Aquecimento Global

4o. RELATÓRIO DO IPCC - em Português (versão MCT)
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- Entenda a COP 21 e as disputas em jogo

- IPCC não é ficção científica

- IPCC: Dez pontos para você entender as discussões sobre clima

- Aquecimento global piora a brecha hídrica

- O risco climático é real e presente

- Ecossistemas migrarão para acompanhar clima

- COP 15

- Risco Criança e a sobrevivência da espécie

- Nível do mar subirá mais do que o previsto

- Aquecimento global - discussão na 61a. reunião da SBPC
- Aquecimento global mata 315.000 pessoas ao ano
- Antártica - degelo acelerado


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Entenda a COP 21 e as disputas em jogo
Por Maureen Santos - Grupo de Reflexão sobre Relações Internacionais


Em dezembro de 2015, em Paris, os 196 integrantes da ONU tentam chegar a um consenso sobre como lidar com as mudanças climáticas
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Mark Garten / UN Photo


A falta de vontade política dos países membros da Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (UNFCCC), em especial os países desenvolvidos, para enfrentar seriamente os problemas provocadores e provenientes da crise climática, fez com que depois de mais de duas décadas de negociações pouco tenha sido feito. Em dezembro deste ano, nos arredores de Paris, os 196 países membros se reuniram na busca por um consenso sobre o rumo sa Convenção de clima em busca de um novo acordo global, em substituição ao esvaziado e combalido Protocolo de Kyoto, único instrumento legal da Convenção.
Para entender a Conferência das Partes (COP), elenquei 21 temas principais sobre o que esteve em jogo nas negociações oficiais e na preparação das mobilizações da sociedade civil.
1 - Multilateralismo:
A reafirmação do multilateralismo ou não como espaço coletivo de tomada de decisões sobre um tema que atravessa fronteiras físicas e atmosféricas é o pano de fundo das negociações. Para alguns países como o Brasil, se a conferência resultar em um acordo global mesmo que fraco, significa salvar o espaço multilateral expresso pela UNFCCC.
2 - Plataforma de Durban (ADP):
É o trilho de negociação estabelecido em 2011 durante a COP 17, realizada em Durban. Seu mandato é elaborar os elementos para a criação de um novo instrumento jurídico vinculante, que poderá ser um novo protocolo ou não, que sob a Convenção será aplicável a todas as partes. O mandato da ADP se completa na COP 21.
3 - Workstreams 1 e 2:
O primeiro diz respeito ao conteúdo do novo acordo de clima, que entraria em vigor a partir de 2020; e o segundo é relativo a ambição que o país membro tem para implementar ações no período de 2015-2020, denominado pré-2020.
4 - Chamada de Lima para Ação Climática:
D ocumento final da COP 20 pouco ambicioso e vago, determina que as partes devem descrever de forma clara suas INDCs, ver abaixo. Destaque para a reafirmação do princípio das responsabilidades comuns porém diferenciadas, e de que os países desenvolvidos devem ter obrigações em financiamento, capacitação e transferência de tecnologias para os países em desenvolvimento.
5 - INDCs:
São Contribuições Intencionais Nacionalmente Determinadas (sigla em inglês), que definem quanto, como e quando os países irão reduzir suas emissões. Muitos países estão realizando processos de consultas nacionais sobre o tema, como foi o caso do Brasil cujo resultado ainda não foi disponibilizado. É o esqueleto do novo acordo.
6 - Rascunho Zero:
Texto base de negociação para o que será acordado em Paris, cuja última versão datada de fevereiro, contém 109 páginas e 221 artigos que incorporam as diversas opções sobre a mesa. O texto inclui os temas mitigação, adaptação, financiamento, transferência de tecnologia, capacitação e transparência para ações e para o apoio.
7 - Princípio das responsabilidades comuns, porém diferenciadas e suas respectivas capacidades:
Consta no preâmbulo da Convenção Quadro e foi materializado pela divisão de compromissos entre as partes do Protocolo de Kyoto, mas vem sendo ameaçado. Estabelece que todos os países devem dividir entre si os custos das ações de redução de emissões, cabendo aos países desenvolvidos assumirem as primeiras medidas, uma vez que historicamente contribuíram mais para as emissões e apresentam maior capacidade econômica para suportar tais custos e provir recursos financeiros para o enfrentamento do problema pelos países em desenvolvimento.
8 - Diferenciação concêntrica:
proposta brasileira feita na COP 20 e que ganha espaço nas negociações, “na qual os países se distribuiriam em bandas de compromisso, com possibilidade de transição de uma zona para a outra dependendo do contexto e das capacidades correntes de cada país”. Tende a atender tanto o princípio das responsabilidades comuns, porém diferenciadas, quanto à demanda dos países desenvolvidos para que os países emergentes também assumam compromissos.
9 - Mitigação e adaptação:
muitos países defendem que o acordo deve ter equilíbrio entre os dois temas e não focar só na redução das emissões (mitigação), como vem acontecendo no histórico de decisões das COPs.
10 - Sem perdas líquidas (No net loss):
Tema preocupante que implica a compensação das emissões (offseting), significando que o mundo possa continuar emitindo gases de efeito estufa (GEE) desde que exista uma forma de os "compensar". Assim, ao invés de tomar medidas concretas de redução das emissões, poderão continuar emitindo enormes quantidades de CO2 e, ao mesmo tempo, alegar que estão combatendo as mudanças climáticas por meio do "apoio" ao desenvolvimento da tecnologia CCS (captura e estoque de carbono)
11 - Novos mecanismos de mercado:
Outro tema de grande preocupação, em especial, motivada pelas críticas em relação a falta de efetividade destes tipos de mecanismos no enfrentamento da crise climática, como o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL). Estas críticas também são relativas aos impactos que estes projetos geram nos territórios, cuja inviabilização é latente por não serem consideradas na avaliação da efetividade dos mesmos, que se concentram apenas no item redução de GEE.
12 - Fundo Verde do Clima e financiamento:
Apesar de ter sido aprovado em 2010, na COP 16, em Cancun, e estabelecer dois mecanismos de financiamento: um de curto prazo chamado fast start (2011-2013) que nunca saiu do papel; e outro que tinha o objetivo de atingir US$ 100 bilhões anuais de 2013 a 2020; o Fundo começou a receber recursos somente no ano passado, quando arrecadou pouco mais de US$ 10 bilhões provenientes de 29 países, entre desenvolvidos e em desenvolvimento.
13 - REDD+:
A discussão principal é se entra ou não mecanismos de mercado para o financiamento da Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação (REDD+). O Brasil vem sendo categórico em suas afirmações contrárias ao mercado em REDD+, tendo apoio de organizações e movimentos sociais como os reunidos no Grupo Carta de Belém, que vem rebatendo a abordagem REDD+ por entender, entre outras críticas, que incluir mercado de carbono no financiamento dos projetos é incluir a compensação de emissões.
14 - Bioenergia e CCS:
é o garoto-propaganda da nova abordagem de no net loss. Denominado BECCS nas negociações, envolve o plantio de uma enorme quantidade de grama e monocultivo de árvores para queima de biomassa com fins de geração de eletricidade, capturando o CO2 emitido e bombeando para reservatórios geológicos subterrâneos.
15 - Uso da terra:
tema forte na negociação na qual vem se fortalecendo a abordagem em ‘escala de paisagem’ (landscape approach), que seria a integração entre florestas e produção agropecuária. O uso da terra entra intensamente na agenda de mitigação, mas também em adaptação. Ainda sobre este tema, existem os chamados co-benefícios, que estão relacionados a questões sociais e também a proteção da biodiversidade.
16 - Agricultura climaticamente inteligente (CSA):
agricultura que aumenta a produtividade com resiliência (adaptação), ao mesmo tempo em que sequestra gases de GEE sem efetivamente reduzi-los, já que os créditos de redução seriam vendidos para outros locais poderem continuar emitindo. As formas de financiamento seriam por meio da medição e mercantilização do carbono do solo. Existe pressão para que a CSA entre no novo acordo, especialmente por parte da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) e do Banco Mundial.
17 - Mecanismo de perdas e danos:
Criado na COP19, busca o enfrentamento dos eventos extremos e é visto com bons olhos pela sociedade civil e pelos países em desenvolvimento por tratar com mais importância um tema fundamental para adaptação. No entanto, não discute ainda o tema financiamento, nem se incorpora diretamente ao tema adaptação no rascunho proposto. Além disso, há preocupação que as agências de avaliação de risco, que na verdade são grandes seguradoras, possam transformar o mecanismo em mais uma falsa solução ao enfrentamento da crise climática, trazendo mais dificuldades para que os países afetados possam acessar os possíveis recursos.
18 - Cúpulas dos Povos:
Como espaço autônomo das organizações e movimentos sociais, ocupa um papel importante na construção de processos e na busca de sínteses, ainda que estas últimas possam ser melhor aproveitadas. A Cúpula de Lima foi importante para a América Latina, no sentido de reaproximar em sua preparação grandes forças sociais da região, ao formalizar um Grupo de Enlace regional, que pretende continuar trabalhando junto rumo a Paris e além.
19 - Mobilizações da sociedade civil global para a COP 21:
organizações sociais reunidas na Coalizão Francesa começaram desde o ano passado a se mobilizar para organizar atividades durante o período da COP 21. Na semana passada, foi realizada reunião internacional de preparação, na Tunísia, onde organizações de fora da Europa puderam participar e entender melhor o processo. O grande desafio é construir um caminho que possa ter cara própria e posicionamentos firmes, ao mesmo tempo em que envolva uma gama diversa de organizações sociais que têm posições políticas bastante distintas em relação às grandes questões ligadas às mudanças climáticas, entre elas, o debate sobre soluções de mercado e se querem ou não um novo acordo global sobre clima.
20 - Calendário internacional rumo a Paris:
30 e 31 de Maio e 26 e 27 de setembro, mobilizações em toda Europa; 28 e 29 de novembro, mobilizações de massa incluindo marchas e flash mobs; de 06 a 11 de dezembro, espaço de debates da sociedade civil e mobilizações descentralizadas; 12 de dezembro, mobilização e ações diretas em Paris. Em relação ao calendário oficial das negociações, há três reuniões previstas até a COP: 1 a 11 de junho, em Bonn (Alemanha); 31 agosto a 04 de setembro, em Bonn; 19 a 23 de outubro, em Bonn.
21 - Construção de novas narrativas:
Parte da sociedade civil global que se aglutina nos últimos oito anos em torno da bandeira da justiça climática está construindo novas narrativas que possam, por um lado, ampliar o escopo de atuação para além do tema mudanças climáticas, e por outro, caminhar para um processo de construção de plataformas e de movimento frente à fragmentação que a sociedade civil atravessa. Resta saber se novas formas de mobilização popular via redes sociais e atos coreografados, muitas vezes esvaziados de conteúdo político, não vão atrapalhar mais do que ajudar o processo. Há sempre risco.
Por fim, neste momento, talvez a UNFCCC e o movimento por justiça climática tenham pelo menos uma coisa em comum: a necessidade de sair da inércia. Se pelo lado oficial a COP 21 será importante para salvar ou não o multilateralismo, por correr o risco do acordo não ser nada mais que um sistema baseado em promessas longe de se comprometer com o limite dos 2ºC; por parte das organizações e movimentos sociais talvez esta seja a última COP de clima com grande mobilização nas ruas. Por isso a agenda parisiense é tão relevante, para que possa trazer ânimo e força, criando espaços de convergência e propostas concretas que deem continuidade às sínteses, ao mesmo tempo em que pavimentem caminhos futuros.

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IPCC: não é ficção científica.
Juliana Guarexick entrevista André Ferretti.


O Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC) divulgou ontem o segundo volume do 5º relatório, que avalia a vulnerabilidade dos sistemas socioeconômicos e naturais diante da mudança climática, assim como as possibilidades de adaptação à elas. O documento “Mudanças Climáticas 2014: Impactos, adaptação e vulnerabilidade”, elaborado por 309 autores, 436 colaboradores e 66 revisores técnicos de 70 países é mais um alerta pra que a humanidade reaja. A natureza dá evidências claras de que as mudanças climáticas podem causar impactos graves e irreversíveis.
Desmatamento, aumento das temperaturas, segurança alimentar e hídrica e saúde humana são alguns dos pontos abordados pelo relatório. O coordenador de Estratégias de Conservação da Fundação Grupo Boticário e o coordenador Geral do Observatório do Clima, André Ferretti, faz uma análise sobre o documento e aponta caminhos que podem ser tomados para evitar as consequências negativas das mudanças climáticas.

