasil, se a conferência resultar em
um acordo global mesmo que fraco, significa salvar o espaço multilateral
expresso pela UNFCCC.
2 - Plataforma de Durban (ADP):
É o trilho de negociação estabelecido em 2011 durante a
COP 17, realizada em Durban. Seu mandato é elaborar os elementos para
a criação de um novo instrumento jurídico vinculante, que
poderá ser um novo protocolo ou não, que sob a Convenção
será aplicável a todas as partes. O mandato da ADP se completa
na COP 21.
3 - Workstreams 1 e 2:
O primeiro diz respeito ao conteúdo do novo acordo de clima, que entraria
em vigor a partir de 2020; e o segundo é relativo a ambição
que o país membro tem para implementar ações no período
de 2015-2020, denominado pré-2020.
4 - Chamada de Lima para Ação Climática:
D ocumento final da COP 20 pouco ambicioso e vago, determina que as partes devem
descrever de forma clara suas INDCs, ver abaixo. Destaque para a reafirmação
do princípio das responsabilidades comuns porém diferenciadas,
e de que os países desenvolvidos devem ter obrigações em
financiamento, capacitação e transferência de tecnologias
para os países em desenvolvimento.
5 - INDCs:
São Contribuições Intencionais Nacionalmente Determinadas
(sigla em inglês), que definem quanto, como e quando os países
irão reduzir suas emissões. Muitos países estão
realizando processos de consultas nacionais sobre o tema, como foi o caso do
Brasil cujo resultado ainda não foi disponibilizado. É o esqueleto
do novo acordo.
6 - Rascunho Zero:
Texto base de negociação para o que será acordado em Paris,
cuja última versão datada de fevereiro, contém 109 páginas
e 221 artigos que incorporam as diversas opções sobre a mesa.
O texto inclui os temas mitigação, adaptação, financiamento,
transferência de tecnologia, capacitação e transparência
para ações e para o apoio.
7 - Princípio das responsabilidades comuns, porém diferenciadas
e suas respectivas capacidades:
Consta no preâmbulo da Convenção Quadro e foi materializado
pela divisão de compromissos entre as partes do Protocolo de Kyoto, mas
vem sendo ameaçado. Estabelece que todos os países devem dividir
entre si os custos das ações de redução de emissões,
cabendo aos países desenvolvidos assumirem as primeiras medidas, uma
vez que historicamente contribuíram mais para as emissões e apresentam
maior capacidade econômica para suportar tais custos e provir recursos
financeiros para o enfrentamento do problema pelos países em desenvolvimento.
8 - Diferenciação concêntrica:
proposta brasileira feita na COP 20 e que ganha espaço nas negociações,
“na qual os países se distribuiriam em bandas de compromisso, com
possibilidade de transição de uma zona para a outra dependendo
do contexto e das capacidades correntes de cada país”. Tende a
atender tanto o princípio das responsabilidades comuns, porém
diferenciadas, quanto à demanda dos países desenvolvidos para
que os países emergentes também assumam compromissos.
9 - Mitigação e adaptação:
muitos países defendem que o acordo deve ter equilíbrio entre
os dois temas e não focar só na redução das emissões
(mitigação), como vem acontecendo no histórico de decisões
das COPs.
10 - Sem perdas líquidas (No net loss):
Tema preocupante que implica a compensação das emissões
(offseting), significando que o mundo possa continuar emitindo gases de efeito
estufa (GEE) desde que exista uma forma de os "compensar". Assim,
ao invés de tomar medidas concretas de redução das emissões,
poderão continuar emitindo enormes quantidades de CO2 e, ao mesmo tempo,
alegar que estão combatendo as mudanças climáticas por
meio do "apoio" ao desenvolvimento da tecnologia CCS (captura e estoque
de carbono)
11 - Novos mecanismos de mercado:
Outro tema de grande preocupação, em especial, motivada pelas
críticas em relação a falta de efetividade destes tipos
de mecanismos no enfrentamento da crise climática, como o Mecanismo de
Desenvolvimento Limpo (MDL). Estas críticas também são
relativas aos impactos que estes projetos geram nos territórios, cuja
inviabilização é latente por não serem consideradas
na avaliação da efetividade dos mesmos, que se concentram apenas
no item redução de GEE.
12 - Fundo Verde do Clima e financiamento:
Apesar de ter sido aprovado em 2010, na COP 16, em Cancun, e estabelecer dois
mecanismos de financiamento: um de curto prazo chamado fast start (2011-2013)
que nunca saiu do papel; e outro que tinha o objetivo de atingir US$ 100 bilhões
anuais de 2013 a 2020; o Fundo começou a receber recursos somente no
ano passado, quando arrecadou pouco mais de US$ 10 bilhões provenientes
de 29 países, entre desenvolvidos e em desenvolvimento.
13 - REDD+:
A discussão principal é se entra ou não mecanismos de mercado
para o financiamento da Redução de Emissões por Desmatamento
e Degradação (REDD+). O Brasil vem sendo categórico em
suas afirmações contrárias ao mercado em REDD+, tendo apoio
de organizações e movimentos sociais como os reunidos no Grupo
Carta de Belém, que vem rebatendo a abordagem REDD+ por entender, entre
outras críticas, que incluir mercado de carbono no financiamento dos
projetos é incluir a compensação de emissões.
14 - Bioenergia e CCS:
é o garoto-propaganda da nova abordagem de no net loss. Denominado BECCS
nas negociações, envolve o plantio de uma enorme quantidade de
grama e monocultivo de árvores para queima de biomassa com fins de geração
de eletricidade, capturando o CO2 emitido e bombeando para reservatórios
geológicos subterrâneos.
15 - Uso da terra:
tema forte na negociação na qual vem se fortalecendo a abordagem
em ‘escala de paisagem’ (landscape approach), que seria a integração
entre florestas e produção agropecuária. O uso da terra
entra intensamente na agenda de mitigação, mas também em
adaptação. Ainda sobre este tema, existem os chamados co-benefícios,
que estão relacionados a questões sociais e também a proteção
da biodiversidade.
16 - Agricultura climaticamente inteligente (CSA):
agricultura que aumenta a produtividade com resiliência (adaptação),
ao mesmo tempo em que sequestra gases de GEE sem efetivamente reduzi-los, já
que os créditos de redução seriam vendidos para outros
locais poderem continuar emitindo. As formas de financiamento seriam por meio
da medição e mercantilização do carbono do solo.
Existe pressão para que a CSA entre no novo acordo, especialmente por
parte da Organização das Nações Unidas para Alimentação
e Agricultura (FAO) e do Banco Mundial.
17 - Mecanismo de perdas e danos:
Criado na COP19, busca o enfrentamento dos eventos extremos e é visto
com bons olhos pela sociedade civil e pelos países em desenvolvimento
por tratar com mais importância um tema fundamental para adaptação.
No entanto, não discute ainda o tema financiamento, nem se incorpora
diretamente ao tema adaptação no rascunho proposto. Além
disso, há preocupação que as agências de avaliação
de risco, que na verdade são grandes seguradoras, possam transformar
o mecanismo em mais uma falsa solução ao enfrentamento da crise
climática, trazendo mais dificuldades para que os países afetados
possam acessar os possíveis recursos.
18 - Cúpulas dos Povos:
Como espaço autônomo das organizações e movimentos
sociais, ocupa um papel importante na construção de processos
e na busca de sínteses, ainda que estas últimas possam ser melhor
aproveitadas. A Cúpula de Lima foi importante para a América Latina,
no sentido de reaproximar em sua preparação grandes forças
sociais da região, ao formalizar um Grupo de Enlace regional, que pretende
continuar trabalhando junto rumo a Paris e além.
19 - Mobilizações da sociedade civil global para a COP
21:
organizações sociais reunidas na Coalizão Francesa
começaram desde o ano passado a se mobilizar para organizar atividades
durante o período da COP 21. Na semana passada, foi realizada reunião
internacional de preparação, na Tunísia, onde organizações
de fora da Europa puderam participar e entender melhor o processo. O grande
desafio é construir um caminho que possa ter cara própria e posicionamentos
firmes, ao mesmo tempo em que envolva uma gama diversa de organizações
sociais que têm posições políticas bastante distintas
em relação às grandes questões ligadas às
mudanças climáticas, entre elas, o debate sobre soluções
de mercado e se querem ou não um novo acordo global sobre clima.
20 - Calendário internacional rumo a Paris:
30 e 31 de Maio e 26 e 27 de setembro, mobilizações em toda Europa;
28 e 29 de novembro, mobilizações de massa incluindo marchas e
flash mobs; de 06 a 11 de dezembro, espaço de debates da sociedade civil
e mobilizações descentralizadas; 12 de dezembro, mobilização
e ações diretas em Paris. Em relação ao calendário
oficial das negociações, há três reuniões
previstas até a COP: 1 a 11 de junho, em Bonn (Alemanha); 31 agosto a
04 de setembro, em Bonn; 19 a 23 de outubro, em Bonn.
21 - Construção de novas narrativas:
Parte da sociedade civil global que se aglutina nos últimos oito anos
em torno da bandeira da justiça climática está construindo
novas narrativas que possam, por um lado, ampliar o escopo de atuação
para além do tema mudanças climáticas, e por outro, caminhar
para um processo de construção de plataformas e de movimento frente
à fragmentação que a sociedade civil atravessa. Resta saber
se novas formas de mobilização popular via redes sociais e atos
coreografados, muitas vezes esvaziados de conteúdo político, não
vão atrapalhar mais do que ajudar o processo. Há sempre risco.
Por fim, neste momento, talvez a UNFCCC e o movimento por justiça climática
tenham pelo menos uma coisa em comum: a necessidade de sair da inércia.
Se pelo lado oficial a COP 21 será importante para salvar ou não
o multilateralismo, por correr o risco do acordo não ser nada mais que
um sistema baseado em promessas longe de se comprometer com o limite dos 2ºC;
por parte das organizações e movimentos sociais talvez esta seja
a última COP de clima com grande mobilização nas ruas.