Entre as principais vertentes levantadas pelo relatório qual você destacaria?

A adaptação com base em ecossistemas é um tema muito relevante para países como o Brasil, que tem extensas áreas naturais e são muito dependentes dos recursos naturais e do bom funcionamento dos ecossistemas naturais para as atividades agropecuárias e de subsistência, bem como para a produção de energia.
Precisamos conservar, por exemplo, os mananciais que abastecem as populações urbanas, a indústria e também as atividades agropecuárias – responsáveis por 70% da demanda de água e que geram boa parte do PIB.
É preciso ainda manter e ampliar as áreas verdes nas zonas urbanas
- Para melhorar o microclima, reduzindo assim o calor e o número de grandes tempestades;
- Ajudar na infiltração de água – nas grandes tempestades temos problemas sérios com inundações;
- Absorver o carbono emitido pela queima de combustíveis fósseis;
- Melhorar a qualidade do ar; e tantos outros serviços essenciais.

A manutenção e a restauração de mangues são de essencial importância para a estabilidade dos estuários contra a elevação do nível do mar, onde estão localizados nossos maiores portos, como o de Santos e de Paranaguá, e a maior parte da nossa população, mantendo assim a produtividade marinha, e o meio de vida de inúmeras famílias.
A criação e implementação de Unidades de Conservação também são de grande importância para evitar emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE) e a manutenção dos serviços ecossistêmicos que aumentarão a resiliência aos impactos das mudanças climáticas, além de serem importantes para disciplinar o uso da terra em determinadas regiões, evitando usos indevidos em áreas de risco e mais sujeitas a desastres naturais.

Foi reduzida a ameaça de ‘savanização’ da Amazônia pelo aumento da temperatura entre 2ºC e 4ºC até 2100. Este dado é positivo no seu ponto de vista?

Muito positivo. A floresta parece hoje ser mais resistente às agressões da humanidade do que imaginávamos antes. Apesar de ter sido identificado um aumento no desmatamento da Amazônia no último ano, a diminuição do risco de savanização deve ser comemorada por todos nós. Porém, o risco ainda existe, e temos que lutar duramente contra a destruição das áreas naturais nesse bioma e nos demais. O desmatamento na Amazônia, inclusive, interfere em um serviço ecossistêmico essencial para a região sul e sudeste da América do Sul: as chuvas, incluindo as áreas de maior produtividade agropecuária do Brasil e do continente (Argentina, Paraguai, Uruguai, Bolívia).

O texto afirma que há fortes evidências de uma redução da oferta de água potável em regiões subtropicais secas, o que aumentaria disputas pelo uso de bacias hidrográficas.
Qual a relação que isto representa com a disputa entre São Paulo e Rio de Janeiro pelo uso da água do Rio Paraíba do Sul para abastecer o Sistema Cantareira? É possível estabelecer comparações?

Isso ilustra muito bem o problema que estamos vivendo agora com a disputa pela água da Bacia do Paraíba do Sul pelos Estados de São Paulo e do Rio de Janeiro, onde estão localizadas nossas maiores metrópoles. Porém, não podemos afirmar que essa estiagem atípica que estamos vivendo agora tenha sido causada pelas mudanças climáticas. O que se pode afirmar é que eventos climáticos extremos como esses serão sim mais intensos e frequentes, o que exige ação imediata visando a proteção e recuperação dos mananciais que abastecem hoje essas regiões metropolitanas, e que vão abastecê-las no futuro. A demanda por água é crescente nessas regiões, tanto para abastecimento público quanto para geração de energia. Boa parte das principais Usinas Hidrelétricas do país está nos estados do Sul e Sudeste. Precisamos de água para gerar energia e abastecer as casas e indústrias. Isso requer investimentos e tem que entrar na conta para poder gerar os recursos necessários para a proteção e recuperação desses mananciais.

Outro destaque é a evidência de que a população pobre, principalmente de países tropicais, como o Brasil, será a mais afetada por situações de seca e inundação, com risco de insegurança alimentar. Quais medidas os governos poderiam tomar para ao menos minimizar estes impactos?

O país precisa urgentemente de um robusto Plano Nacional de Adaptação às Mudanças Climáticas. Com ele identificaremos e mapearemos as maiores vulnerabilidades do país, e definiremos as melhores estratégias para nos adaptarmos ao novo cenário, diminuindo os impactos sociais, econômicos e ambientais. Precisamos retirar a população das áreas de risco, exatamente o oposto do que foi feito com a flexibilização da legislação ambiental e descaracterização do Código Florestal, nesse primeiro mandato da Presidente Dilma. As comunidades mais pobres são as que sofrerão mais com a destruição das áreas naturais e os impactos aos serviços ecossistêmicos. Não apenas suas casas ou plantações, mas o modo de vida dessas pessoas está sendo e será cada vez mais afetado pelas mudanças climáticas.

Desde 2007 tem um Projeto de Lei no Congresso Nacional sobre a Política Nacional de Serviços Ambientais (PL 792/2007). É um tema essencial para quem vive na e da terra, e garante a conservação desses serviços que são essenciais para toda a sociedade. É preciso mais agilidade, vontade política, e também a coragem de lutar por um patrimônio inestimável dos brasileiros e que está sendo dilapidado para o benefício de poucos e para o prejuízo de toda a população.

O relatório também alerta sobre possíveis danos à produção de alimentos. Como estes dados refletem no caso brasileiro e o que pode ser feito para reduzir as consequências negativas?

Esse é outro ponto intimamente ligado com o Plano Nacional de Adaptação às Mudanças Climáticas e com a Política Nacional de Serviços Ambientais que precisamos instituir. O Brasil tem um papel muito relevante na produção global de alimentos, e um potencial enorme para ocupar uma posição ainda mais estratégica. Mas isso precisa ser feito com planejamento e responsabilidade, mantendo e restaurando os serviços ambientais essenciais para a produção agropecuária e para a qualidade de vida de toda a população.

É preciso conhecer as áreas e as culturas agrícolas mais vulneráveis, e investir em pesquisa e adaptação. Isso tem que ser um projeto de país, gerando novos empregos, novos negócios, e oportunidades que serão essenciais para a economia e a sociedade do futuro. Agropecuária e serviços ecossistêmicos andam de mãos dadas e vão beneficiar toda a sociedade com esse casamento.

O aumento das temperaturas piorará a qualidade do ar. Qual é a influência que esta estimativa tem nas cidades, visto que até 2030 dois terços da população global viverá em grandes centros urbanos?

As mudanças climáticas aumentarão a frequência e a intensidade do de dias quentes e secos, aumentando o risco de incêndios, prejudicando a qualidade do ar especialmente nas grandes cidades. Nessas áreas, inclusive, fenômeno da inversão térmica – que dificulta a dispersão de poluentes gerados em grandes centros urbanos no inverno – deverá ser mais recorrente.

Nas grandes cidades, e até nas pequenas e médias, há a formação de ilhas de calor, agravando a sensação e o desconforto devido à elevação da temperatura e à redução da umidade relativa do ar, aumentando a frequência e intensidade de grandes tempestades em áreas urbanas, e agravando as ondas de calor (canículas) com consequências sobre o aumento da mortalidade de idosos e doentes que apresentem redução em sua capacidade de termorregulação corpórea e de percepção da necessidade corpórea de hidratação (idosos e pacientes com doenças mentais ou de mobilidade). Mais informações aqui.

Qual é a sua visão geral sobre o relatório? O que a humanidade aprende com esta avaliação?

A grande importância desse relatório é mostrar os impactos que já estamos sofrendo. O problema não é ficção científica. Precisamos conhecer muito bem os nossos pontos fracos (vulnerabilidades), para estabelecer e implementar rapidamente as estratégias mais adequadas para reduzir os custos sociais, econômicos e ambientais.

O relatório “Mudanças Climáticas 2014: Impactos, adaptação e vulnerabilidade”, divulgado ontem, 31, fala sobre os impactos que já estão sendo sentidos, e as previsões do que virá até o final desse século (2100). Como nos quatro anteriores, lançados nas últimas duas décadas, este documento aponta que as populações mais podres são as mais vulneráveis às mudanças climáticas, principalmente as que habitam e dependem dos recursos das áreas costeiras – que sofrerão com o aumento do nível dos oceanos – ou as que vivem e dependem de atividades agropecuárias e extrativistas nas regiões semiáridas – que sofrerão com altas temperaturas e secas, ou ainda as que vivem em regiões vulneráveis a enchentes e deslizamentos devido a maior intensidade e concentração das chuvas. Esses impactos também prejudicam diretamente os ecossistemas, as plantas e os animais, afetados pela mudança do clima e também pela ação humana decorrente dessas mudanças de clima (migrações humanas para áreas menos impactadas gerando desmatamentos, poluição, caça etc.).

Esses e outros problemas têm sido vistos no Brasil e no mundo com cada vez mais frequência e intensidade. Agora mesmo tivemos um verão atípico no sul e sudeste, com pouquíssima chuva no período do ano que mais chove na região, e excesso de chuva em parte da região norte. Nos últimos anos o Brasil sofreu com enchentes e deslizamentos em regiões serranas do sul e sudeste, e até mesmo no nordeste que geralmente sofre com falta de água, e secas em regiões que tradicionalmente não vivem esse problema, como na Amazônia e no sul.

Algo a acrescentar?

As mudanças climáticas são um dos maiores problemas da humanidade. Ela afeta a todos, em qualquer lugar do planeta, independe do quanto cada cidadão, comunidade ou nação, contribui para o problema. A solução precisa ser conjunta, e pode gerar novas oportunidades, tecnologias, empregos, e negócios. Precisamos agir o quanto antes fizermos isso menor será o custo, e maior será o potencial de benefícios advindos de uma sociedade descarbonizada e mais sustentável.

01.04.14.

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IPCC: Dez pontos para você entender as discussões sobre clima

O Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês) divulga nesta sexta-feira (27) em Estocolmo, na Suécia, um novo relatório no qual pretende estabelecer, com o maior grau de certeza já obtido, o papel das atividades humanas nas mudanças climáticas.

Para ajudar a entender melhor o tema, a BBC preparou uma lista com dez perguntas e respostas sobre a questão:

O que é mudança climática?
O clima do planeta está mudando constantemente ao longo do tempo geológico. A temperatura média global hoje é de cerca de 15ºC, mas as evidências geológicas sugerem que ela já foi muito maior ou muito menor em outras épocas.
Entretanto, o atual período de aquecimento está ocorrendo de maneira mais rápida do que em muitas ocasiões no passado. Os cientistas estão preocupados de que a flutuação natural, ou variabilidade, está dando lugar a um aquecimento rápido induzido pela ação humana, com sérias consequências para a estabilidade do clima no planeta.

O que é 'efeito estufa'?
O efeito estufa se refere à maneira como a atmosfera da Terra "prende" parte da energia do Sol. A energia solar irradiada de volta da superfície da Terra para o espaço é absorvida por gases atmosféricos e reemitida em todas as direções.
A energia que irradia de volta para o planeta aquece tanto a baixa atmosfera quanto a superfície da Terra. Sem esse efeito, a Terra seria 30ºC mais fria, deixando as condições no planeta hostis para a vida.
Os cientistas acreditam que estamos contribuindo para o efeito natural de estufa com gases emitidos pela indústria e pela agricultura, absorvendo mais energia e aumentando a temperatura.
O mais importante desses gases no efeito estufa natural é o vapor de água, mas suas concentrações mostram pouca mudança. Outros gases do efeito estufa incluem dióxido de carbono, metano e óxido nitroso, que são liberados pela queima de combustíveis fósseis. O desmatamento contribui para seu aumento ao eliminar florestas que absorvem carbono.
Desde o início da revolução industrial, em 1750, os níveis de dióxido de carbono (CO2) aumentaram mais de 30%, e os níveis de metano cresceram mais de 140%. A concentração de CO2 na atmosfera é agora maior do que em qualquer momento nos últimos 800 mil anos.

Qual é a evidência sobre o aquecimento?
Os registros de temperatura, a partir do fim do século 19, mostram que a temperatura média da superfície da Terra aumentou cerca de 0,8ºC nos últimos cem anos. Cerca de 0,6ºC desse aquecimento ocorreu nas últimas três décadas.
Dados de satélites mostram um aumento médio nos níveis do mar de cerca de 3 milímetros por ano nas últimas décadas. Uma grande proporção da mudança nos níveis do mar se deve à expansão dos oceanos pelo aquecimento. Mas o derretimento das geleiras de montanhas e das camadas de gelo polar também contribuem para isso.
A maioria das geleiras nas regiões temperadas do mundo e na Península Antártica estão encolhendo. Desde 1979, registros de satélites mostram um declínio dramático na extensão do gelo no Ártico, a uma taxa anual de 4% por década. Em 2012, a extensão de gelo alcançou o menor nível já registrado, cerca de 50% menor do que a média do período entre 1979 e 2000.
O manto de gelo da Groenlândia verificou um derretimento recorde nos últimos anos. Se a camada inteira, de 2,8 milhões de quilômetros cúbicos, derretesse, haveria um aumento de 6 metros nos níveis dos mares.
Dados de satélites mostram que a capa de gelo do oeste da Antártica também está perdendo massa, e um estudo recente indicou que o leste da Antártica, que não havia mostrado tendências claras de aquecimento ou resfriamento, também pode ter começado a perder massa nos últimos anos. Mas os cientistas não esperam mudanças dramáticas. Em alguns lugares, a massa de gelo pode aumentar, na verdade, com as temperaturas em alta provocando mais tempestades de neve.
Os efeitos de uma mudança climática também podem ser vistos na vegetação e nos animais terrestres. Isso inclui também o florescimento e frutificação precoces em plantas e mudanças nas áreas ocupadas pelos animais terrestres.

Há uma pausa no aquecimento?
Alguns especialistas argumentam que desde 1998 não houve um aquecimento global significativo, apesar do aumento contínuo nos níveis de emissão de CO2. Os cientistas tentam explicar isso de várias formas.
Isso inclui: variações na emissão de energia pelo Sol, um declínio no vapor de água atmosférico e uma maior absorção de calor pelos oceanos. Mas até agora, não há um consenso geral sobre o mecanismo preciso por trás dessa pausa.
Céticos destacam essa pausa como um exemplo da falibilidade das previsões baseadas em modelos climáticos computadorizados. Por outro lado, os cientistas do clima observam que o hiato no aquecimento ocorre em apenas um dos componentes do sistema climático - a média global da temperatura da superfície -, e que outros indicadores, como o derretimento do gelo e as mudanças na fauna e na flora demonstram que a Terra continua a se aquecer.

Quanto as temperaturas vão aumentar no futuro?
Em seu relatório de 2007, o IPCC previu um aumento da temperatura global entre 1,8ºC e 4ºC até 2100.
Mesmo que as emissões de gases do efeito estufa caiam dramaticamente, os cientistas dizem que os efeitos continuarão, porque partes do sistema climático, particularmente os grandes corpos de água e gelo, podem levar centenas de anos para responder a mudanças na temperatura. Também leva décadas para que os gases do efeito estufa sejam removidos da atmosfera.

Quais serão os impactos disso?
A escala do impacto potencial é incerto. As mudanças podem levar à escassez de água potável, trazer mudanças grandes nas condições para a produção de alimentos e aumentar o número de mortes por inundações, tempestades, ondas de calor e secas.
Os cientistas preveem mais chuvas em geral, mas dizem que o risco de seca em áreas não costeiras deverá aumentar durante os verões mais quentes. Mais inundações são esperadas por causa de tempestades e do aumento do nível do mar. Deverá haver, porém, muitas variações regionais nesse padrão.

Os países mais pobres, que estão menos capacitados para lidar com a mudança rápida, deverão sofrer mais.
A extinção de plantas e animais está prevista, por conta de mudanças nos habitats mais rápidas do que a capacidade de adaptação das espécies à estas. A OMS (Organização Mundial da Saúde) advertiu que a saúde de milhões de pessoas pode ser ameaçada por aumentos nos casos de malária, doenças transmitidas pela água e má nutrição.
O aumento na absorção de CO2 pelos oceanos pode levá-los a se tornar mais ácidos. Esse processo de acidificação em andamento poderia provocar grandes problemas para os recifes de corais, já que as mudanças químicas impedem os corais de formar um esqueleto calcificado, que é essencial para sua sobrevivência.

O que não sabemos?
Os modelos computadorizados são usados para estudar a dinâmica do clima na Terra e fazer projeções sobre futuras mudanças de temperatura. Mas esses modelos climáticos diferem sobre a "sensibilidade climática" - a quantidade de aquecimento ou esfriamento que ocorre por conta de um fator específico, como a elevação ou a queda na concentração de CO2.

Os modelos também diferem na forma como expressam feedback climático.
O aquecimento global deverá provocar algumas mudanças com probabilidade de criar mais aquecimento, como a emissão de grandes quantidades de gases do efeito estufa com o derretimento do permafrost (gelo eterno da superfície da Terra). Isso é conhecido como feedback climático positivo (no sentido de adicionar calor).
Mas também existem os feedbacks negativos, que compensam o aquecimento. Por exemplo, os oceanos e a terra absorvem CO2 como parte do ciclo do carbono. A questão é saber qual o resultado final da soma dessas variáveis.

As inundações vão me atingir?
Detalhes vazados do relatório a ser apresentado nesta semana indicam que no pior cenário traçado pelo IPCC, com o maior nível de emissões de dióxido de carbono, os níveis dos mares no ano 2100 poderiam subir até 97 centímetros.
Alguns cientistas criticam os modelos usados pelo IPCC para calcular esse aumento. Usando o que é chamado de modelo semiempírico, as projeções para o aumento do nível do mar podem chegar a 2 metros. Nessas condições, 187 milhões de pessoas a mais no mundo sofreriam com inundações.
Mas o IPCC deve dizer que não há consenso sobre o enfoque semiempírico e manterá o dado pouco inferior a 1 metro.

O que vai acontecer com os ursos polares?
O estado dos polos Norte e Sul tem sido uma preocupação crescente para a ciência, conforme os efeitos do aquecimento global se tornam mais intensos nessas regiões.
Em 2007, o IPCC disse que as temperaturas no Ártico aumentaram quase duas vezes mais que a média global nos últimos cem anos. O relatório destacou que a região pode ter uma grande variação, com um período quente observado entre 1925 e 1945.
Nos rascunhos do relatório desta semana, os cientistas dizem que há uma evidência maior de que as camadas de gelo e as geleiras estão perdendo massa e que a camada de gelo está diminuindo no Ártico.
Em relação à Groenlândia, que por si só tem a capacidade de aumentar os níveis globais dos mares em 6 metros, o painel diz estar 90% certo de que a velocidade da perda de gelo entre 1992 e 2001 aumentou seis vezes no período entre 2002 e 2011.
Enquanto a extensão média do gelo no Ártico caiu cerca de 4% por década desde 1979, o gelo na Antártica aumentou até 1,8% por década no mesmo período.
Para o futuro, as previsões são bastante dramáticas. No pior cenário traçado pelo IPCC, um Ártico sem gelo no verão é provável até o meio deste século.
E a perspectiva para os ursos polares e para outras espécies que vivem nesse ambiente não é bom, segundo disse à BBC o professor Shang-Ping Xie, do Instituto de Oceanografia da Universidade da Califórnia em San Diego.
"Haverá bolsões de gelo marítimo em alguns mares marginais. Esperamos que os ursos polares sejam capazes de sobreviver no verão nesses bolsões de gelo remanescentes", disse.

Qual a credibilidade do IPCC?
A escala global do envolvimento científico com o IPCC dá uma ideia do peso dado ao painel. Dividido em três grupos de trabalho que analisam a ciência física, os impactos e as opções para limitar as mudanças climáticas, o painel envolve milhares de cientistas de todo o mundo.

O relatório a ser apresentado em Estocolmo tem 209 autores coordenadores e 50 revisões de editores de 39 países diferentes.
O documento é baseado em cerca de 9.000 estudos científicos e 50 mil comentários de especialistas. Mas em meio a esse conjunto enorme de dados, as coisas podem não sair como o esperado.
No último relatório, publicado em 2007, houve um punhado de erros que ganharam grande projeção, entre eles a afirmação de que as geleiras do Himalaia desapareceriam até 2035. Também houve erro na projeção da porcentagem do território da Holanda que ficaria sob o nível do mar.
O IPCC admitiu os erros e explicou que em um relatório de 3 mil páginas é sempre possível que haja alguns pequenos erros. A afirmação sobre o Himalaia veio da inclusão de uma entrevista que havia sido publicada pela revista New Scientist.
Em 2009, uma revisão da forma como o IPCC analisa as informações sugeriu que o painel seja mais claro no futuro sobre as fontes de informação usadas.
O painel também teve a reputação manchada pela associação com o escândalo provocado pelo vazamento de e-mails trocados entre cientistas que trabalhavam para o IPCC, em 2009.
As mensagens pareciam mostrar algum grau de conluio entre os pesquisadores para fazer com que os dados climáticos se encaixassem mais claramente na teoria das mudanças climáticas induzidas pelo homem.
Porém ao menos três pesquisas não encontraram evidências para apoiar essa conclusão. Mas o efeito final desses eventos sobre o painel foi o de torná-lo mais cauteloso.

Apesar de o novo relatório possivelmente enfatizar uma certeza maior entre os cientistas de que as atividades humanas estão provocando o aquecimento climático, em termos de escala, níveis e impactos a palavra "incerteza" deverá aparecer com bastante frequência.

Fonte: BBC 27.09.13

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Aquecimento global piora a brecha hídrica
Stephen Leahy

UXBRIDGE, Canadá, 1º de julho de 2013, (IPS) - (Tierramérica).- Cientistas australianos, que usaram pela primeira vez observações de mais de oito mil estações meteorológicas de todo o mundo, confirmam que o aumento das temperaturas potencializará a intensidade e ocorrência de chuvas catastróficas.
Crédito: Peter Richards/IPS

A atualização de dados estatísticos sobre chuvas ajudará a evitar ou mitigar os danos de inundações como as que tantas vezes sofreu Puerto Espanha.

Com um aquecimento inferior a um grau, as chuvas extremas já aumentaram 15% nas regiões tropicais, e sua quantidade e intensidade poderá aumentar entre 30% e 60% nas próximas décadas, afirma um novo estudo. Se a temperatura do planeta subir dois ou três graus, como se prevê, as regiões tropicais da América Latina experimentarão com regularidade inundações catastróficas, disse ao Terramérica o pesquisador Seth Westra, da Universidade de Adelaide, na Austrália.

"O vínculo entre mudança climática e chuvas extremas está claramente estabelecido", afirmou Westra, principal autor do estudo Global Increasing Trends in Annual Maximum Daily Precipitation (Tendências Mundiais de Aumento nas Precipitações Diárias Máximas Anuais), publicado em junho no Journal of Climate. Esta é a primeira pesquisa que usa observações de 8.326 estações meteorológicas de todo o mundo para determinar que a intensidade das chuvas mais extremas aumenta juntamente com as temperaturas.
E a intensidade das precipitações sinaliza que estas aumentarão 15% a cada grau de aquecimento nas regiões tropicais. Se continuarem as atuais emissões de dióxido de carbono, os cientistas calculam que o mundo alcançará dois graus de aquecimento entre 2030 e 2040.