Por isso a agenda parisiense é tão relevante, para que possa trazer
ânimo e força, criando espaços de convergência e propostas
concretas que deem continuidade às sínteses, ao mesmo tempo em
que pavimentem caminhos futuros.
....
IPCC:
não é ficção científica.
Juliana
Guarexick entrevista
André Ferretti.
O
Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC) divulgou
ontem o segundo volume do 5º relatório, que avalia a vulnerabilidade
dos sistemas socioeconômicos e naturais diante da mudança climática,
assim como as possibilidades de adaptação à elas. O documento
“Mudanças Climáticas 2014: Impactos, adaptação
e vulnerabilidade”, elaborado por 309 autores, 436 colaboradores e 66
revisores técnicos de 70 países é mais um alerta pra que
a humanidade reaja. A natureza dá evidências claras de que as mudanças
climáticas podem causar impactos graves e irreversíveis.
Desmatamento,
aumento das temperaturas, segurança alimentar e hídrica e saúde
humana são alguns dos pontos abordados pelo relatório. O coordenador
de Estratégias de Conservação da Fundação
Grupo Boticário e o coordenador Geral do Observatório do Clima,
André Ferretti, faz uma análise sobre o documento e aponta caminhos
que podem ser tomados para evitar as consequências negativas das mudanças
climáticas.
Entre
as principais vertentes levantadas pelo relatório qual você destacaria?
A
adaptação com base em ecossistemas é um tema muito relevante
para países como o Brasil, que tem extensas áreas naturais e são
muito dependentes dos recursos naturais e do bom funcionamento dos ecossistemas
naturais para as atividades agropecuárias e de subsistência, bem
como para a produção de energia.
Precisamos conservar, por exemplo, os mananciais que abastecem as populações
urbanas, a indústria e também as atividades agropecuárias
– responsáveis por 70% da demanda de água e que geram boa
parte do PIB.
É
preciso ainda manter e ampliar as áreas verdes nas zonas urbanas
-
Para melhorar o microclima, reduzindo assim o calor e o número de grandes
tempestades;
- Ajudar na infiltração de água – nas grandes tempestades
temos problemas sérios com inundações;
- Absorver o carbono emitido pela queima de combustíveis fósseis;
- Melhorar a qualidade do ar; e tantos outros serviços essenciais.
A
manutenção e a restauração de mangues são
de essencial importância para a estabilidade dos estuários contra
a elevação do nível do mar, onde estão localizados
nossos maiores portos, como o de Santos e de Paranaguá, e a maior parte
da nossa população, mantendo assim a produtividade marinha, e
o meio de vida de inúmeras famílias.
A
criação e implementação de Unidades de Conservação
também são de grande importância para evitar emissões
de Gases de Efeito Estufa (GEE) e a manutenção dos serviços
ecossistêmicos que aumentarão a resiliência aos impactos
das mudanças climáticas, além de serem importantes para
disciplinar o uso da terra em determinadas regiões, evitando usos indevidos
em áreas de risco e mais sujeitas a desastres naturais.
Foi
reduzida a ameaça de ‘savanização’ da Amazônia
pelo aumento da temperatura entre 2ºC e 4ºC até 2100. Este
dado é positivo no seu ponto de vista?
Muito
positivo. A floresta parece hoje ser mais resistente às agressões
da humanidade do que imaginávamos antes. Apesar de ter sido identificado
um aumento no desmatamento da Amazônia no último ano, a diminuição
do risco de savanização deve ser comemorada por todos nós.
Porém, o risco ainda existe, e temos que lutar duramente contra a destruição
das áreas naturais nesse bioma e nos demais. O desmatamento na Amazônia,
inclusive, interfere em um serviço ecossistêmico essencial para
a região sul e sudeste da América do Sul: as chuvas, incluindo
as áreas de maior produtividade agropecuária do Brasil e do continente
(Argentina, Paraguai, Uruguai, Bolívia).
O texto afirma que há fortes evidências
de uma redução da oferta de água potável em regiões
subtropicais secas, o que aumentaria disputas pelo uso de bacias hidrográficas.
Qual a relação que isto representa com a disputa entre São
Paulo e Rio de Janeiro pelo uso da água do Rio Paraíba do Sul
para abastecer o Sistema Cantareira? É possível estabelecer comparações?
Isso ilustra muito bem o problema que estamos vivendo agora
com a disputa pela água da Bacia do Paraíba do Sul pelos Estados
de São Paulo e do Rio de Janeiro, onde estão localizadas nossas
maiores metrópoles. Porém, não podemos afirmar que essa
estiagem atípica que estamos vivendo agora tenha sido causada pelas mudanças
climáticas. O que se pode afirmar é que eventos climáticos
extremos como esses serão sim mais intensos e frequentes, o que exige
ação imediata visando a proteção e recuperação
dos mananciais que abastecem hoje essas regiões metropolitanas, e que
vão abastecê-las no futuro. A demanda por água é
crescente nessas regiões, tanto para abastecimento público quanto
para geração de energia. Boa parte das principais Usinas Hidrelétricas
do país está nos estados do Sul e Sudeste. Precisamos de água
para gerar energia e abastecer as casas e indústrias. Isso requer investimentos
e tem que entrar na conta para poder gerar os recursos necessários para
a proteção e recuperação desses mananciais.
Outro
destaque é a evidência de que a população pobre,
principalmente de países tropicais, como o Brasil, será a mais
afetada por situações de seca e inundação, com risco
de insegurança alimentar. Quais medidas os governos poderiam tomar para
ao menos minimizar estes impactos?
O
país precisa urgentemente de um robusto Plano Nacional de Adaptação
às Mudanças Climáticas. Com ele identificaremos e mapearemos
as maiores vulnerabilidades do país, e definiremos as melhores estratégias
para nos adaptarmos ao novo cenário, diminuindo os impactos sociais,
econômicos e ambientais. Precisamos retirar a população
das áreas de risco, exatamente o oposto do que foi feito com a flexibilização
da legislação ambiental e descaracterização do Código
Florestal, nesse primeiro mandato da Presidente Dilma. As comunidades mais pobres
são as que sofrerão mais com a destruição das áreas
naturais e os impactos aos serviços ecossistêmicos. Não
apenas suas casas ou plantações, mas o modo de vida dessas pessoas
está sendo e será cada vez mais afetado pelas mudanças
climáticas.
Desde 2007 tem um Projeto de Lei no Congresso Nacional sobre a Política
Nacional de Serviços Ambientais (PL 792/2007). É um tema essencial
para quem vive na e da terra, e garante a conservação desses serviços
que são essenciais para toda a sociedade. É preciso mais agilidade,
vontade política, e também a coragem de lutar por um patrimônio
inestimável dos brasileiros e que está sendo dilapidado para o
benefício de poucos e para o prejuízo de toda a população.
O relatório também alerta sobre
possíveis danos à produção de alimentos. Como estes
dados refletem no caso brasileiro e o que pode ser feito para reduzir as consequências
negativas?
Esse é outro ponto intimamente ligado com o Plano Nacional
de Adaptação às Mudanças Climáticas e com
a Política Nacional de Serviços Ambientais que precisamos instituir.
O Brasil tem um papel muito relevante na produção global de alimentos,
e um potencial enorme para ocupar uma posição ainda mais estratégica.
Mas isso precisa ser feito com planejamento e responsabilidade, mantendo e restaurando
os serviços ambientais essenciais para a produção agropecuária
e para a qualidade de vida de toda a população.
É preciso conhecer as áreas e as culturas agrícolas mais
vulneráveis, e investir em pesquisa e adaptação. Isso tem
que ser um projeto de país, gerando novos empregos, novos negócios,
e oportunidades que serão essenciais para a economia e a sociedade do
futuro. Agropecuária e serviços ecossistêmicos andam de
mãos dadas e vão beneficiar toda a sociedade com esse casamento.
O aumento das temperaturas piorará a qualidade
do ar. Qual é a influência que esta estimativa tem nas cidades,
visto que até 2030 dois terços da população global
viverá em grandes centros urbanos?
As mudanças climáticas aumentarão a frequência
e a intensidade do de dias quentes e secos, aumentando o risco de incêndios,
prejudicando a qualidade do ar especialmente nas grandes cidades. Nessas áreas,
inclusive, fenômeno da inversão térmica – que dificulta
a dispersão de poluentes gerados em grandes centros urbanos no inverno
– deverá ser mais recorrente.
Nas grandes cidades, e até nas pequenas e médias, há a
formação de ilhas de calor, agravando a sensação
e o desconforto devido à elevação da temperatura e à
redução da umidade relativa do ar, aumentando a frequência
e intensidade de grandes tempestades em áreas urbanas, e agravando as
ondas de calor (canículas) com consequências sobre o aumento da
mortalidade de idosos e doentes que apresentem redução em sua
capacidade de termorregulação corpórea e de percepção
da necessidade corpórea de hidratação (idosos e pacientes
com doenças mentais ou de mobilidade). Mais informações
aqui.
Qual
é a sua visão geral sobre o relatório? O que a humanidade
aprende com esta avaliação?
A
grande importância desse relatório é mostrar os impactos
que já estamos sofrendo. O problema não é ficção
científica. Precisamos conhecer muito bem os nossos pontos fracos (vulnerabilidades),
para estabelecer e implementar rapidamente as estratégias mais adequadas
para reduzir os custos sociais, econômicos e ambientais.