A natureza pode oferecer a melhor solução para controlar o aumento das inundações esperadas nas zonas tropicais e em outras partes da América Latina. As florestas e os pântanos absorvem as chuvas fortes e diminuem sua liberação corrente abaixo. "Uma infraestrutura verde pode ser mais rentável do que os caros controles das inundações no concreto", disse ao Terramérica o diretor de programas de conservação para América Latina no The Nature Conservancy, Aurelio Ramos.
Fazer com que árvores, pastagens e plantas continuem sendo parte da paisagem é extremamente efetivo, tanto para limpar quanto para reter a água, além de reduzir a sedimentação que obstrui vias fluviais, o que frequentemente piora as inundações. Outros benefícios são a melhoria da sustentabilidade e da biodiversidade e as menores emissões de gases-estufa, acrescentou Ramos.
Monterrey, a terceira maior cidade do México, foi severamente prejudicada em 2010 pelas inundações causadas pelo furacão Alex. O desmatamento corrente acima do rio Santa Catarina, que atravessa essa cidade, foi uma causa importante do seu transbordamento, que causou tantos danos, observou Ramos. "Um estudo detalhado mostra que, com reflorestamento e umas poucas represas pequenas corrente acima, se reduz em 20% o fluxo de água durante os eventos extremos", pontuou, lembrando que esta infraestrutura verde seria tão efetiva quanto uma represa grande e de custo maior.
A bacia do Santa Catarina cobre 32 quilômetros quadrados, e a The Nature Conservancy, junto com o Fundo para o Meio Ambiente Mundial (mais conhecido como GEF) e outros sócios propuseram um plano de manejo que inclui 35% dessa bacia. Para financiá-lo, os sócios, inclusive a indústria, investiram em um inovador compromisso financeiro que chamam de "fundo de água".
Serão necessários cerca de US$ 35 milhões para que o Fundo de Água de Monterrey gere juros de aproximadamente US$ 3 milhões ao ano, que serão investidos em reflorestamento e compensação para os donos das terras por modificarem suas práticas agrícolas ou pecuárias. Os produtores rurais deverão reduzir o uso de fertilizantes, criar zonas de exclusão para vegetação natural nas margens de cursos fluviais, ou colocar barreiras para manter o gado afastado de pântanos e áreas ribeirinhas.
Este pagamento por serviços de ecossistema exige que os latifundiários assinem acordos de longo prazo, alguns inclusive por até 80 anos. "Planejamos lançar o Fundo de Água de Monterrey em setembro", indicou Ramos. O primeiro esquema deste tipo foi o Fundo para a Proteção da Água (Fonag) de Quito, capital do Equador, criado em 2000 mediante os esforços da The Nature Conservancy, da Fundação Antisana e da empresa de água local. Agora são cinco os fundos de água no Equador.
Graças ao êxito nesse país, o GEF, a The Nature Conservancy e o Banco Interamericano de Desenvolvimento lançaram, em 2011, uma associação de US$ 27 milhões para ampliar estes mecanismos. A previsão é proteger quase três milhões de hectares de bacias em vários países da América, entre eles Equador, Colômbia, Peru, Brasil México e outros países. Já estão em marcha 12 fundos deste tipo, e outros 20 deverão estar prontos até 2015, informou Ramos, observando que "há quem entenda que a infraestrutura verde funciona, mas encontrar o dinheiro para concretizá-la é mais difícil".
Há importantes argumentos para que as empresas invistam na natureza com, por exemplo, redução dos custos de purificação da água e da necessidade de dragagem. Também se previne as alterações e se impulsiona os ganhos para as empresas que dependem da água, garantindo um fornecimento mais estável. E estes investimentos podem reduzir os custos das inundações, além de ajudar a manter mais baixos os prêmios de seguros.
A indústria dos seguros é muito consciente dos custos da mudança climática. Inundações, terremotos, secas e outros desastres naturais custaram ao mundo US$ 2,5 trilhões apenas nos últimos 13 anos, superando em muito as estimativas prévias, segundo o Global Assessment Report on Disaster Risk Reduction 2013 (Informe de Avaliação Global sobre Redução do Risco de Desastres 2013), da Organização das Nações Unidas (ONU).
Esse informe indica que muitas áreas urbanas e industriais agora se localizam em zonas propensas a catástrofes. Os governos e o setor empresarial têm de melhorar o manejo do risco de desastres, conclui o estudo. Estimar onde está o maior risco de inundações é difícil porque há muitos fatores envolvidos, ressaltou Westra, e deve-se tomar uma bacia como ponto de partida.
Cada obra de infraestrutura construída no mundo foi realizada com base em informação meteorológica e de inundações nos últimos 30 a 50 anos. "Já não podemos tomar decisões de infraestrutura baseados somente nesses dados", opinou Westra. Mas os impactos da mudança climática se apresentam mais rapidamente do que o previsto e antes que a ciência possa elaborar projeções precisas sobre o impacto regional.
"Inclusive na Austrália não incorporamos ainda o que a mudança climática pode fazer com nossos padrões de chuvas nos próximos 50 a cem anos", disse Westra. Seu estudo constitui uma confirmação do que a ciência climática vem dizendo desde a década de 1990. "Na medida em que o clima esquenta, os países ricos em água se tornam mais ricos e os pobres ficam mais pobres", resumiu. (FIN/2013)
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O risco climático é real e presente
      dizem os cientistas do IPCC

O número de dias e noites quentes aumentou e o número de dias e noites frias diminuiu por toda parte, em escala global. Na maioria das regiões do planeta para as quais há dados suficientes, mas não em todas, observa-se que o número e a duração das ondas de calor aumentaram. Houve aumento estatisticamente significante do número de chuvas pesadas em algumas regiões do mundo e é provável que a frequência de chuvas torrenciais como uma proporção do total de chuvas aumente ao longo do século em várias áreas do globo. As velocidades médias máximas dos ciclones tropicais, a intensidade e tamanho dos furacões, tufões e ciclones também devem aumentar, embora seu número tenda a ficar mais ou menos constante.

Estudos analisados pelo IPCC, o Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática, da ONU, baseados em evidências de observações coletadas desde 1950, registraram essas e outras mudanças no clima e no tempo da Terra. Estão no Sumário Executivo do Relatório Especial sobre Gerenciamento de Riscos de Eventos Extremos e Desastres para Promover a Adaptação à Mudança Climática (Special Report on Managing the Risks of Extreme Events and Disasters to Advance Climate Change Adaptation – SREX) que o IPCC tornou público no final da semana passada.

Esses estudos detectaram além de mais calor diário e noturno e chuvas intensas, aumento das secas e de águas costeiras extremamente altas por causa do aumento médio do nível do mar. Algumas regiões do mundo têm experimentado secas mais intensas e mais longas. Esse fato está mais bem documentado no sul da Europa e na África Ocidental. Na parte central da América do Norte e no noroeste da Austrália, os dados indicam secas menos intensas ou menos extensas.

Essas e outras conclusões estão no documento. Mas precisam ser resgatadas do emaranhado de precauções que as cercam por todos os lados. Parte da precaução é justificada, parte é insegurança, parte é determinada por fatores estranhos ao trabalho científico.

O relatório, com todas as precauções, diz que “um clima em mudança leva a alterações na frequência, intensidade, extensão territorial e duração de eventos climáticos extremos e podem resultar em eventos climáticos nunca antes experimentados”.

Os cientistas reunidos pela ONU, no quadro da Convenção do Clima (UNFCCC), alertam para o fato de que essa elevação do risco de desastres associados à mudança climática deve ser incorporada aos planos e políticas públicas de todos os países. Ações de mitigação (redução de emissões de gases estufa) e adaptação à mudança climática já em curso podem ser complementares e contribuir, em conjunto, para reduzir os riscos. Os cientistas chamam atenção para o fato de que políticas governamentais e estratégias de desenvolvimento têm papel crítico na determinação do risco de desastres, que pode aumentar por causa das falhas de políticas e de insuficiências no processo de desenvolvimento.

Degradação ambiental, desmatamento, ocupação inadequada das costas, urbanização rápida e sem planejamento em áreas de risco, falhas de governança e a escassez de oportunidades para os mais pobres podem elevar fortemente a probabilidade de que eventos climáticos extremos se transformem em desastres. A vulnerabilidade das populações está diretamente associada às desigualdades entre países e dentro dos países. “As desigualdades influenciam a capacidade local de enfrentar e se adaptar e impõem desafios adicionais de gestão de risco de desastres e adaptação à mudança climática do plano local ao nacional”, diz o relatório.

Os cientistas recomendam, também, que a recuperação e reconstrução pós-desastres sejam usadas como oportunidades para reduzir o risco climático e aumentar a capacidade de adaptação.

A ênfase na adaptação, em todo o relatório, deixa claro que já estamos experimentando mudança climática e ela tem contribuído para incrementar a incidência de eventos climáticos extremos. Indica ainda que um aumento adicional desses eventos já é inevitável. O que se pode evitar é o agravamento até um ponto em que a mudança climática se torne uma tragédia global.

Os eventos extremos que já ocorrem se distribuem desigualmente pelo planeta. Os mais vulneráveis a esses eventos são os países mais pobres e as populações mais pobres dentro de países com maior desenvolvimento ou já desenvolvidos. Me lembrou uma frase do escritor de ficção científica, William Gibson, em uma entrevista na qual lhe pedem para falar sobre o futuro. Ele disse “o futuro já chegou, ele só está mal distribuído”. O que o IPCC está dizendo é isso: a mudança climática já chegou e ela está mal distribuída. Os riscos climáticos são presentes e reais e estão mal distribuídos.

Pelo título do relatório já se pode ter uma ideia de como seu texto é inóspito. De fato, o relatório é quase ilegível tantas são as precauções adotadas, a cada frase, para mostrar que não há certezas absolutas, em vários casos os dados são ainda insuficientes para grandes conclusões e para algumas áreas faltam estudos mais confiáveis. Tudo isso poderia ser resumido em alguns parágrafos de precaução e o texto consolidando evidências, hipóteses e conclusões escrito em texto corrido e legível para o público em geral. Afinal, as conclusões dos cientistas interessam a todos, deveriam servir para que as comunidades pressionem seus governos para adotarem medidas apropriadas e ajustem seus comportamentos a esse quadro de maior risco.

Mas o IPCC tem duas limitações severas. Primeiro, seus relatórios têm que passar pelo crivo político dos países que são partes na Convenção do Clima e é grande a pressão para tornar suas conclusões mais convenientes do ponto de vista político. As ambiguidades que a política insere na versão para “formuladores de políticas” podem, entretanto, ser corrigidas no relatório completo voltado para cientistas e técnicos. Usualmente, os textos para o público especializado são mais completos e menos ambíguos, embora continuem a padecer de linguagem científica muitas vezes desnecessariamente tortuosa.

A segunda limitação é mais abrangente. O IPCC se tornou o alvo de “negacionistas”, aqueles que negam a ciência do clima e a hipótese de que a mudança climática resulta da ação humana. São também chamados de “céticos”, mas é uma denominação imprópria. O ceticismo é um atributo intrínseco da ciência. A ciência tem como regra de ouro duvidar de suas hipóteses e tentar rejeitá-las.

Como a imprensa abrigou, durante muito tempo – e os setores mais conservadores da mídia continuam a abrigar – essas dúvidas sobre a qualidade da ciência climática, o IPCC está na berlinda. Cada afirmação mais direta é prontamente contestada. Os erros são buscados com lupa.

Essa atenção crítica é saudável. O problema é que parte dela não é orientada pelo método científico, nem pela investigação apurada, mas por atitudes ideológicas predeterminadas e largamente imutáveis. Quando o ceticismo deriva de legítima e necessária dúvida científica, ele se resolve no próprio exercício da ciência.

Foi o que aconteceu com o projeto Berkeley Temperatura da Superfície da Terra (Berkeley Earth Surface Temperature – BEST). Ele reconheceu que as tendências de aquecimento global são exatamente aquelas apontadas pelo IPCC, pela NASA e NOOA e pelo Hadley CRU da universidade britânica de East Anglia. Este último foi objeto de acesa controvérsia, a partir da divulgação de emails surrupiados de seus computadores. Analisei esse escândalo em meu livro Copenhague Antes e Depois. O BEST, como é conhecido, foi criado por Richard Muller, um “negacionista” com boa reputação acadêmica, e financiado em grande parte pela Koch Foundation, uma fundação ligada à indústria de petróleo e que tem financiado generosamente blogs, sites e estudos voltados para a negação da ciência do clima e da mudança climática. Teoria da conspiração à parte, a Koch Foundation tem dado muito dinheiro a propagandistas conservadores da causa anti-ciência do clima, nem sempre cientificamente qualificados. No caso do estudo de Berkeley, o financiamento foi para um projeto respeitável.

Mas esse assédio dos negacionistas e a atenção da mídia, nem sempre versada nos temas da ciência, marcou os textos do IPCC por extrema precaução. Não há uma frase substantiva que não estejam intercaladas por condicionantes relativos à base de dados, à precisão das conclusões, ao escopo e alcance das afirmações. Quem lê o texto, sem atenção para o contexto de autolimitação por fatores ligados à dinâmica interna do IPCC e a controles externos, perde a noção da relevância das conclusões. Elas são relevantes, apontam para riscos reais e concretos e deveriam ser levadas em consideração.

Sérgio Abranches, do Ecopolítica
Fonte: Ecopolítica
21/11/11

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Ecossistemas irão migrar para acompanhar clima
 

Estudo publicado na revista Nature, estima que para continuar em sua zona de conforto os ecossistemas terão que se deslocar quase meio quilômetro ao ano para seguir as transformações do clima.

Fabiano Ávila

Muitos ecossistemas, incluindo as espécies neles contidas, já apresentam sinais de deslocamento para se adaptar às mudanças climáticas. Mas o quão rápido eles terão que migrar para se manter dentro da sua faixa de conforto, com regimes de chuvas e temperaturas ideais?

Um grupo de cientistas da Academia de Ciências da Califórnia, com o apoio do Instituto de Ciências de Carnegie, Climate Central e da Universidade de Berkeley, tentou responder essa questão e calculou que, em média, seria necessário um deslocamento de 0,42 quilômetros por ano.

O trabalho foi publicado na revista Nature em dezembro e alerta que alguns ecossistemas de planície, como manguezais e desertos, terão que se mover mais de um quilômetro por ano.

A equipe calculou a velocidade das mudanças climáticas globais ao combinar dados atuais sobre o clima e o regime de temperaturas com as mais diversas projeções de modelos climáticos para o próximo século. O grupo se baseou em um nível intermediário de emissões de gases do efeito estufa (o cenário A1B de emissões do Painel Intergovernamental para as Mudanças Climáticas).

Sob essas condições, a velocidade das mudanças climáticas é projetada para ser mais devagar em florestas coníferas tropicais e subtropicais (0,08 quilômetros ao ano) e em pradarias (0,11 quilômetros ao ano). Já em áreas de planícies ao nível do mar a velocidade será bem mais acentuada: manguezais teriam que se deslocar 0,95 quilômetros por ano e savanas até 1,26 quilômetros por ano.

Conservação

A vulnerabilidade desses biomas não depende apenas da velocidade das mudanças que eles irão experimentar, mas também do tamanho das áreas de proteção nas quais eles se encontram.

Por exemplo, enquanto a transformação do clima nas áreas de desertos é esperada para acontecer velozmente, esta ameaça é minimizada pelo fato de que as áreas desérticas protegidas tendem a ser muito grandes. Por outro lado, o pequeno tamanho e a fragmentação das áreas de conservação para as florestas temperadas no Mediterrâneo e para as florestas boreais, fazem esses habitats serem bastante vulneráveis.

“Um dos principais benefícios deste trabalho é permitir analisar como a atual rede de áreas de conservação será capaz de preservar realmente os ecossistemas”, afirmou Healy Hamilton, diretora do Center for Applied Biodiversity Informatics da Academia de Ciências da Califórnia.

Com relação aos seres vivos, os pesquisadores dizem que o estudo aborda a transformação do clima nos ecossistemas, mas não diretamente em cada espécie. Porém, alertam que os animas, e principalmente as plantas, que não apresentarem uma grande capacidade de adaptação correm sérios riscos. Quase um terço dos habitats estudados terão uma velocidade de deslocamento superior a mais otimista projeção de migração de plantas, por exemplo.

Além disso, os habitats estão muito fragmentados pela ação humana, o que pode resultar que muitas espécies simplesmente não terão para onde ir.

“Se analisarmos o tempo que irá levar para as mudanças climáticas atravessarem toda uma área de proteção, alterando assim o clima ideal para o ecossistema em questão, veremos que apenas 8% das atuais zonas de conservação terão uma sobrevida de pelo menos 100 anos. Se quisermos melhorar essa situação, precisaremos reduzir nossas emissões e trabalhar rapidamente para expandir e interconectar as áreas protegidas”, concluiu Healy Hamilton.

Ter, 05/Jan/2010

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COP 15

A COP-15 – Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, realizada de 7 a 18 de dezembro de 2009, em Copenhague (Dinamarca) foi vista com expectativas em todo o mundo, tanto por governos quanto por empresas e organizações não governamentais e demais interessados nas informações sobre o clima do planeta. No entanto, apergunta ainda permanece: Como o mundo vai resolver a ameaça do aquecimento global à sobrevivência da civilização humana.

De acordo com o 4º relatório do IPCC – Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas, órgão que reúne os mais renomados cientistas especializados em clima do mundo, – publicado em 2007, a temperatura da Terra não pode aumentar mais do que 2º C, em relação à era pré-industrial, até o final deste século, ou as alterações climáticas sairão completamente do controle.

Para frear o avanço da temperatura, é necessário reduzir a concentração de gases de efeito estufa na atmosfera, já que são eles os responsáveis por reter mais calor na superfície terrestre. O ideal é que a quantidade de carbono não ultrapassasse os 350ppm, no entanto, já estamos em 387ppm e esse número cresce 2ppm por ano. Este é o principal tema da COP-15.

Diminuir a emissão de gases de efeito estufa implica modificações profundas no modelo de desenvolvimento econômico e social de cada país, com a redução do uso de combustíveis fósseis, a opção por matrizes energéticas mais limpas e renováveis, o fim do desmatamento e da devastação florestal e a mudança de nossos hábitos de consumo e estilos de vida. Por isso, até agora, os governos têm se mostrado bem menos dispostos a reduzir suas emissões de carbono do que deveriam.

No entanto, se os países não se comprometerem a mudar de atitude, o cenário pode ser desesperador. Correremos um sério risco de ver:
- a floresta amazônica transformada em savana;
- rios com menor vazão e sem peixes;
- uma redução global drástica da produção de alimentos, que já está ocorrendo;
- o derretimento irreversível de geleiras;
- o aumento da elevação do nível do mar, que faria desaparecer cidades costeiras;
- a migração em massa de populações em regiões destruídas pelos eventos climáticos e
- o aumento de doenças tropicais como dengue e malária.

O que os países deverão negociar?
Ao contrário do que se possa imaginar, a COP-15 não deverá ser uma conferência limitada à fixação de metas relacionadas à redução de emissões dos gases causadores de efeito estufa. Em Copenhague, os países também deverão negociar como será feita a transferência de tecnologias dos países mais industrializados para aqueles que estão em desenvolvimento. Por que ela é necessária? Bem, é que as nações com menor desenvolvimento social possuem condições escassas para realizarem ações de mitigação e adaptação às mudanças climáticas.

O financiamento é outro ponto provável em meio às discussões. Estima-se que os países desenvolvidos precisariam repassar cerca de US$ 160 bilhões por ano às nações em desenvolvimento.

A definição de como os países responsáveis pela manutenção das florestas em pé podem vir a ser recompensados (por aqueles que mais desmatam) também deverá estar em pauta. Ao mantê-las protegidas, essas nações evitam a emissão dos gases poluentes. Nesse sentido, as tendências dão conta da criação de um fundo internacional alimentado por contribuições voluntárias. Outra alternativa é a geração de créditos de carbono para serem negociados no mercado.

Obrigação e voluntários

Como o Protocolo de Kyoto, estabelecido em 1997, determinou metas obrigatórias de 5% de redução das emissões de gases de efeito estufa para a União Européia e mais 37 países industrializados (de 2008 a 2012), as nações em desenvolvimento, como Brasil, China e Índia não foram obrigadas a reduzir os poluentes que emitem. No entanto, seus representantes deverão ser cobrados a firmarem compromissos significativos em âmbito nacional, durante a COP-15.

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BH sediará lançamento de campanha contra aquecimento global

Cientistas, lideranças ambientais e empresariais do Brasil e do exterior se reunirão no início do próximo mês, em Belo Horizonte, para uma conferência preparatória que visa o lançamento de uma campanha mundial pela antecipação de metas para frear o avanço do aquecimento global. Entre as metas está a redução em até 80% da emissão de CO2 até 2050. O prazo é considerado muito longo. Os cientistas calculam que mesmo com o cumprimento dos objetivos nesse período, a temperatura média mundial poderá subir 4 graus, o que seria um ameaça geral ao ecossistema. A intenção é que o prazo seja antecipado para 2020.

A primeira conferência "2020 Climate Leadership Campaign" acontecerá na capital mineira entre os dias 4 e 7 de agosto. O evento é organizado pela organização ambiental State of the World Forum (SWF), cujo presidente, Jim Garrison, se reuniu hoje (23) com o governador de Minas, Aécio Neves (PSDB), no Palácio Mangabeiras.

"Isso significa um esforço muito maior do que aquele que estava sendo pretendido. A ideia central é assinalar a urgência das medidas que precisam ser adotadas no plano internacional com relação ao aquecimento global e as mudanças de clima", disse o secretário de Estado de Meio Ambiente, José Carlos Carvalho, que também participou do encontro.

De acordo com os organizadores, as mensagens e ações definidas na conferência mineira serão "refinadas" durante um encontro em Washington, em fevereiro de 2010. O Brasil deverá ser apontado como um dos líderes globais da campanha contra o aquecimento global. Apesar de demandar decisões governamentais, a proposta é focar principalmente nas pessoas, estimulando o conceito de "líderes climáticos".

ae - Diário do Sul - 23.07.09

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Cientistas discutem as causas do aquecimento global na 61ª Reunião da SBPC

Na SBPC, cientistas defendem diferentes pontos de vista sobre as causas do aquecimento global.

Dados do último relatório do IPCC (Painel Intergovernamental para Mudanças Climáticas), lançado em 2007, apontam que a razão de aumento da temperatura média global foi de 0,07ºC por década nos últimos 100 anos e que, se considerados os últimos 50 anos, essa razão dobra. Projeções do mesmo relatório indicam que nos próximos cem anos ocorrerá um aumento médio da temperatura global na ordem de 2 a 4º C, dependendo do cenário de emissão de gases do efeito estufa. Esses dados, compilados por um grande número de cientistas em todo o mundo não são, no entanto, aceitos por todos. Na mesa redonda Aquecimento global e Amazônia, realizada nesta quinta-feira (16) na 61ª Reunião Anual da SBPC, cientistas expuseram pontos de vista antagônicos sobre o aquecimento global e suas causas.

Independente da posição de cada pesquisador, no entanto, é consenso que a preservação do ambiente é fundamental. “Conservação ambiental é uma necessidade, independente se o clima vai aquecer ou esfriar”, afirma Luiz Carlos B. Molion, físico da Universidade Federal de Alagoas (UFAL).

Metano, óxido nitroso e gás carbônico são os principais gases responsáveis pelo efeito estufa e, segundo o pesquisador Paulo Artaxo, do Instituto de Física da Universidade de São Paulo (USP), as suas concentrações vêm aumentado consideravelmente devido à ação humana. “Nos últimos 150 anos, concentrações muito mais elevadas [de carbono na atmosfera terrestre] foram encontradas, devido à queima de combustíveis fosseis”, diz Artaxo. Segundo o pesquisador, os aumentos observados no gás carbônico atmosférico refletem a atividade humana a partir da Revolução Industrial.

“Para qualquer região do globo, você só explica os valores observados de temperatura se você levar em conta a ação do homem, o que mostra que muito provavelmente o homem é responsável por esta alteração“, diz Artaxo. “O importante é entender que sempre que as concentrações de dióxido de carbono [na atmosfera terrestre] sobem, a temperatura também sobe. As duas questões estão intrinsecamente ligadas”, argumenta.

Controvérsias

Os dados apresentados pelo último relatório do IPCC, no entanto, não são tão claros para alguns pesquisadores. Molion, por exemplo questiona se o gás carbônico realmente é o culpado pelo aquecimento – o que implica na responsabilidade da humanidade no processo de aquecimento global. Para ele, os gases atmosféricos não comandam a temperatura global. “O aumento de CO 2 na atmosfera é resultante do aumento de temperatura”, afirma. “Tem muitas outras coisas que podem interferir nos números [do aquecimento]”, defende.
O pesquisador defende que outros fatores, como a atividade solar, aerossóis vulcânicos e o ciclo hidrológico exercem papeis mais importantes nesse sentido. “A temperatura do Oceano Pacífico é o grande controlador do clima global”, diz. Molion baseia sua teoria em dados que mostram que, quando o Pacífico esfria, as temperaturas atmosféricas diminuem.
As mudanças na temperatura global são naturais, de acordo com Molion. “Catástrofes climáticas sempre ocorreram e sempre vão ocorrer. O que temos que fazer é nos adaptar”, diz. O pesquisador acredita que o gás carbônico não é o vilão, mas que o grande problema mundial é o crescimento da população.

Para Carlos Nobre, pesquisador sênior do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), as catástrofes climáticas são, de fato, decorrentes da variabilidade natural. No entanto, o aquecimento global tende a acelerar ainda mais as catástrofes naturais. “Nenhum bom físico atmosférico duvida da existência do efeito estufa. Se não houvesse esses gases na atmosfera, nós estaríamos completamente congelados”, diz Nobre. Segundo o pesquisador, são os gases atmosféricos, principalmente o vapor d´água e o gás carbônico, que mantém e evitam mudanças mais bruscas na temperatura terrestre. E, se as concentrações desses gases aumentam, a temperatura sobe. Como, quando, onde, em que velocidade e em que proporção isso vai ocorrer é mais complicado dizer, segundo o pesquisador.