O relatório “Mudanças Climáticas 2014: Impactos,
adaptação e vulnerabilidade”, divulgado ontem, 31, fala
sobre os impactos que já estão sendo sentidos, e as previsões
do que virá até o final desse século (2100). Como nos quatro
anteriores, lançados nas últimas duas décadas, este documento
aponta que as populações mais podres são as mais vulneráveis
às mudanças climáticas, principalmente as que habitam e
dependem dos recursos das áreas costeiras – que sofrerão
com o aumento do nível dos oceanos – ou as que vivem e dependem
de atividades agropecuárias e extrativistas nas regiões semiáridas
– que sofrerão com altas temperaturas e secas, ou ainda as que
vivem em regiões vulneráveis a enchentes e deslizamentos devido
a maior intensidade e concentração das chuvas. Esses impactos
também prejudicam diretamente os ecossistemas, as plantas e os animais,
afetados pela mudança do clima e também pela ação
humana decorrente dessas mudanças de clima (migrações humanas
para áreas menos impactadas gerando desmatamentos, poluição,
caça etc.).
Esses e outros problemas têm sido vistos no Brasil e no mundo com cada
vez mais frequência e intensidade. Agora mesmo tivemos um verão
atípico no sul e sudeste, com pouquíssima chuva no período
do ano que mais chove na região, e excesso de chuva em parte da região
norte. Nos últimos anos o Brasil sofreu com enchentes e deslizamentos
em regiões serranas do sul e sudeste, e até mesmo no nordeste
que geralmente sofre com falta de água, e secas em regiões que
tradicionalmente não vivem esse problema, como na Amazônia e no
sul.
Algo
a acrescentar?
As
mudanças climáticas são um dos maiores problemas da humanidade.
Ela afeta a todos, em qualquer lugar do planeta, independe do quanto cada cidadão,
comunidade ou nação, contribui para o problema. A solução
precisa ser conjunta, e pode gerar novas oportunidades, tecnologias, empregos,
e negócios. Precisamos agir o quanto antes fizermos isso menor será
o custo, e maior será o potencial de benefícios advindos de uma
sociedade descarbonizada e mais sustentável.
01.04.14.
[Topo]
IPCC:
Dez pontos para você entender as discussões sobre clima
O Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na
sigla em inglês) divulga nesta sexta-feira (27) em Estocolmo, na Suécia,
um novo relatório no qual pretende estabelecer, com o maior grau de certeza
já obtido, o papel das atividades humanas nas mudanças climáticas.
Para
ajudar a entender melhor o tema, a BBC preparou uma lista com dez perguntas
e respostas sobre a questão:
O
que é mudança climática?
O clima do planeta está mudando constantemente ao longo do tempo geológico.
A temperatura média global hoje é de cerca de 15ºC, mas as
evidências geológicas sugerem que ela já foi muito maior
ou muito menor em outras épocas.
Entretanto, o atual período de aquecimento está ocorrendo de maneira
mais rápida do que em muitas ocasiões no passado. Os cientistas
estão preocupados de que a flutuação natural, ou variabilidade,
está dando lugar a um aquecimento rápido induzido pela ação
humana, com sérias consequências para a estabilidade do clima no
planeta.
O que é 'efeito estufa'?
O efeito estufa se refere à maneira como a atmosfera da Terra
"prende" parte da energia do Sol. A energia solar irradiada de volta
da superfície da Terra para o espaço é absorvida por gases
atmosféricos e reemitida em todas as direções.
A energia que irradia de volta para o planeta aquece tanto a baixa atmosfera
quanto a superfície da Terra. Sem esse efeito, a Terra seria 30ºC
mais fria, deixando as condições no planeta hostis para a vida.
Os cientistas acreditam que estamos contribuindo para o efeito natural de estufa
com gases emitidos pela indústria e pela agricultura, absorvendo mais
energia e aumentando a temperatura.
O mais importante desses gases no efeito estufa natural é o vapor de
água, mas suas concentrações mostram pouca mudança.
Outros gases do efeito estufa incluem dióxido de carbono, metano e óxido
nitroso, que são liberados pela queima de combustíveis fósseis.
O desmatamento contribui para seu aumento ao eliminar florestas que absorvem
carbono.
Desde o início da revolução industrial, em 1750, os níveis
de dióxido de carbono (CO2) aumentaram mais de 30%, e os níveis
de metano cresceram mais de 140%. A concentração de CO2 na atmosfera
é agora maior do que em qualquer momento nos últimos 800 mil anos.
Qual é a evidência sobre o aquecimento?
Os
registros de temperatura, a partir do fim do século 19, mostram que a
temperatura média da superfície da Terra aumentou cerca de 0,8ºC
nos últimos cem anos. Cerca de 0,6ºC desse aquecimento ocorreu nas
últimas três décadas.
Dados
de satélites mostram um aumento médio nos níveis do mar
de cerca de 3 milímetros por ano nas últimas décadas. Uma
grande proporção da mudança nos níveis do mar se
deve à expansão dos oceanos pelo aquecimento. Mas o derretimento
das geleiras de montanhas e das camadas de gelo polar também contribuem
para isso.
A
maioria das geleiras nas regiões temperadas do mundo e na Península
Antártica estão encolhendo. Desde 1979, registros de satélites
mostram um declínio dramático na extensão do gelo no Ártico,
a uma taxa anual de 4% por década. Em 2012, a extensão de gelo
alcançou o menor nível já registrado, cerca de 50% menor
do que a média do período entre 1979 e 2000.
O
manto de gelo da Groenlândia verificou um derretimento recorde nos últimos
anos. Se a camada inteira, de 2,8 milhões de quilômetros cúbicos,
derretesse, haveria um aumento de 6 metros nos níveis dos mares.
Dados
de satélites mostram que a capa de gelo do oeste da Antártica
também está perdendo massa, e um estudo recente indicou que o
leste da Antártica, que não havia mostrado tendências claras
de aquecimento ou resfriamento, também pode ter começado a perder
massa nos últimos anos. Mas os cientistas não esperam mudanças
dramáticas. Em alguns lugares, a massa de gelo pode aumentar, na verdade,
com as temperaturas em alta provocando mais tempestades de neve.
Os
efeitos de uma mudança climática também podem ser vistos
na vegetação e nos animais terrestres. Isso inclui também
o florescimento e frutificação precoces em plantas e mudanças
nas áreas ocupadas pelos animais terrestres.
Há
uma pausa no aquecimento?
Alguns
especialistas argumentam que desde 1998 não houve um aquecimento global
significativo, apesar do aumento contínuo nos níveis de emissão
de CO2. Os cientistas tentam explicar isso de várias formas.
Isso
inclui: variações na emissão de energia pelo Sol, um declínio
no vapor de água atmosférico e uma maior absorção
de calor pelos oceanos. Mas até agora, não há um consenso
geral sobre o mecanismo preciso por trás dessa pausa.
Céticos
destacam essa pausa como um exemplo da falibilidade das previsões baseadas
em modelos climáticos computadorizados. Por outro lado, os cientistas
do clima observam que o hiato no aquecimento ocorre em apenas um dos componentes
do sistema climático - a média global da temperatura da superfície
-, e que outros indicadores, como o derretimento do gelo e as mudanças
na fauna e na flora demonstram que a Terra continua a se aquecer.
Quanto
as temperaturas vão aumentar no futuro?
Em
seu relatório de 2007, o IPCC previu um aumento da temperatura global
entre 1,8ºC e 4ºC até 2100.
Mesmo
que as emissões de gases do efeito estufa caiam dramaticamente, os cientistas
dizem que os efeitos continuarão, porque partes do sistema climático,
particularmente os grandes corpos de água e gelo, podem levar centenas
de anos para responder a mudanças na temperatura. Também leva
décadas para que os gases do efeito estufa sejam removidos da atmosfera.
Quais
serão os impactos disso?
A
escala do impacto potencial é incerto. As mudanças podem levar
à escassez de água potável, trazer mudanças grandes
nas condições para a produção de alimentos e aumentar
o número de mortes por inundações, tempestades, ondas de
calor e secas.
Os cientistas preveem mais chuvas em geral, mas dizem que o risco de seca em
áreas não costeiras deverá aumentar durante os verões
mais quentes. Mais inundações são esperadas por causa de
tempestades e do aumento do nível do mar. Deverá haver, porém,
muitas variações regionais nesse padrão.
Os
países mais pobres, que estão menos capacitados para lidar com
a mudança rápida, deverão sofrer mais.
A
extinção de plantas e animais está prevista, por conta
de mudanças nos habitats mais rápidas do que a capacidade de adaptação
das espécies à estas. A OMS (Organização Mundial
da Saúde) advertiu que a saúde de milhões de pessoas pode
ser ameaçada por aumentos nos casos de malária, doenças
transmitidas pela água e má nutrição.
O
aumento na absorção de CO2 pelos oceanos pode levá-los
a se tornar mais ácidos. Esse processo de acidificação
em andamento poderia provocar grandes problemas para os recifes de corais, já
que as mudanças químicas impedem os corais de formar um esqueleto
calcificado, que é essencial para sua sobrevivência.
O
que não sabemos?
Os
modelos computadorizados são usados para estudar a dinâmica do
clima na Terra e fazer projeções sobre futuras mudanças
de temperatura. Mas esses modelos climáticos diferem sobre a "sensibilidade
climática" - a quantidade de aquecimento ou esfriamento que ocorre
por conta de um fator específico, como a elevação ou a
queda na concentração de CO2.
Os
modelos também diferem na forma como expressam feedback climático.
O
aquecimento global deverá provocar algumas mudanças com probabilidade
de criar mais aquecimento, como a emissão de grandes quantidades de gases
do efeito estufa com o derretimento do permafrost (gelo eterno da superfície
da Terra). Isso é conhecido como feedback climático positivo (no
sentido de adicionar calor).
Mas
também existem os feedbacks negativos, que compensam o aquecimento. Por
exemplo, os oceanos e a terra absorvem CO2 como parte do ciclo do carbono. A
questão é saber qual o resultado final da soma dessas variáveis.
As
inundações vão me atingir?
Detalhes
vazados do relatório a ser apresentado nesta semana indicam que no pior
cenário traçado pelo IPCC, com o maior nível de emissões
de dióxido de carbono, os níveis dos mares no ano 2100 poderiam
subir até 97 centímetros.
Alguns
cientistas criticam os modelos usados pelo IPCC para calcular esse aumento.
Usando o que é chamado de modelo semiempírico, as projeções
para o aumento do nível do mar podem chegar a 2 metros. Nessas condições,
187 milhões de pessoas a mais no mundo sofreriam com inundações.
Mas
o IPCC deve dizer que não há consenso sobre o enfoque semiempírico
e manterá o dado pouco inferior a 1 metro.
O
que vai acontecer com os ursos polares?
O
estado dos polos Norte e Sul tem sido uma preocupação crescente
para a ciência, conforme os efeitos do aquecimento global se tornam mais
intensos nessas regiões.
Em
2007, o IPCC disse que as temperaturas no Ártico aumentaram quase duas
vezes mais que a média global nos últimos cem anos. O relatório
destacou que a região pode ter uma grande variação, com
um período quente observado entre 1925 e 1945.
Nos
rascunhos do relatório desta semana, os cientistas dizem que há
uma evidência maior de que as camadas de gelo e as geleiras estão
perdendo massa e que a camada de gelo está diminuindo no Ártico.
Em
relação à Groenlândia, que por si só tem a
capacidade de aumentar os níveis globais dos mares em 6 metros, o painel
diz estar 90% certo de que a velocidade da perda de gelo entre 1992 e 2001 aumentou
seis vezes no período entre 2002 e 2011.
Enquanto
a extensão média do gelo no Ártico caiu cerca de 4% por
década desde 1979, o gelo na Antártica aumentou até 1,8%
por década no mesmo período.
Para
o futuro, as previsões são bastante dramáticas. No pior
cenário traçado pelo IPCC, um Ártico sem gelo no verão
é provável até o meio deste século.
E
a perspectiva para os ursos polares e para outras espécies que vivem
nesse ambiente não é bom, segundo disse à BBC o professor
Shang-Ping Xie, do Instituto de Oceanografia da Universidade da Califórnia
em San Diego.
"Haverá
bolsões de gelo marítimo em alguns mares marginais. Esperamos
que os ursos polares sejam capazes de sobreviver no verão nesses bolsões
de gelo remanescentes", disse.
Qual
a credibilidade do IPCC?
A
escala global do envolvimento científico com o IPCC dá uma ideia
do peso dado ao painel. Dividido em três grupos de trabalho que analisam
a ciência física, os impactos e as opções para limitar
as mudanças climáticas, o painel envolve milhares de cientistas
de todo o mundo.
O relatório a ser apresentado em Estocolmo tem 209 autores coordenadores
e 50 revisões de editores de 39 países diferentes.
O
documento é baseado em cerca de 9.000 estudos científicos e 50
mil comentários de especialistas. Mas em meio a esse conjunto enorme
de dados, as coisas podem não sair como o esperado.
No
último relatório, publicado em 2007, houve um punhado de erros
que ganharam grande projeção, entre eles a afirmação
de que as geleiras do Himalaia desapareceriam até 2035. Também
houve erro na projeção da porcentagem do território da
Holanda que ficaria sob o nível do mar.
O
IPCC admitiu os erros e explicou que em um relatório de 3 mil páginas
é sempre possível que haja alguns pequenos erros. A afirmação
sobre o Himalaia veio da inclusão de uma entrevista que havia sido publicada
pela revista New Scientist.
Em
2009, uma revisão da forma como o IPCC analisa as informações
sugeriu que o painel seja mais claro no futuro sobre as fontes de informação
usadas.
O
painel também teve a reputação manchada pela associação
com o escândalo provocado pelo vazamento de e-mails trocados entre cientistas
que trabalhavam para o IPCC, em 2009.
As
mensagens pareciam mostrar algum grau de conluio entre os pesquisadores para
fazer com que os dados climáticos se encaixassem mais claramente na teoria
das mudanças climáticas induzidas pelo homem.
Porém
ao menos três pesquisas não encontraram evidências para apoiar
essa conclusão. Mas o efeito final desses eventos sobre o painel foi
o de torná-lo mais cauteloso.
Apesar
de o novo relatório possivelmente enfatizar uma certeza maior entre os
cientistas de que as atividades humanas estão provocando o aquecimento
climático, em termos de escala, níveis e impactos a palavra "incerteza"
deverá aparecer com bastante frequência.
Fonte: BBC 27.09.13
[Topo]
Aquecimento
global piora a brecha hídrica
Stephen Leahy
UXBRIDGE,
Canadá, 1º de julho de 2013, (IPS) - (Tierramérica).- Cientistas
australianos, que usaram pela primeira vez observações de mais
de oito mil estações meteorológicas de todo o mundo, confirmam
que o aumento das temperaturas potencializará a intensidade e ocorrência
de chuvas catastróficas.
Crédito:
Peter Richards/IPS
A atualização de dados estatísticos sobre chuvas ajudará
a evitar ou mitigar os danos de inundações como as que tantas
vezes sofreu Puerto Espanha.
Com um aquecimento inferior a um grau, as chuvas extremas já aumentaram
15% nas regiões tropicais, e sua quantidade e intensidade poderá
aumentar entre 30% e 60% nas próximas décadas, afirma um novo
estudo. Se a temperatura do planeta subir dois ou três graus, como se
prevê, as regiões tropicais da América Latina experimentarão
com regularidade inundações catastróficas, disse ao Terramérica
o pesquisador Seth Westra, da Universidade de Adelaide, na Austrália.
"O
vínculo entre mudança climática e chuvas extremas está
claramente estabelecido", afirmou Westra, principal autor do estudo Global
Increasing Trends in Annual Maximum Daily Precipitation (Tendências Mundiais
de Aumento nas Precipitações Diárias Máximas Anuais),
publicado em junho no Journal of Climate. Esta é a primeira pesquisa
que usa observações de 8.326 estações meteorológicas
de todo o mundo para determinar que a intensidade das chuvas mais extremas aumenta
juntamente com as temperaturas.
E
a intensidade das precipitações sinaliza que estas aumentarão
15% a cada grau de aquecimento nas regiões tropicais. Se continuarem
as atuais emissões de dióxido de carbono, os cientistas calculam
que o mundo alcançará dois graus de aquecimento entre 2030 e 2040.
A
natureza pode oferecer a melhor solução para controlar o aumento
das inundações esperadas nas zonas tropicais e em outras partes
da América Latina. As florestas e os pântanos absorvem as chuvas
fortes e diminuem sua liberação corrente abaixo. "Uma infraestrutura
verde pode ser mais rentável do que os caros controles das inundações
no concreto", disse ao Terramérica o diretor de programas de conservação
para América Latina no The Nature Conservancy, Aurelio Ramos.
Fazer
com que árvores, pastagens e plantas continuem sendo parte da paisagem
é extremamente efetivo, tanto para limpar quanto para reter a água,
além de reduzir a sedimentação que obstrui vias fluviais,
o que frequentemente piora as inundações. Outros benefícios
são a melhoria da sustentabilidade e da biodiversidade e as menores emissões
de gases-estufa, acrescentou Ramos.
Monterrey,
a terceira maior cidade do México, foi severamente prejudicada em 2010
pelas inundações causadas pelo furacão Alex. O desmatamento
corrente acima do rio Santa Catarina, que atravessa essa cidade, foi uma causa
importante do seu transbordamento, que causou tantos danos, observou Ramos.
"Um estudo detalhado mostra que, com reflorestamento e umas poucas represas
pequenas corrente acima, se reduz em 20% o fluxo de água durante os eventos
extremos", pontuou, lembrando que esta infraestrutura verde seria tão
efetiva quanto uma represa grande e de custo maior.
A
bacia do Santa Catarina cobre 32 quilômetros quadrados, e a The Nature
Conservancy, junto com o Fundo para o Meio Ambiente Mundial (mais conhecido
como GEF) e outros sócios propuseram um plano de manejo que inclui 35%
dessa bacia. Para financiá-lo, os sócios, inclusive a indústria,
investiram em um inovador compromisso financeiro que chamam de "fundo de
água".
Serão
necessários cerca de US$ 35 milhões para que o Fundo de Água
de Monterrey gere juros de aproximadamente US$ 3 milhões ao ano, que
serão investidos em reflorestamento e compensação para
os donos das terras por modificarem suas práticas agrícolas ou
pecuárias. Os produtores rurais deverão reduzir o uso de fertilizantes,
criar zonas de exclusão para vegetação natural nas margens
de cursos fluviais, ou colocar barreiras para manter o gado afastado de pântanos
e áreas ribeirinhas.
Este
pagamento por serviços de ecossistema exige que os latifundiários
assinem acordos de longo prazo, alguns inclusive por até 80 anos. "Planejamos
lançar o Fundo de Água de Monterrey em setembro", indicou
Ramos. O primeiro esquema deste tipo foi o Fundo para a Proteção
da Água (Fonag) de Quito, capital do Equador, criado em 2000 mediante
os esforços da The Nature Conservancy, da Fundação Antisana
e da empresa de água local. Agora são cinco os fundos de água
no Equador.
Graças
ao êxito nesse país, o GEF, a The Nature Conservancy e o Banco
Interamericano de Desenvolvimento lançaram, em 2011, uma associação
de US$ 27 milhões para ampliar estes mecanismos. A previsão é
proteger quase três milhões de hectares de bacias em vários
países da América, entre eles Equador, Colômbia, Peru, Brasil
México e outros países. Já estão em marcha 12 fundos
deste tipo, e outros 20 deverão estar prontos até 2015, informou
Ramos, observando que "há quem entenda que a infraestrutura verde
funciona, mas encontrar o dinheiro para concretizá-la é mais difícil".
Há
importantes argumentos para que as empresas invistam na natureza com, por exemplo,
redução dos custos de purificação da água
e da necessidade de dragagem. Também se previne as alterações
e se impulsiona os ganhos para as empresas que dependem da água, garantindo
um fornecimento mais estável. E estes investimentos podem reduzir os
custos das inundações, além de ajudar a manter mais baixos
os prêmios de seguros.