Nobre lembrou também que a Amazônia é muito importante como fator de estabilização climática planetária porque é um enorme reservatório de carbono acima do solo. Segundo o pesquisador, as chuvas na Amazônia são a principal forma que a natureza encontrou para colocar energia solar na atmosfera e gerar todas as circulações atmosféricas que nós temos no planeta. “Perturbações dessas chuvas também podem perturbar o clima em diversas partes do planeta”, afirma. Cerca de 1,6 bilhões de toneladas de carbono presente na atmosfera vem do desmatamento tropical. “Nossa maior contribuição [para a diminuição do aquecimento global] é a redução do desmatamento”, afirma.

Por Ana Paula Morales - comciencia
22/07/2009
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Cousteau defende ações urgentes para frear efeitos do aquecimento global

O oceanógrafo Jean-Michel Cousteau defende medidas urgentes para desacelerar os processos decorrentes do aquecimento global, entre os quais, o aumento da temperatura dos oceanos e seu consequente avanço sobre o continente. Em entrevista durante a 1ª Conferência Hemisférica de Proteção Ambiental Portuária, nesta quarta-feira (22) em Foz do Iguaçu, o ambientalista salientou a importância da educação ambiental como uma das formas de salvar o planeta.

“Nós temos as ferramentas para por em prática medidas que possam corrigir todos os erros cometidos no passado”, afirmou Jean-Michel referindo-se ao processo de degradação ocorrido nas últimas décadas. “Se pararmos de cometer os erros que estamos cometendo, as mudanças no meio ambiente diminuirão seu ritmo e correrão em seu ritmo normal”.

Jean-Michel estima que, dentro de duas ou três décadas, o aumento do nível do mar obrigará a desocupação das regiões costeiras no mundo inteiro. “Quantas milhões de pessoas que terão que se mudar das cidades litorâneas e quantos bilhões em recursos serão necessários para mudar toda a infraestrutura (o que inclui os portos) hoje existente?”, pontuou.

Para o pesquisador, que já percorreu vários países com o trabalho da Ocean Futures Society (organização não-governamental ambientalista), todos os oceanos e rios do Planeta devem ser tratados como um sistema hídrico único, já que qualquer dano ambiental em um determinado ecossistema terá efeito sobre os demais. “O derretimento do gelo da Cordilheira dos Andes contribui com a formação do Rio Amazonas, que responde por 20% de toda água doce do mundo”, exemplificou Jean-Michel.

Jean-Michel enfatizou que os mares precisam de um cuidado especial. “Estamos usando o oceano como uma lata de lixo. Não é um problema apenas do Brasil. É um problema mundial. E isso tem que mudar. Para isso, é preciso educação. Precisamos educar as nossas crianças, mas também formadores de opinião, políticos e os responsáveis por tomar decisões.”

Jean-Michel Cousteau, filho do célebre oceanógrafo Jacques Cousteau fará palestra magna na 1ª Convenção Hemisférica de Proteção Ambiental Portuária, em Foz do Iguaçu, na noite desta quarta-feira.

ae - 22.07.09
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Aquecimento global mata 315.000 pessoas ao ano

O aquecimento global já é responsável pela morte de 315.000 pessoas por ano.

De acordo com um relatório divulgado nesta sexta-feira pelo Fórum Humanitário Global, grupo liderado pelo ex-secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU) Kofi Annan, as mortes provocadas pelas mudanças climáticas são decorrentes de fatores como a fome, doenças e desastres naturais.

O relatório diz ainda que o número de mortes deve subir para 500.000 até 2030.
Segundo a entidade, o aquecimento global afeta seriamente 325 milhões de pessoas e provoca 125 bilhões de dólares em perdas econômicas todos os anos ao redor do mundo. De acordo com o estudo, nove entre cada dez mortes relacionadas à mudança climática são casos de desnutrição, diarreia e malária, superando o número de vítimas de desastres naturais diretamente relacionados ao clima.

A publicação da pesquisa, que conta com o apoio de vários institutos e agências internacionais, faz parte de uma estratégia que busca "pressionar" os governos para alcançar um acordo na Cúpula Mundial do Clima, que será realizada em dezembro, em Copenhague, na Dinamarca. Annan lamentou que a crise econômica tenha relegado a luta contra a mudança climática a um segundo plano. "A mudança climática não vai esperar", afirmou. O estudo foi elaborado a partir da análise de informações públicas sobre desastres naturais. Para o ex-secretario da ONU, o problema do aquecimento também representa uma ameaça à saúde, à produção de alimentos e à segurança no mundo.

O relatório indica que as consequências mais graves do aquecimento global afetam, sobretudo, as populações de países pobres - 99% das pessoas que morrem em razão das consequências da mudança climática estão em países em desenvolvimento. Esses países, porém, emitem apenas 1% do CO2 que polui a atmosfera terrestre. Nos próximos 20 anos, o número de pessoas que sofrem de fome crônica deverá saltar de 45 milhões para 90 milhões. Ao mesmo tempo, é esperada uma redução na produção de alimentos e elevação dos preços em cerca de 20%.

As áreas mais afetadas serão o Saara, o Oriente Médio, a Ásia Central, a África Subsaariana, o sul e sudeste da Ásia, a América Latina, partes dos Estados Unidos, países localizados em pequenas ilhas e a região do Ártico. A Austrália deve ser o país que mais sofrerá com os efeitos negativos do clima. Nos últimos 15 anos, o aumento de temperatura e a diminuição de chuvas causaram sua pior seca já registrada.

Veja/Reuters 29.05.09

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Antártica derrete mais rápido que imaginado, diz estudo

Em Genebra
A Antártica está derretendo a um ritmo mais rápido que se imaginava. O alerta é de um estudo realizado pela Organização Meteorológica Mundial (OMM), em colaboração com mais de mil especialistas sobre as regiões polares do planeta. A consequência será a elevação sem precedentes dos oceanos a níveis nem mesmo previstos pelo Painel Internacional sobre Mudanças Climáticas (IPCC).

Mais de 200 milhões de pessoas que vivem em regiões costeiras poderão sofrer. Outro foco de preocupação é a de perda de gelo na Groenlândia e o derretimento das águas do Ártico.

O relatório, preparado no âmbito das comemorações do Ano Polar, concluiu que tanto o Polo Sul como o Norte estão sofrendo uma "acelerada e generalizada" perda de gelo. A parte ocidental da Antártica também sofreria com o aquecimento.

Informações obtidas até recentemente apontavam que essa região estaria de certa forma isenta a mudanças climáticas. Cientistas estimavam que o gelo sobre o território da Antártica e Groenlândia não estavam sofrendo da mesma forma que o gelo na águas polares. Mas as constatações agora são de que esses blocos também estão sendo perdidos.

Para os cientistas, o resultado pode ser uma deterioração ainda maior do aquecimento global, já que o derretimento desse gelo polar pode liberar gases que estavam presos e intensificar os problemas climático.

Colin Summerhayes, diretor executivo do Comitê Científico de Pesquisas sobre a Antártica, admitiu que não esperava que a conclusão fosse tão sombria. "O que vemos é que não é apenas a parcela de terra que chega até o sul da América do Sul que está sendo afetada", disse. O estudo foi realizado durante dois anos e envolveu mais de mil cientistas de 60 países.
Agência Estado - 25.02.09

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Mar subirá 1,80 m até 2100, diz estudo

Cálculo de cientista alemão feito com dados mais robustos revê previsão oficial do painel do clima da ONU em 200%

Medições feitas por francesa comprovam que velocidade do fenômeno -alimentado pelo aquecimento global-aumentou para o dobro

A velocidade com que o nível do mar está subindo agora é quase o dobro daquela verificada no século 20. Já se sabia que o fenômeno -alimentado pelo aquecimento global- era grave, mas os dados mais recentes, coletados desde 1993, mostram que a elevação da linha d'água até 2100 será de 1,80 metro, mais do que o dobro da prevista pelo painel do clima da ONU.
"Entre 1993 e 2008, a taxa média global registrada foi de 3,4 mm por ano", disse à Folha a pesquisadora francesa Anny Cazenave, do Centro Nacional de Estudos Espaciais de Toulouse (França). Esse número, obtido por medições de satélite que geraram uma série histórica inédita, ganha um ar de gravidade quando comparado a outro: entre 1950 e 2000, a elevação média do mar era de 1,8 mm por ano, diz a cientista.
"Mas a maior surpresa não é essa", diz Cazenave, que apresentou suas recentes medições -processadas até dezembro- na reunião da AAAS (Sociedade Americana para o Avanço da Ciência), encerrada na semana passada em Chicago.
"As causas dessa aceleração do nível do mar também mudaram", diz. Entre 2003 e 2008, o derretimento das geleiras e dos mantos de gelo (Groelândia e Antártida) contribuiu com 80% da elevação. A expansão térmica -o aumento de volume da água pelo aquecimento- ajudou com cerca de 20%.
Na virada do século, porém, o cenário ainda era diferente. Entre 1993 e 2003, o aquecimento da água do mar explicava 50% do fenômeno, enquanto as massas de gelo respondiam por 40%. (Ainda não existem dados para explicar os 10% que fechariam a conta.)
Para os cientistas, não há dúvida: as atenções devem ser voltadas agora para regiões como o Ártico, a Antártida e as demais geleiras continentais. Entre essas áreas, o norte da Terra é o mais rico em gelo.

Um metro a mais
"Hoje, tanto os mantos de gelo quanto as geleiras continentais [na Antártida, na Groelândia, nos Andes ou no Himalaia] têm igual relevância, mas tudo indica que os primeiros serão cada vez mais importantes daqui para a frente", disse Stefan Rahmstorf, pesquisador da Universidade de Potsdam (Alemanha), que apresentou suas pesquisas no evento da AAAS, às margens do rio Chicago.
As contas do pesquisador alemão sobre o futuro do nível médio do mar indicam que os modelos apresentados até hoje estão otimistas demais. "Em 2100, posso dizer agora, o nível dos oceanos deverá estar aproximadamente um metro acima do que estava previsto pelo modelo [mais pessimista] do IPCC", o painel do clima das Nações Unidas que contou com a participação de Rahmstorf.
Acreditava-se que nível do mar não deveria subir mais do que 60 cm até 2100 (comparado com 1980-1999). Agora, porém, estima-se a marca de 1,80 metro. "E o nível do mar não vai parar de subir em 2100. Ele poderá chegar até 3,5 metros em 2200 e bater os 5 metros em 2300", disse Rahmstorf. No passado, mostrou o pesquisador, o nível do mar atingiu o pico há 40 milhões de anos. As águas estavam mais de 70 metros acima do que estão hoje.
Apesar de um nível do mar elevado não ser novidade para o planeta, a espécie humana, que surgiu há apenas 200 mil anos, nunca viu algo assim.
De acordo com Cazenave, as medições já feitas nestes últimos 16 anos mostram três regiões onde a subida do nível do mar já é realidade. "As áreas mais afetadas são o oeste do oceano Pacífico, o litoral da Austrália e também a Groelândia", diz a cientista.
Como as previsões não são uniformes, e levam em conta valores médios, uma pergunta de interesse pessoal foi feita por um espectador da palestra em Chicago. "Sou da Flórida. Quero saber o que vai ocorrer lá", disse. "Vocês [cientistas] é que têm de dizer onde o mar subirá nos próximos anos."
Mas os cientistas silenciaram, e a questão também continua aberta para quem vive na Califórnia, no Taiti ou no Recife. Diante da dúvida, o melhor que cidades costeiras têm a fazer é se prepararem para o pior.

Folha Online - 22.02.09

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PRIORIDADE ABSOLUTA

Um mundo adequado para as crianças é “aquele onde todas adquirem a melhor base possível para sua vida futura,
têm acesso ao ensino básico de qualidade, incluída a educação primária obrigatória e gratuita para todos.
É aquele onde todas as crianças e adolescentes desfrutam de várias oportunidades para desenvolver
sua capacidade individual em um meio seguro e propício”

(Relatório da Sessão Especial da Assembléia Geral das Nações Unidas sobre a Criança - 2002)

O risco-criança e a sobrevivência da espécie
Em que medida as mudanças climáticas tornam lenta, ou até impossível, a garantia de oportunidades de desenvolvimento e do atendimento aos direitos básicos de crianças e adolescentes? Quais os papéis da publicidade, da educação formal e do protagonismo juvenil na busca da sustentabilidade da vida? As crianças e adolescentes são a parcela da população mais vulnerável aos impactos das mudanças climáticas, especialmente aquelas que vivem em países de baixa renda e em desenvolvimento.