A
indústria dos seguros é muito consciente dos custos da mudança
climática. Inundações, terremotos, secas e outros desastres
naturais custaram ao mundo US$ 2,5 trilhões apenas nos últimos
13 anos, superando em muito as estimativas prévias, segundo o Global
Assessment Report on Disaster Risk Reduction 2013 (Informe de Avaliação
Global sobre Redução do Risco de Desastres 2013), da Organização
das Nações Unidas (ONU).
Esse
informe indica que muitas áreas urbanas e industriais agora se localizam
em zonas propensas a catástrofes. Os governos e o setor empresarial têm
de melhorar o manejo do risco de desastres, conclui o estudo. Estimar onde está
o maior risco de inundações é difícil porque há
muitos fatores envolvidos, ressaltou Westra, e deve-se tomar uma bacia como
ponto de partida.
Cada
obra de infraestrutura construída no mundo foi realizada com base em
informação meteorológica e de inundações
nos últimos 30 a 50 anos. "Já não podemos tomar decisões
de infraestrutura baseados somente nesses dados", opinou Westra. Mas os
impactos da mudança climática se apresentam mais rapidamente do
que o previsto e antes que a ciência possa elaborar projeções
precisas sobre o impacto regional.
"Inclusive
na Austrália não incorporamos ainda o que a mudança climática
pode fazer com nossos padrões de chuvas nos próximos 50 a cem
anos", disse Westra. Seu estudo constitui uma confirmação
do que a ciência climática vem dizendo desde a década de
1990. "Na medida em que o clima esquenta, os países ricos em água
se tornam mais ricos e os pobres ficam mais pobres", resumiu. (FIN/2013)
[Topo]
A COP-15 – Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, realizada de 7 a 18 de dezembro de 2009, em Copenhague (Dinamarca) foi vista com expectativas em todo o mundo, tanto por governos quanto por empresas e organizações não governamentais e demais interessados nas informações sobre o clima do planeta. No entanto, apergunta ainda permanece: Como o mundo vai resolver a ameaça do aquecimento global à sobrevivência da civilização humana. De acordo com o 4º relatório do IPCC – Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas, órgão que reúne os mais renomados cientistas especializados em clima do mundo, – publicado em 2007, a temperatura da Terra não pode aumentar mais do que 2º C, em relação à era pré-industrial, até o final deste século, ou as alterações climáticas sairão completamente do controle. Para frear o avanço da temperatura, é necessário reduzir a concentração de gases de efeito estufa na atmosfera, já que são eles os responsáveis por reter mais calor na superfície terrestre. O ideal é que a quantidade de carbono não ultrapassasse os 350ppm, no entanto, já estamos em 387ppm e esse número cresce 2ppm por ano. Este é o principal tema da COP-15. Diminuir a emissão de gases de efeito estufa implica modificações profundas no modelo de desenvolvimento econômico e social de cada país, com a redução do uso de combustíveis fósseis, a opção por matrizes energéticas mais limpas e renováveis, o fim do desmatamento e da devastação florestal e a mudança de nossos hábitos de consumo e estilos de vida. Por isso, até agora, os governos têm se mostrado bem menos dispostos a reduzir suas emissões de carbono do que deveriam. No entanto, se os países não
se comprometerem a mudar de atitude, o cenário pode ser desesperador.
Correremos um sério risco de ver: O que os países deverão negociar? A definição de como os países responsáveis pela manutenção das florestas em pé podem vir a ser recompensados (por aqueles que mais desmatam) também deverá estar em pauta. Ao mantê-las protegidas, essas nações evitam a emissão dos gases poluentes. Nesse sentido, as tendências dão conta da criação de um fundo internacional alimentado por contribuições voluntárias. Outra alternativa é a geração de créditos de carbono para serem negociados no mercado. Obrigação e voluntários Como o Protocolo de Kyoto, estabelecido em 1997, determinou metas obrigatórias de 5% de redução das emissões de gases de efeito estufa para a União Européia e mais 37 países industrializados (de 2008 a 2012), as nações em desenvolvimento, como Brasil, China e Índia não foram obrigadas a reduzir os poluentes que emitem. No entanto, seus representantes deverão ser cobrados a firmarem compromissos significativos em âmbito nacional, durante a COP-15. [Topo]
|
BH
sediará lançamento de campanha contra aquecimento global Cientistas, lideranças ambientais e empresariais
do Brasil e do exterior se reunirão no início do próximo
mês, em Belo Horizonte, para uma conferência preparatória
que visa o lançamento de uma campanha mundial pela antecipação
de metas para frear o avanço do aquecimento global. Entre as
metas está a redução em até 80% da emissão
de CO2 até 2050. O prazo é considerado muito longo. Os
cientistas calculam que mesmo com o cumprimento dos objetivos nesse
período, a temperatura média mundial poderá subir
4 graus, o que seria um ameaça geral ao ecossistema. A intenção
é que o prazo seja antecipado para 2020.
A primeira conferência "2020 Climate Leadership Campaign" acontecerá na capital mineira entre os dias 4 e 7 de agosto. O evento é organizado pela organização ambiental State of the World Forum (SWF), cujo presidente, Jim Garrison, se reuniu hoje (23) com o governador de Minas, Aécio Neves (PSDB), no Palácio Mangabeiras. "Isso significa um esforço muito maior do que aquele que estava sendo pretendido. A ideia central é assinalar a urgência das medidas que precisam ser adotadas no plano internacional com relação ao aquecimento global e as mudanças de clima", disse o secretário de Estado de Meio Ambiente, José Carlos Carvalho, que também participou do encontro. De acordo com os organizadores, as mensagens e ações definidas na conferência mineira serão "refinadas" durante um encontro em Washington, em fevereiro de 2010. O Brasil deverá ser apontado como um dos líderes globais da campanha contra o aquecimento global. Apesar de demandar decisões governamentais, a proposta é focar principalmente nas pessoas, estimulando o conceito de "líderes climáticos". ae
- Diário do Sul - 23.07.09 |
Cientistas
discutem as causas do aquecimento global na 61ª Reunião da
SBPC Independente da posição de cada pesquisador, no entanto, é consenso que a preservação do ambiente é fundamental. “Conservação ambiental é uma necessidade, independente se o clima vai aquecer ou esfriar”, afirma Luiz Carlos B. Molion, físico da Universidade Federal de Alagoas (UFAL). Metano, óxido nitroso e gás carbônico são os principais gases responsáveis pelo efeito estufa e, segundo o pesquisador Paulo Artaxo, do Instituto de Física da Universidade de São Paulo (USP), as suas concentrações vêm aumentado consideravelmente devido à ação humana. “Nos últimos 150 anos, concentrações muito mais elevadas [de carbono na atmosfera terrestre] foram encontradas, devido à queima de combustíveis fosseis”, diz Artaxo. Segundo o pesquisador, os aumentos observados no gás carbônico atmosférico refletem a atividade humana a partir da Revolução Industrial. “Para qualquer região do globo, você só explica os valores observados de temperatura se você levar em conta a ação do homem, o que mostra que muito provavelmente o homem é responsável por esta alteração“, diz Artaxo. “O importante é entender que sempre que as concentrações de dióxido de carbono [na atmosfera terrestre] sobem, a temperatura também sobe. As duas questões estão intrinsecamente ligadas”, argumenta. Controvérsias Os
dados apresentados pelo último relatório do IPCC, no entanto,
não são tão claros para alguns pesquisadores. Molion,
por exemplo questiona se o gás carbônico realmente é
o culpado pelo aquecimento – o que implica na responsabilidade da
humanidade no processo de aquecimento global. Para ele, os gases atmosféricos
não comandam a temperatura global. “O aumento de CO 2 na
atmosfera é resultante do aumento de temperatura”, afirma.
“Tem muitas outras coisas que podem interferir nos números
[do aquecimento]”, defende. Para Carlos Nobre, pesquisador sênior do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), as catástrofes climáticas são, de fato, decorrentes da variabilidade natural. No entanto, o aquecimento global tende a acelerar ainda mais as catástrofes naturais. “Nenhum bom físico atmosférico duvida da existência do efeito estufa. Se não houvesse esses gases na atmosfera, nós estaríamos completamente congelados”, diz Nobre. Segundo o pesquisador, são os gases atmosféricos, principalmente o vapor d´água e o gás carbônico, que mantém e evitam mudanças mais bruscas na temperatura terrestre. E, se as concentrações desses gases aumentam, a temperatura sobe. Como, quando, onde, em que velocidade e em que proporção isso vai ocorrer é mais complicado dizer, segundo o pesquisador. Nobre
lembrou também que a Amazônia é muito importante como
fator de estabilização climática planetária
porque é um enorme reservatório de carbono acima do solo.
Segundo o pesquisador, as chuvas na Amazônia são a principal
forma que a natureza encontrou para colocar energia solar na atmosfera
e gerar todas as circulações atmosféricas que nós
temos no planeta. “Perturbações dessas chuvas também
podem perturbar o clima em diversas partes do planeta”, afirma.
Cerca de 1,6 bilhões de toneladas de carbono presente na atmosfera
vem do desmatamento tropical. “Nossa maior contribuição
[para a diminuição do aquecimento global] é a redução
do desmatamento”, afirma. |
Cousteau defende ações urgentes para frear efeitos do aquecimento global O oceanógrafo Jean-Michel Cousteau defende medidas urgentes para desacelerar os processos decorrentes do aquecimento global, entre os quais, o aumento da temperatura dos oceanos e seu consequente avanço sobre o continente. Em entrevista durante a 1ª Conferência Hemisférica de Proteção Ambiental Portuária, nesta quarta-feira (22) em Foz do Iguaçu, o ambientalista salientou a importância da educação ambiental como uma das formas de salvar o planeta. “Nós temos as ferramentas para por em prática medidas que possam corrigir todos os erros cometidos no passado”, afirmou Jean-Michel referindo-se ao processo de degradação ocorrido nas últimas décadas. “Se pararmos de cometer os erros que estamos cometendo, as mudanças no meio ambiente diminuirão seu ritmo e correrão em seu ritmo normal”. Jean-Michel estima que, dentro de duas ou três décadas, o aumento do nível do mar obrigará a desocupação das regiões costeiras no mundo inteiro. “Quantas milhões de pessoas que terão que se mudar das cidades litorâneas e quantos bilhões em recursos serão necessários para mudar toda a infraestrutura (o que inclui os portos) hoje existente?”, pontuou. Para o pesquisador, que já percorreu vários países com o trabalho da Ocean Futures Society (organização não-governamental ambientalista), todos os oceanos e rios do Planeta devem ser tratados como um sistema hídrico único, já que qualquer dano ambiental em um determinado ecossistema terá efeito sobre os demais. “O derretimento do gelo da Cordilheira dos Andes contribui com a formação do Rio Amazonas, que responde por 20% de toda água doce do mundo”, exemplificou Jean-Michel. Jean-Michel enfatizou que os mares precisam de um cuidado especial. “Estamos usando o oceano como uma lata de lixo. Não é um problema apenas do Brasil. É um problema mundial. E isso tem que mudar. Para isso, é preciso educação. Precisamos educar as nossas crianças, mas também formadores de opinião, políticos e os responsáveis por tomar decisões.” Jean-Michel Cousteau, filho do célebre oceanógrafo Jacques Cousteau fará palestra magna na 1ª Convenção Hemisférica de Proteção Ambiental Portuária, em Foz do Iguaçu, na noite desta quarta-feira. ae
- 22.07.09 |
Aquecimento
global mata 315.000 pessoas ao ano O aquecimento global já é responsável
pela morte de 315.000 pessoas por ano.
De acordo com um relatório divulgado nesta sexta-feira pelo Fórum Humanitário Global, grupo liderado pelo ex-secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU) Kofi Annan, as mortes provocadas pelas mudanças climáticas são decorrentes de fatores como a fome, doenças e desastres naturais. O
relatório diz ainda que o número de mortes deve subir para
500.000 até 2030. A publicação da pesquisa, que conta com o apoio de vários institutos e agências internacionais, faz parte de uma estratégia que busca "pressionar" os governos para alcançar um acordo na Cúpula Mundial do Clima, que será realizada em dezembro, em Copenhague, na Dinamarca. Annan lamentou que a crise econômica tenha relegado a luta contra a mudança climática a um segundo plano. "A mudança climática não vai esperar", afirmou. O estudo foi elaborado a partir da análise de informações públicas sobre desastres naturais. Para o ex-secretario da ONU, o problema do aquecimento também representa uma ameaça à saúde, à produção de alimentos e à segurança no mundo. O relatório indica que as consequências mais graves do aquecimento global afetam, sobretudo, as populações de países pobres - 99% das pessoas que morrem em razão das consequências da mudança climática estão em países em desenvolvimento. Esses países, porém, emitem apenas 1% do CO2 que polui a atmosfera terrestre. Nos próximos 20 anos, o número de pessoas que sofrem de fome crônica deverá saltar de 45 milhões para 90 milhões. Ao mesmo tempo, é esperada uma redução na produção de alimentos e elevação dos preços em cerca de 20%. As áreas mais afetadas serão o Saara, o Oriente Médio, a Ásia Central, a África Subsaariana, o sul e sudeste da Ásia, a América Latina, partes dos Estados Unidos, países localizados em pequenas ilhas e a região do Ártico. A Austrália deve ser o país que mais sofrerá com os efeitos negativos do clima. Nos últimos 15 anos, o aumento de temperatura e a diminuição de chuvas causaram sua pior seca já registrada. Veja/Reuters
29.05.09 |
Mar
subirá 1,80 m até 2100, diz estudo Medições feitas por francesa comprovam que velocidade do fenômeno -alimentado pelo aquecimento global-aumentou para o dobro A velocidade
com que o nível do mar está subindo agora é quase
o dobro daquela verificada no século 20. Já se sabia que
o fenômeno -alimentado pelo aquecimento global- era grave, mas os
dados mais recentes, coletados desde 1993, mostram que a elevação
da linha d'água até 2100 será de 1,80 metro, mais
do que o dobro da prevista pelo painel do clima da ONU. Um
metro a mais Folha
Online - 22.02.09 |
Costa Rica dá passos concretos para ser primeiro país neutro em emissão de CO2
Antes
de 2021 Costa Rica se transformará no primeiro país do mundo
neutro em emissões de dióxido carbono (CO2), como parte
da estratégia desta pequena nação centro-americana
para combater o aquecimento global. O
ministro de Ambiente e Energia da Costa Rica, Roberto Dobles, explicou
a Efe que o país já goza de uma reputação
importante no mundo como um protetor da natureza, mas que ante as ameaças
do aquecimento se devem tomar novas e imediatas ações. "Estamos em uma situação de franca deterioração que continuará até que o mundo se ponha de acordo para enfrentar o aquecimento, mas enquanto isso não podemos cruzar osbraços", manifestou Duplos. A
estratégia costa-riquenha para diminuir a zero o impacto de sua
emissão de gases de efeito estufa começa com um inventário
por regiões em todo o país, para medir quanto CO2 se está
enviando à atmosfera, detalhou o ministro. O
país já registrou a marca internacional "C-Neutro",
que servirá como um selo de garantia a instituições,
comunidades e empresas que alcancem os objetivos de reduzir a zero suas
emissões de gases de efeito estufa. Empresas como Coca Cola Interamerican, Chiquita e Dole, Cemex, Holcim, além de universidades, hotéis e locadoras de autos se uniram ao esforço. As autoridades esperam que esse entusiasmo contagie o mundo inteiro. EFE, 28.8.07 |
1)
ESTADOS UNIDOS: segundo o Greenpace este país gera 33%
do total de gases contaminantes que aumentam o aquecimento global. O
uso desmedido que faz de combustíveis fósseis (gás,
carvão e petróleo) em processos industriais, o transforma
no principal responsável. Mesmo participando de negociações,
não se incorporou ao Protocolo de Kioto (único mecanismo
para resistir a mudança climática global), já que
afetava sua economia e não exigia às nações
em vias de desenvolvimento a diminuição nos índices
de contaminação que geravam. Este país apóia
a diminuição voluntária, sem estabelecer-se metas
nem prazos.
|
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ANO DE 2007 SERÁ O MAIS QUENTE JÁ REGISTRADO, DIZEM ESPECIALISTAS
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Mudanças
no clima
Fotos comparativas mostram aterações
ambientais
O fotógrafo americano Gary Braasch reúne imagens de mudanças
ambientais desde 1999.
Alguns cientistas acreditam que o derretimento da geleira Upsala, na Argentina, é causado pelo aquecimento global. Outros teimam em insistir que ele se deve a mudanças naturais na região.
Mudança glacial
A foto em branco-e-preto à esquerda, de 1859, é da geleira do
Reno, em Valais, na Suíça, e mostra um vale coberto de gelo.
Em 2001, a geleira havia encolhido cerca de 2,5 km.
Maré
mais alta
Alguns cientistas acreditam que o aquecimento global vai provocar mais tempestades
violentas - o que, por sua vez, aumentará a erosão costeira.
Esta parte do litoral de Cabo Hatteras, no Estado americano da Carolina do Norte, foi fotografada em 1999 e 2004.
Ilhas
O Grupo Intergovernmental sobre Mudança Climática,
composto de milhares de cientistas independentes, prevê que o nível
do mar pode subir de 9 a 88 centímetros no próximo século.
Isto ameaçaria arquipélagos como o de Tuvalu, no Pacífico.
Estas imagens mostram o efeito de marés mais altas do que o normal.
Neve
Com o aumento da temperatura no planeta, regiões montanhosas podem
ter menor precipitação de neve.
Estas fotos mostram o Monte Hood, no Estado americano de Oregon, no final
do verão em 1985 e em 2002.
Insetos
Insetos
que se alimentam de árvores provavelmente vão se beneficiar
de um aumento da temperatura da Terra e se reproduzir cada vez mais.
Estas imagens mostram danos causados por insetos em árvores no Estado
americano do Alasca.
Fonte:bbc.02/2007
Imagem: Gary Braasch ©
Como as temperaturas devem aumentar no próximo século
Veja
as mudanças previstas pela ONU
Cientistas de mais de 130 países indicaram no ano de 2007 em um relatório
do IPCC (Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas, na
sigla em inglês) que é “muito possível” que
a atividade humana seja a causa das mudanças climáticas. Os
gráficos abaixo ilustram as previsões sobre como as temperaturas
do planeta devem aumentar no próximo século.
O IPCC diz que as temperaturas têm grande chance de aumentar de 1,8ºC a 4ºC até 2100. Mas há também a possibilidade de que essa variação seja de 1,1ºC a 6,4ºC. Os mapas acima mostram como três cenários de variações de temperatura podem afetar diferentes partes do planeta.
Os cenários A1B, A2 e B1, usados para criar os mapas acima, são baseados em dados econômicos e tecnológicos. Esses cenários consideram diferentes aumentos populacionais, o uso de combustíveis fósseis e alternativos e o conseqüente crescimento na emissão de CO2. Os resultados estão nos gráficos abaixo:
O dióxido de carbono é o principal gás do chamado efeito estufa e o aumento da sua emissão desde a Revolução Industrial é claro. A queima de carvão, o uso do petróleo e o desmatamento são atividades que liberam CO2 na atmosfera.
Outros dois importantes gases de efeito estufa são o metano e o óxido nitroso. Ambos estão muito menos presentes na atmosfera que o CO2, mas têm um efeito muito mais devastador e sua presença também está crescendo. O metano provoca 20 vezes mais danos que o CO2, enquanto o óxido nitroso é 300 vezes mais forte.