Segundo o estudo Climate Change and Urban Children: Implications for adaptation in low and middle income countries (PDF 726 KB - Baixar Arquivo) (Mudanças Climáticas e Crianças em áreas Urbanas: Implicações para a adaptação em países de baixa e média renda), publicado em 2008 pela organização não-governamental britânica International Institute for Environmental and Development (IIED), tempestades, degradação da terra, queimadas, diminuição da quantidade e da qualidade da água, migração e desalojamento, o aumento no preço dos alimentos, entre outros – apesar de terem naturezas distintas –, apresentam alguns resultados semelhantes: mais desnutrição, mais doenças, mais mortes, mais risco de abuso e exploração.

Como é possível observar no quadro abaixo, o documento apresenta de forma suscinta e didática a implicação de cada uma das alterações resultantes das mudanças climáticas para a vida das crianças nas regiões mais pobres do planeta.

Além de efeitos na saúde e na mortalidade, as mudanças climáticas também implicam no aumento do número de crianças fora da escola e no incremento da desigualdade social, em uma dinâmica que gera conseqüências socioeconômicas com implicações a longo prazo para o desenvolvimento tanto das crianças quanto de seus países (clique aqui para ver figura). Em última instância, o “risco-criança” é uma ameaça à sobrevivência da própria espécie.

Implicações das mudanças climáticas para a infância.
Mudanças

Impactos nos sistemas naturais,
agricultura e água

Impacto nas áreas urbanas
Impactos na saúde e
enfrentamentos familiares
Implicações para as crianças
Aumento de períodos
quentes e ondas de calor
mais freqüentes na maior
parte das regiões
- Redução das culturas agrícolas nas regiões mais quentes
- Aumento do risco de incêndios
- Aumento das doenças transmitidas por vetores
Ilhas de calor com altas temperaturas (até 10° acima)
- Altas concentrações de pessoas vulneráveis
- Aumento da poluição atmosférica
- Aumento da mortalidade relacionada ao calor e morbidade
- Mais doenças transmitidas por vetores
- Impactos para aqueles que fazem trabalhos que exigem esforço físico
- Aumento das doenças respiratórias nas localidades onde a poluição do ar é pior
- Falta de alimentos
- Maior vulnerabilidade ao estresse térmico para as crianças mais jovens
- Maior vulnerabilidade às doenças respiratórias
- Doenças transmitidas por vetores
- Maior vulnerabilidade à desnutrição com implicações de longo prazo
Aumento da freqüência de precipitações pesadas na maior parte das regiões
Intensificação dos ciclones tropicais
- Danificação das culturas agrícolas
- Erosão do solo
- Inundações
- Risco de má qualidade da água e de interrupção do abastecimento
- Danificação das culturas, árvores e recifes de corais
- Problemas com o fornecimento de água
- Maiores riscos de inundações e deslizamentos de terras
- Ruptura da subsistência e das economias das cidades
- Perigo para os lares, bens, negócios e para o transporte e infra-estrutura
- Perda de rendimentos e bens
- Grandes deslocamentos populacionais com riscos para as redes e atividades sociais
- Lesões e mortes
- Aumento do preço da água e dos alimentos e das doenças relacionadas à contaminação da água
- Falta de alimentos
- Maior incidência de casos de malária, devido às águas paradas
- Menor mobilidade, com implicações para a subsistência;
- Deslocamentos e risco de doenças mentais associadas, especialmente, aos deslocamentos
- Maior risco de morte e lesões quando adultos
- Maior vulnerabilidade a doenças transmitidas pela água e à malária
- Risco de desnutrição aguda
- Menos opções para a interação social
- Perdas de renda familiar, possibilitando que crianças deixem de estudar para trabalhar
- Maior risco de negligência, abuso e maus-tratos associados ao estresse familiar e/ ou a deslocamentos
- Riscos em longo prazo para o desenvolvimento e perspectivas futuras
Aumento de áreas afetadas pela seca - Degradação da terra
- Diminuição das áreas cultiváveis
- Perda na pecuária
- Risco de incêndios e escassez hídrica
- Escassez de água
- Pobreza
- Migração para centros urbanos
- Problemas à geração hidroelétrica
- Menor demanda rural para bens e serviços
- Aumento do preço dos alimentos
- Escassez de comida e água
- Desnutrição
- Contaminação da comida e da água
- Aumento do risco dos problemas mentais
- Problemas respiratórios provenientes de incêndios florestais
- Alto risco à saúde das crianças pequenas devido ao inadequado suprimento de água
- Maior risco de desnutrição, com implicações de longo prazo ao desenvolvimento global
- Risco de entrada precoce ao trabalho e de exploração
Aumento da incidência de elevação do nível do mar - Salinização da água e fontes - Perda da propriedade e de empresas
- Dificuldades e mesmo impedimentos para o turismo
- As construções serão ameaçadas pelo aumento do nível do mar
- Inundações costeiras, aumentando o risco de mortes e lesões
- Perda de meios de subsistência
- Problemas de saúde devido à salinidade da água.
- Altas taxas de mortalidade infantil
- Alto risco à saúde devido à salinização do suprimento de água, com implicações em longo prazo para o desenvolvimento

Presente indica ameaças do futuro – Alguns impactos das mudanças climáticas na infância já podem ser observados no presente e tendem a agravar-se no futuro. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), atualmente quatro milhões de crianças com menos de cinco anos de idade morrem todos os anos por desequilíbrios ou acidentes ambientais. As causas são as mais diversas, como a poluição do ar e da água, exposição a substâncias químicas, furacões e enchentes, que acarretam envenenamentos, diarréia, cólera e malária, infecções respiratórias e outras doenças, que atingem especificamente as regiões menos desenvolvidas do globo.

Alguns estudos mostram, por exemplo, que as alterações no ambiente provocadas pelo aquecimento global contribuem para a expansão de doenças transmitidas por vetores – como a malária, que mata atualmente 800 mil crianças por ano, segundo o relatório Nosso clima, nossas crianças, nossa responsabilidade (Our climate, our children, our responsability, Unicef, 2008).

Mesmo em países desenvolvidos, os impactos das mudanças no clima podem ser sentidos. A previsão é de que, em um cenário de aumento de 2 a 3 graus na temperatura do planeta nos próximos 50 anos – como desenhado pelo IPCC, a transmissão desse e de outros tipos de enfermidade aumente em todo o planeta.

A subnutrição, por sua vez, será intensificada pelas mudanças no ambiente (desertificações, inundações e secas). O Relatório de Desenvolvimento Humano 2007/2008 (PDF 8.730 KB - Baixar Arquivo) do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) calculou o impacto devastador da seca nos índices de oportunidade de vida. Para se ter uma idéia, no Quênia, nascer em ano de seca aumenta a probabilidade de subnutrição das crianças em 50%.

Os efeitos imediados dos desastres naturais, como desalojamento e migrações, também já afetam as crianças no presente. Estima-se que esses fenômenos atinjam 250 milhões de pessoas por ano, uma média que apenas deve crescer. As Nações Unidas prevêem que, em 2010, haverá cerca de 50 milhões de “desabrigados ambientais”, formados em sua maioria por mulheres e crianças. Segundo relatório publicado em 2007 pela ONG Save the Children UK, intitulado ¿Un futuro de catastrofes? El impacto del cambio climático en la infancia (Um futuro de catástrofes? O impacto da mudança climática na infância) (PDF 2.423 KB - Baixar Arquivo), das aproximadamente 350 milhões de pessoas que serão afetadas por desastres naturais anualmente durante a próxima década, 175 milhões serão crianças.

Segundo Ricardo de Paiva e Souza, Coordenador de Programas da Save the Children Suécia no Brasil, meninos e meninas são os mais vulneráveis por serem indefesos, e não sofrem apenas durante as catástrofes: “Observamos que o incremento de violência física e sexual nas situações de pós-emergência é enorme”, afirma.


Efeitos a longo prazo – Os custos econômicos gerados pelos fenômenos naturais aumentaram dramaticamente no passado recente, segundo o já mencionado relatório do Unicef. “Os gastos financeiros com eventos relacionados ao clima representam uma boa parte do PIB - Produto Interno Bruto dos países em desenvolvimento”, afirma a publicação. “As perdas em PIB decorrentes de um cenário otimista e decorrentes somente de mudanças climáticaspodem gerar entre 40 e 160 mil mortes de crianças por ano no sul da Ásia e na África Subsaariana”, afirma o estudo. Em um cenário pessimista, o número aumentaria entre 60 e 250 mil por volta do ano 2100.

As conseqüências dos impactos das mudanças climáticas na economia vão além da morte de crianças ocasionadas pelos desastres. A publicação do Unicef afirma que os danos econômicos oriundos das mudanças climáticas obrigarão os pais a retirarem seus filhos das escolas para economizarem em água e gasolina, por exemplo.

De acordo com o Relatório de Desenvolvimento Humano 2007/2008 do PNUD, quando as crianças são retiradas das escolas para ajudar os pais ou sofrem de má nutrição devido à escassa disponibilidade de alimentos e têm falhas no seu rendimento, as conseqüências podem permanecer para o resto das suas vidas.

“Os retrocessos na nutrição, saúde e educação são intrinsecamente negativos, uma vez que reduzem as prospecções para o progresso da economia e do emprego (...). Os impactos climáticos isolados podem, por conseguinte, criar ciclos cumulativos de desvantagem, que são transmitidos geração após geração”.

Para o diretor do Unicef na Inglaterra, David Bull, é evidente que um erro nas tentativas de resolver os problemas climáticos se converte em um erro no que se refere à proteção da infância. Segundo o estudo do IEED, “se as discussões sobre os impactos das mudanças climáticas falharem em levar em conta as vulnerabilidades (e as capacidades) particulares de crianças de diferentes idades, as medidas de prevenção e adaptação podem se demonstrar inadequadas de diversas maneiras, e podem até mesmo resultar em prejuízos adicionais para a saúde e a mente de meninos e meninas”.

Fapesp - 10.02.09

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Redução no uso de combustíveis poderia frear aquecimento
Uma diminuição de 20% até 2020 seria suficiente para reduzir o aumento da temperatura para menos de um grau

SANTIAGO DO CHILE - Uma redução de 20% no uso de combustíveis fósseis até 2020 seria suficiente para conter o aquecimento global e reduzir o aumento da temperatura da Terra para menos de um grau, segundo um estudo.

A estimativa foi feita à Agência Efe pelo próprio autor do relatório, Gary Schaffer, do Departamento de Geofísica da Universidade de Concepción, cidade chilena situada 515 quilômetros ao sul de Santiago.Segundo Schaffer, que também faz parte do corpo docente do Niels Bohr Institute da Universidade de Copenhague (Dinamarca), caso sejam consumidos os cinco bilhões de toneladas de reservas de carvão nos próximos séculos, a temperatura global aumentará 5 graus em relação ao nível atual.Com isso, a próxima era do gelo ocorreria dentro de 170 mil anos.No entanto, se o uso de combustíveis fósseis cair 20% em 2020 e 60% no ano de 2050, tendo como parâmetros os níveis de 1990, a temperatura global aumentaria menos de um grau e a próxima idade do gelo só chegaria dentro de aproximadamente 505 mil anos.O cientista reiterou que conter o consumo de combustíveis fósseis não só é imprescindível para frear o aquecimento global, mas também para poder contar com eles para aquecer o planeta no futuro e adiar próximas eras de gelo.

Os resultados do estudo serão publicados amanhã na revista científica Geophysical Research Letters.

oesp.10.02.09

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Elevação do nível do mar pode ser pior que o esperado

Fatores como mudança na atração gravitacional sobre os mares precisam ser levados em conta.
WASHINGTON - O gelo derretido pelo aquecimento global poderá elevar o nível dos mares ainda mais do que o esperado, sugere uma análise publicada na revista Science.

Degelo no Ártico traz novas ameaças à segurança, diz a Otan.
O derretimento de gelo na Antártida e em outras áreas poderia elevar o nível do mar, no longo prazo, de 5 metros a 5,2 metros, indicavam estudos anteriores. Mas o novo estudo chama atenção para fatores que vinham sendo ignorados, e que poderão levar o aumento do nível oceânico em até 6,4 metros em algumas áreas.

As pesquisas anteriores concentravam-se na água adicionada ao mar pelo gelo derretido e na expansão dos mares por conta da elevação da temperatura.