BBC, 13.11.07
Histórico
A
temperatura da Terra sofreu um aumento de cerca de 0,6ºC no século
passado.
A década de 90 foi a mais quente desde que os registros começaram
a ser feitos, diz o Painel Internacional sobre Mudança Climática
(IPCC, em inglês).
Cientistas dizem que as temperaturas globais médias têm variado
menos de 1ºC desde o começo da civilização.
Apesar disso, elas flutuaram muito antes dessa época.
O IPCC prevê um aumento global de temperatura entre 1,4ºC e 5,8ºC
até o ano 2100.
Nível
do mar
Acredita-se que o aumento das temperaturas provoque uma elevação
do nível do mar na medida em que o derretimento das calotas polares
leve a um aumento do volume de água dos oceanos.
O IPCC diz que o nível do mar aumentou entre 10 e 20 centímetros
no mundo todo durante o século 20.
O painel prevê uma elevação entre 9 e 88 centímetros
até 2100.
.
Camada
polar
De acordo com o IPCC, a espessura da camada de gelo do Pólo
Norte sofreu uma redução de 40% nas últimas décadas
no verão e no outono.
A cobertura gelada da terra diminuiu em 10% desde a década de 60, e
as geleiras sofreram uma retração.
.
Emissões
A maioria dos cientistas mais ortodoxos acredita que o aumento da emissão
de gases que provocam o efeito estufa - particularmente dióxido de
carbono - contribuem para o aquecimento do planeta.
Este gráfico mostra como níveis de dióxido de carbono
aumentaram com a industrialização no mundo.
Futuro
Este mapa parte do princípio de que a atual tendência de emissões
vai continuar, com crescimento econômico moderado e poucas medidas para
reduzir os gases do efeito estufa.
Ele prevê maior aumento de temperatura nas regiões polares do
norte da Terra, Índia, África e partes da América do
Sul.
Fonte: BBC – 05.02.07
Impacto Econômico do Aquecimento
Global
Relatório faz alerta sobre danos 'imensos'
do aquecimento global
O estudo afirma que enchentes e secas serão mais comuns
O relatório sobre o impacto econômico do aquecimento global apresentado
nesta segunda-feira em Londres afirma que o aquecimento pode causar o mais
profundo e extenso dano à economia mundial já visto. E, uma
vez que o estudo é solidamente fundamentado em argumentos científicos,
fica difícil discordar.
O documento foi escrito por Nicholas Stern, um renomado economista, que já
foi economista-chefe do Banco Mundial.
Stern não é um homem dado a exageros. Mesmo assim, ele diz que
“nossas ações nas próximas décadas podem
causar danos imensos à atividade econômica e social, neste século
e no próximo, com efeito similar ao que tiveram as grandes guerras
e a depressão econômica na primeira metade do século 20”.
Seu relatório indica alguns caminhos a serem seguidos para minimizar
os possíveis problemas sócio-econômicos.
O seu principal argumento é o de que gastar grandes somas de dinheiro
agora para reduzir as emissões de carbono trarão dividendos
numa escala colossal. Logo, seria completamente irracional não gastar
esse dinheiro já.
Contudo, ele alerta para o fato de que já estamos atrasados para evitar
todas as conseqüências deletérias do problema.
As perspectivas são mais sombrias para a África e para os países
em desenvolvimento, e que as nações mais ricas têm que
prover suporte financeiro e tecnológico para enfrentar o problema.
Decisões duras
Stern acredita que é viável ter como meta uma estabilização
dos níveis das emissões de carbono na atmosfera entre 500 a
550 ppm (sigla de partes por milhão, medida de concentração
de gases) de dióxido de carbono por volta do ano de 2050.
Esse valor é equivalente ao dobro da era pré-industrial e é
comparável aos 430 ppm existentes hoje. Mas mesmo assim, os efeitos
das emissões de carbono serão sentidos na mudança climática.
Para atingir esses números, as emissões de carbono por unidade
de produto interno bruto (PIB) na atmosfera precisam ser cortadas em cerca
de 75%.
Mais pobres devem ser os mais atingidos pelo aquecimento global
Além de diminuir a dependência de carbono que o setor energético
ainda tem em cerca de 60% a 70%, será necessário interromper
o processo de desflorestamento, que responde por 18% das emissões totais
– mais do que todas as emissões de transporte. E também
serão necessários cortes profundos nas emissões de transporte.
O custo de todas essas medidas deve chegar a 1% do PIB global até o
ano de 2050. Em outras palavras, o mundo será 1% mais pobre do que
poderia ser, uma cifra considerável, mas longe de ser proibitiva.
Para ser claro, o mundo não vai ficar 1% mais pobre de uma vez, mas
o crescimento global será mais lento.
O melhor modo de se olhar para esse 1% é como um investimento, porque
o preço de não se tomar medida nenhuma é incrivelmente
mais alto.
Estimativas erradas
O cenário inicial de Nicholas Stern é o modelo econômico
usado em outros estudos, onde um acréscimo de 2 a 3 graus na temperatura
levaria a uma perda de até 3% da produção global, comparado
com o que esta seria se o clima não tivesse mudado. Mas Stern diz que
essas estimativas estão erradas.
Ele acredita que uma subida de cinco a seis graus na temperatura do planeta
é uma “possibilidade real” para os próximos cem
anos.
Tendo usado probabilidade de diferentes níveis de aquecimento global
no seu modelo, o economista diz que “manter a produção
como está” levaria a uma redução permanente no
consumo per capita em cerca de 5%.
Só que essa estimativa não inclui o custo financeiro do impacto
direto na saúde humana e no meio-ambiente por parte do aquecimento
global, ou dos custos desproporcionais nas regiões pobres do mundo.
A previsão anterior também ignora os chamados “mecanismos
de resposta”, pelos quais o efeito estufa passe a ser mais intenso conforme
a temperatura se elevar.
Preço injusto
Colocando todos estes fatores juntos, Stern chega à sombria conclusão
de que se nada for feito para se combater a mudança de clima, a redução
de consumo por pessoa pode chegar a 20%.
Em outras palavras: todas as pessoas do mundo teriam 1/5 a menos do que teriam
tido sem a questão climática.
Pior ainda, diz Stern, é o fato de que nem as conseqüências
do problema seria divididas igualmente, mas os países pobres seriam
os mais afetados.
Logo, a saída mais lógica, segundo Stern é: gaste 1%
do PIB mundial hoje para ser 20% mais rico no futuro. É simples assim.
Há uma outra maneira de se apresentar essa relação custo-benefício.
Stern diz que se você pegar, em valores de hoje, os benefícios
de se estabilizar o “efeito estufa” até 2050, e tirar os
gastos, você ainda acaba com um “lucro” de US$ 2.5 trilhões
(R$ 5.34 trilhões, aproximadamente).
Olhando pelo aspecto econômico, o combate imediato do aquecimento global
parece um excelente negócio.
Obstáculos
Para Stern, corte nas emissões de carbono teriam de ser de 75%
Dito isso, há grandes obstáculos para colher esses dividendos.
Um problema óbvio é o de que requer uma ação coordenada
e coletiva de todos os governos do mundo – e chegar aos consensos necessários
pode não ser assim tão fácil.
Para ser imparcial, Stern diz que os países ricos deverão assumir
entre 60% e 80% da redução de emissões de carbono entre
1990 e 2050. Mas ainda que se chegue a um acordo sobre isso, qual a melhor
maneira de corrigir o imenso rombo econômico que está nos levando
para um caminho de pobreza? Como começaríamos a pagar um preço
pelas emissões de carbono que realmente reflita com precisão
os custos econômicos e sociais ou um preço que inclua o valor
de uma mudança no clima que acontecerá no futuro?
Segundo Stern, há duas alternativas:
A primeira é por meio da cobrança de um imposto. A outra, por
meio de um racionamento das emissões de carbono que todo negócio
terá – individual ou não – criando um mercado global.
Essa medida permitiria que aqueles que quisessem fazer mais emissões
do que o permitido pudessem comprar esse direito – e os que fossem emitir
menos, de vender.
Outro fator fundamental é o de fazer com que os governos passem a encorajar
pesquisa e desenvolvimento de tecnologias “limpas”. Este encorajamento
viria através de legislações – como a imposição
de padrões mais rigorosos para consumo de energia – ou educação.
Problemas adiante
Podemos nos preparar para uma série de choques causados pelos efeitos
da mudança de clima – porque eles parecem inevitáveis.
Provavelmente ocorrerão mais secas e enchentes, um número maior
de tempestades é esperado e há um risco de aumento da fome em
regiões mais pobres, e assim, seria uma boa idéia monitorar
melhor as condições climáticas ou então, nos adaptar
para este novo mundo.
Isso significaria reforçar as estruturas dos edifícios para
que eles agüentem condições climáticas mais extremas,
investir em novos diques e dar suporte aos mercados financeiros para viabilizar
novas apólices de seguro contra desastres ligados ao clima.
Tudo isso será muito caro – especialmente para os países
pobres. Logo, diz Stern – e é difícil discordar –
há uma obrigação moral por parte dos países ricos
em ajudar os pobres a se proteger.
Nicholas Stern - 02/2007
Brasil
fica em 8º em ranking sobre mudanças do clima
Recusa brasileira em discutir metas para desmatamento irrita ONGs
O Brasil ficou em oitavo lugar num ranking de 56 países que mede o
desempenho deles em relação aos desafios das mudanças
climáticas.
O ranking, organizado pela entidade alemã Germanwatch e pelo grupo
de ONGs Rede de Ação sobre o Clima – Europa (CAN-E, na
sigla em inglês), foi divulgado nesta segunda-feira em Nairóbi,
no Quênia, durante a Conferência da ONU sobre Mudanças
Climáticas.
Brasil subiu uma posição em relação ao ranking
do ano passado, o único que havia sido feito até então.
No entanto, a comparação entre as posições no
ranking pode ser enganosa, porque o número de países avaliados
aumentou de 53 para 56 entre um ano e outro.
O desempenho do Brasil é irregular entre as áreas abordadas
na composição do ranking. O país foi muito bem avaliado
no critério de emissões de gases do efeito estufa: o Brasil
produz relativamente pouco deles porque tem uma base energética limpa
(principalmente hidrelétricas) e a tendência é de pouco
aumento no futuro.
Por outro lado, o país ficou entre os cinco países com políticas
públicas apontadas como mais negativas pela entidade em relação
às mudanças climáticas.
Como as políticas públicas têm um peso de apenas 20% no
cômputo geral do ranking, o Brasil conseguiu manter sua posição
entre os dez países com melhor desempenho, embora ficando atrás,
por exemplo, da Argentina (7º lugar) - que emite relativamente mais gases
do que o Brasil, mas tem políticas públicas consideradas mais
positivas.
“Na área de políticas públicas, tanto em questões
domésticas como nas negociações internacionais, o Brasil
poderia estar bem melhor se fosse uma força mais progressista em relação
às negociações de mudanças climáticas.
Podemos dizer que é basicamente culpa do governo brasileiro que o país
não esteja bem nesta avaliação”, disse diretor
da CAN-E, Matthias Duwe.
Brasil
A delegação brasileira em Nairóbi não quis comentar
o ranking divulgado pelas ONGs.
Os dez melhores
1. Suécia
2. Grã-Bretanha
3. Dinamarca
4. Malta
5. Alemanha
6. Argentina
7. Hungria
8. Brasil
9. Índia
10. Suíça
Fonte: Germanwatch e Rede de Ação sobre o Clima – Europa
(CAN-E)
O Brasil já havia sido criticado na semana passada por ser –
na visão de muitas organizações internacionais –
um dos países que não querem a revisão do Artigo 9 do
Tratado de Kyoto, para estabelecer metas de cortes de emissão de gás
carbônico para depois de 2012.
Na sexta-feira o Brasil ganhou, por conta desta controvérsia, o “prêmio
Fóssil do Dia”, concedido diariamente ao país considerado
como o de atuação mais negativa nas atividades da conferência.
Mas o chefe da delegação brasileira em Nairóbi, Luiz
Alberto Figueiredo, diz que as ONGs que concederam o “prêmio”
entenderam mal a posição do Brasil, que na verdade aceitaria
discutir futuro mas sem admitir a reabertura de qualquer decisão já
estabelecida no protocolo de Kyoto.
“Explicamos essa posição para as ONGs (que concedem o
Fóssil do Dia) e esperamos que eles tenham entendido. A questão
é que o Brasil defende a estratégia de negociações
adotada no ano passado em Montreal e não queremos mudanças de
última hora”, disse o diplomata.
Os dez últimos
46. África do Sul
47. Austrália
48. Coréia do Sul
49. Irã
50. Tailândia
51. Canadá
52. Uzbequistão
53. Estados Unidos
54. China
55. Malásia
56. Arábia Saudita
Germanwatch e Rede de Ação sobre o Clima – Europa (CAN-E)
Outra coisa que incomoda as ONGs é a recusa do Brasil em estabelecer
qualquer tipo de meta a ser cumprida pelos país, seja em relação
a emissões de gases do efeito estufa, seja em relação
a temas como o desmatamento.
Florestas
O diretor-executivo da German Wacth, Christopher Balls, diz que a redução
no desmatamento no Brasil não teve impactos positivos no ranking preparado
pela entidade porque não foi algo decorrente de políticas públicas,
mas apenas de desaquecimento na atividade econômica.
“Se o Brasil instituir uma política que efetivamente reduza o
desmatamento isso sim teria impactos positivos na classificação
do país”, diz ele.
No topo do ranking deste ano ficou a Suécia, seguida da Grã-Bretanha
e da Dinamarca. Os países com pior desempenho foram a Arábia
Saudita, a Malásia, a China e os Estados Unidos.
“Mas é importante explicar que este é um ranking comparativo,
mostrando que países estão melhor e quais estão pior
mas ninguém está tão bem. Se fosse uma competição,
nenhum desses países ganharia a medalha de ouro”, disse Matthias
Duwe.
Paulo Cabral - Enviado especial a Nairóbi - 13.11.2006
AQUECIMENTO
GLOBAL ACELERA DEGELO E ELEVA NÍVEL DO MAR
A equipe usou um satélite da Nasa para medir variações
da gravidade na Groenlândia
WASHINGTON - O degelo na Groenlândia triplicou nos últimos anos,
em uma nova evidência do aquecimento global, afirma estudo publicado
na edição desta semana da revista Science. Outro trabalho, publicado
na mesma edição, destaca que a precipitação de
gelo na Antártida se mantém estável nos últimos
anos.
"A capa de gelo da Groenlândia derrete num ritmo acelerado, a três
vezes a velocidade registrada antes de 2004", diz Jianli Chen, chefe
da equipe que realizou o estudo. Ele acrescenta que sua investigação
confirma resultados de outros cientistas, indicando um "efeito estufa"
que se faz sentir por todo o mundo.
Um dos trabalhos anteriores, publicado em maio, afirmava que o aumento global
das temperaturas havia elevado a velocidade com que as geleiras da Groenlândia
se derretem no Atlântico. A água liberada dessa forma atua como
lubrificante, acelerando o desprendimento de icebergs da capa de gelo.A equipe
de Chen usou um satélite da Nasa para medir variações
da gravidade na Groenlândia, e comparou os dados de abril de 2002 a
novembro de 2005. O levantamento indicou a perda de 240 km3 de gelo anualmente.
Esse derretimento pressupõe um aumento do nível do mar da ordem
de 0,6 mm ao ano.
O outro trabalho publicado na Science, realizado por um grupo internacional, indica que a acumulação de neve da Antártida, ao longo dos últimos 50 anos, manteve-se praticamente estável. Essa conclusão derruba as alegações de que um aumento da neve no continente antártico poderia compensar o derretimento de geleiras em outras partes do mundo.
OESP - EFE -10 de agosto de 2006
Efeito
estufa turbinou furacões de 2005, diz estudo
Um estudo publicado em 27.06.06 por uma dupla de climatologistas oferece dados concretos para aquilo que ambientalistas vinham tentando fazer desde o final do ano passado: culpar o aquecimento global pela temporada de furacões devastadores em 2005.
O
trabalho, escrito por Kevin Trenberth e Dennis Shea, do Centro Nacional para
Pesquisa Atmosférica dos EUA, calcula que ações humanas
foram a razão de metade do aumento da temperatura média das
águas do Atlântico Norte tropical (0,9º C). Foi esse o fenômeno
que ofereceu combustível para eventos climáticos intensos, como
o furacão Katrina, que devastou Nova Orleans em setembro do ano passado.
O estudo foi uma resposta dos autores a cientistas que se diziam céticos
com relação ao papel térmico das emissões de dióxido
de carbono nas temperaturas do Atlântico. Segundo esse grupo, o aquecimento
recorde das águas do Atlântico em 2005 se deveu a um fenômeno
chamado oscilação multidecadal, um ciclo natural com períodos
de 60 a 80 anos, ao final dos quais a água apresenta maior temperatura.
O estudo, publicado no periódico "Geophysical Research Letters"
também descarta a hípotese de que efeitos colaterais do El Niño
--o superaquecimento das águas equatoriais do Pacífico ao fim
de cada ano-- teriam sido os principais vilões térmicos dos
furacões.
Subtração
Para
derrubar essas teorias, a dupla usou cálculos relativamente simples.
"Subtraímos a cota do aquecimento global do aumento da temperatura
da superfície oceânica no Atlântico Norte, e com isso isolamos
a contribuição da oscilação multidecadal e do
El Niño", disse Trenberth à Folha.
O resultado da conta é que o aquecimento global --um produto das emissões
de gás carbônico de origem humana-- é responsável
por metade (0,45º C) da temperatura extra que as águas do Atlântico
tropical registraram em 2005. Efeitos do El Niño ficam com 0,2º
C da cota, e a oscilação multidecadal com apenas 0,1º C,
na estimativa menos conservadora.
Apesar da aparente simplicidade dos cálculos, os cientistas usaram
grande quantidade de dados no estudo. Para definir um padrão de comparação
com 2005, recorreram a um histórico de temperaturas oceânicas
e dados climatológicos pelo período de 1900 a 1970.
A exemplo de qualquer trabalho que ameace a estratégia do governo norte-americano
de atacar evidências contra a culpa humana pelo aquecimento global,
o estudo de Trenberth já virou alvo de críticas.
Dessa vez, porém, os ataques parecem ser mais comedidos. "Alguns
cientistas de furacão já começaram a fazer críticas,
mas eles não me disseram nada sobre as informações no
estudo", diz Trenberth. "Eles parecem apenas não gostar do
nosso resultado."
Para
o climatologista brasileiro Carlos Nobre, do Instituto Nacional de Pesquisas
Espaciais, o trabalho de Trenberth e Shea é "muito relevante"
porque é capaz de quantificar os impactos do aquecimento global nos
extremos climáticos.
"Eles fizeram simulações do efeito deste quase meio grau
centígrado na intensidade do Katrina e chegaram à conclusão
de que o vento máximo foi cerca de 7% mais forte", diz Nobre.
"As chuvas, ressacas e inundações foram maiores do que
se a temperatura do mar não estivesse este antropogênico 0,5º
C mais quente."
Trenberth diz esperar que seu estudo ajude a estimular medidas para redução
da emissão de dióxido de carbono, mas reverter a tendência
de ocorrerem estações de furacões comparáveis
à de 2005 será um processo demorado.
"Os oceanos perdem calor muito vagarosamente", explica. "Por
isso, o nível do mar e as temperaturas oceânicas devem subir
lentamente pelos próximos cem anos, mesmo que se altere todas as emissões
dentro de 50 anos."
RAFAEL GARCIA da Folha de S.Paulo - 28.06.06
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