O novo trabalho, liderado pelo geofísico Jerry X. Mitrovica, diz que outros fatores têm de ser levados em conta. Entre eles, o fato de que, ao derreter-se, o gelo reduz a atração gravitacional sobre os oceanos, o que faz com que as águas se espalhem mais; o de que, o leito rochoso da Antártida está sob a pressão de toneladas de gelo, e que quando essa pressão some a rocha tende a se expandir, deslocando mais água; e que o derretimento poderá afetar o eixo de rotação da Terra.

Jerry X. Mitrovica é Diretor da CIAR's Earth System Evolution Program e Professor de Física(geofísica) da University of Toronto - Canadá..

Associated Press - 05.02.09

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Aquecimento global fará nível do mar subir 1 m até o fim do século, diz estudo

O nível do mar crescerá mais que o esperado e subirá cerca de 1 m neste século como, conseqüência do aquecimento global e da mudança climática, afirmaram nesta quinta-feira (9), em Berlim, cientistas alemães.

O diretor do Instituto de Pesquisa do Clima de Potsdam, Hans Joachim Schellnhuber, e o meteorologista Jochem Marotzke apresentaram em entrevista coletiva um novo estudo que revisa o último relatório mundial do clima, publicado no ano passado.

Antes, a previsão era que o nível do mar subisse entre 18 cm e 59 cm até o final do século. "Calculamos que neste século o nível do mar subirá cerca de 1 m", declarou Schellnhuber.

Além disso, ele afirmou que nos últimos anos o nível de degelo nos pólos duplicou e, em alguns casos, inclusive triplicou. Na opinião deles será impossível limitar o aquecimento global da terra a 2ºC, em média, como se espera agora, caso não sejam realizados "grandes esforços".

EFE, 10.10.08

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Obstáculos na luta contra a mudança climática

A crise financeira poderia afetar negativamente as próximas negociações internacionais sobre mudança climática, advertiu o Secretário-Executivo para a Convenção Marco da ONU no tema, Yvo de Boer.
Destacou que a mudança climática gera uma oportunidade de abertura de novos mercados e de criação de empregos.
Comentou que a demanda de energia crescerá 55% para o ano 2030. Indicou que nesse período a infra-estrutura do setor requereria um investimento de bilhões de dólares, a metade dos quais deverão fazer-se em países em desenvolvimento.

ONU, 10.10.08

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Mudança Climática - Também uma questão jurídica

A mudança climática já deixou de um mero problema científico. À parte do aspecto econômico, as incidências do aquecimento global obrigam que o tema seja levado em conta pela justiça internacional.

Uma pessoa em um país em desenvolvimento deve ter os mesmos direitos de emissões ambientais que os de uma que vive em um país industrializado. Esta é uma das conclusões do Simpósio Internacional de Economia e Ecologia que teve lugar este fim de semana na localidade de Plön, no noroeste da Alemanha.

Os países com grandes parques industriais e um imenso tráfico automotor podem comprar os direitos de emissões contaminantes aos países com menos “capacidade de contaminação”, diz a proposta de cientistas, políticos e empresários de
diferentes países que, quanto ao resto, não é nova, mas que ainda não há sido implementada verdadeiramente.

“A divisão equilibrada dos custos da contaminação global é uma forma eficiente de lutar contra o aquecimento global”, disse o presidente do Instituto de Economia (IfW), Dennis Snower.
O ar puro tem seu preço.
Os especialistas reunidos em Plön exigiram além disso “ir à frente de Quioto”. Em dita cidade japonesa, a maioria dos países industrializados se comprometeu em 1997 a reduzir até 2012 a produção de gases causadores do efeito estufa pelo menos em 5% da quantidade quantificada em 1990.
A Europa, que se considera modelo de proteção do meio ambiente, está vivendo na própria carne o que significa repartir as cargas. É que a proteção do clima não é grátis. Fazem falta bilhões de euros para que a UE possa cumprir sua própria meta de reduzir até 2020 a emissão de gases tóxicos em 5% com relação a 1990.
O Ártico: outra frente do aquecimento global
A crescente perda dos glaciais ao redor de todo o mundo e especialmente o descongelamento das camadas de gelo do Pólo Norte foram também um tema de debate em Plön. A rapidez com que as placas de gelo do ártico desaparecem é um indicador das "mudanças substanciais" que o aquecimento global impõe à humanidade, disse um dos cientistas.
Pesquisadores anunciaram que cinco placas nas Ilhas Ellesmere, no norte do Canadá, que têm mais de 4.000 anos de antigüidade, se reduziram em 23% neste verão de 2008. A massa de gelo maior se está desintegrando e uma das pequenas, que cobre uma superfície de 55 quilômetros quadrados, se rompeu completamente no mês de agosto.
"Os modelos climáticos indicam que a maior mudança, o mais grave das mudanças, ocorrerá de forma adiantada nas latitudes do norte", disse Warwick Vincent, diretor do Centro de Estudos do Norte na Universidade de Laval, no Québec.
Mais furacões, mais ciclones, mais tornados…
"Este é o começo de mudanças mais substanciais no resto do planeta (...) Nossos indicadores nos mostram exatamente o que os modelos climáticos predizem", advertiu Vincent.
Está previsto que o aquecimento global gere mais fenômenos climáticos daninhos como furacões, ciclones ou inundações.
"Acho que estamos em um ponto onde não é possível deter, mas se pode reduzir. E se pensarmos na magnitude dos efeitos em nossa sociedade, aí realmente necessitamos dedicar mais tempo para nos colocarmos em forma para as mudanças muito substanciais que vêm", disse Vincent.

Problema de mudança climática passa de moral a jurídico
Por sua vez, a organização não-governamental Oxfam apelou para que o respeito e a responsabilidade legal pelos direitos humanos devem estar no centro de qualquer novo acordo para enfrentar a mudança climática, ressaltando que as nações ricas têm que assumir a maioria dos custos.
Na nota "Climate Wrongs and Human Rights", (Os direitos humanos e erros sobre o clima), Oxfam ressalta que as nações mais ricas do mundo causaram a maioria do problema devido ao uso de combustíveis fósseis para a energia e transporte, enquanto os povos mais pobres do mundo são que mais sofrem.
Kate Raworth, a autora da nota da Oxfam conclui: "A mudança climática foi vista primeiro como um problema científico, depois como um econômico. Agora se transformou em um tema de justiça internacional".

"Os princípios dos direitos humanos dão uma alternativa ao olhar de que tudo, desde o carvão até a desnutrição, pode ter preço, comparado ou comercializado", acrescentou Raworth, o qual adviritiu que "estes princípios devem ser o núcleo de um acordo global que detenha amudança climática mundial". Longe do objetivo de reduzir à metade as emissões globais de carbono para 2050, um novo acordo climático que substitua o Protocolo de Quioto, o qual expira em 2012, deve fixar um objetivo de 80% na redução de emissões, indicou Oxfam. Uma meta que parece ilusória, se se leva em conta que nem sequer se cumpriu nem se cumprirá o compromisso de Quioto.
A organização sustentou que alguns países se mostram renitentes nas negociações para um novo pacto de comércio de emissões que se supõe será estipulado em 2009 em Kopenhagen, dando três anos aos países para que o ratifiquem com o fim de permitir um parêntese depois do fim de Quioto. Raworth denuncia que "alguns países industrializados estão usando argumentos econômicos pobres para fazer o menos possível, quando de fato moralmente, a ciência e os direitos humanos exigem muito mais deles".

Os prognósticos
Cientistas predizem que a temperatura global média aumentará entre 1,8° e 4° centígrados durante este século devido às emissões de dióxido de carbono, causando inundações, fome, tempestades mais violentas e pondo milhões de vidas em risco.
Há um amplo acordo sobre os esforços que devem realizar-se para limitar o aumento da temperatura a só 2°. Ainda assim, os cientistas acham que um aumento de 4° é muito mais provável, trazendo consigo mudanças catastróficas e a extinção de espécies.

José Ospina Valencia / Agências, 10.09.08

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O impacto das mudanças climáticas na infância

Previsões de desastres climáticos - Um futuro de catástrofes?

"O impacto das mudanças climáticas na infância" é o estudo realizado pela ONG Save the Children, que adverte que em 2010 os desastres naturais decorrentes do aquecimento global provocarão 50 milhões de exilados ambientais em todo o mundo.

A análise expõe que dos 250 milhões de pessoas afetadas por desastres naturais por ano, 50% são menores de idade. Esses dados aumentam através dos anos.

Save the Children estima que até 350 milhões de pessoas se verão afetadas por desastres naturais anualmente durante a próxima década.

Na sua opinião, a mudança climática põe em risco o desenvolvimento sustentável "aguçando potencialmente a pobreza infantil e aumentando sua vulnerabilidade a sofrer abusos, exploração ou deslocamentos forçados", ante o que é imprescindível e urgente "uma ação internacional ante o aquecimento global e seu efeito na infância".

18.10.07

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Costa Rica dá passos concretos para ser primeiro país neutro em emissão de CO2
 

 

Antes de 2021 Costa Rica se transformará no primeiro país do mundo neutro em emissões de dióxido carbono (CO2), como parte da estratégia desta pequena nação centro-americana para combater o aquecimento global.
Para alcançá-lo, se apostou pelo trabalho conjunto entre Estado e setor privado, que inclui desde medidas para mitigar as emissões e aumentar a fixação de carbono, até o desenvolvimento de um selo internacional que credenciará empresas e instituições como " limpas" do ponto de vista do aquecimento.

O ministro de Ambiente e Energia da Costa Rica, Roberto Dobles, explicou a Efe que o país já goza de uma reputação importante no mundo como um protetor da natureza, mas que ante as ameaças do aquecimento se devem tomar novas e imediatas ações.
O aquecimento global, sublinhou o ministro, afeta por igual a todo o planeta, indistintamente de onde provenham as emissões, e por isso cada país deve assumir a responsabilidade de colaborar, ou, como predizem os cientistas, estaremos "às portas de um desastre natural sem precedentes".
Ainda que com apenas 51.100 quilômetros quadrados de território, e não figurando na lista dos maiores emissores de CO2 do planeta, diversos estudos alertaram que o aquecimento global produzirá fortes inundações que afetarão a agricultura, o gado e o turismo nos próximos anos.
Além disso, se espera que certas zonas costeiras submerjam totalmente diante da elevação do nível do mar e que dezenas de milhares de espécies de animais e plantas desapareçam.
O aumento na temperatura do planeta também provocará um aumento nas doenças infecciosas e respiratórias no país, e facilitará a propagação de doenças como a dengue, que, por exemplo, este ano quebrou todos os recordes nacionais de incidência, com mais de 12.000 casos atendidos.

"Estamos em uma situação de franca deterioração que continuará até que o mundo se ponha de acordo para enfrentar o aquecimento, mas enquanto isso não podemos cruzar osbraços", manifestou Duplos.

A estratégia costa-riquenha para diminuir a zero o impacto de sua emissão de gases de efeito estufa começa com um inventário por regiões em todo o país, para medir quanto CO2 se está enviando à atmosfera, detalhou o ministro.
Os estudos assinalam que cada costa-riquenho emite por ano 2,2 toneladas métricas de CO2, muito abaixo das 24 que emite cada norte-americano, das 9,5 toneladas de um europeu, ou das 4de um chinês.
Com esta contagem, acrescentou Duplos, as empresas e cidadãos de cada região desenvolvem um plano de ação que abrange desde uma reconversão produtiva para impulsionar o uso de bio-combustíveis, até o plantio de árvores para aumentar a fixação de carbono.Este ano, o compromisso do governo é plantar cinco milhões de árvores que sirvam para este propósito.

O país já registrou a marca internacional "C-Neutro", que servirá como um selo de garantia a instituições, comunidades e empresas que alcancem os objetivos de reduzir a zero suas emissões de gases de efeito estufa.
"Em um futuro próximo, com consumidores cada vez mais você conscientes, o mercado começará a diferenciar entre empresas sujas e limpas, desde o ponto de vista do aquecimento, e é aqui onde, como país, temos uma janela de oportunidade de sermos pioneiros", disse Duplos.
Por exemplo, a zona norte da Costa Rica, que será a primeira região C-Neutro, será promovida como um destino turístico que além de sua beleza natural não agride a atmosfera, o que lhe dará um valor acrescentado único no mundo.
A iniciativa da Costa Rica para ser neutra nas suas emissões já foi seguida pela Nova Zelândia e Noruega, e a cada dia ganha mais apoio no país.

Empresas como Coca Cola Interamerican, Chiquita e Dole, Cemex, Holcim, além de universidades, hotéis e locadoras de autos se uniram ao esforço. As autoridades esperam que esse entusiasmo contagie o mundo inteiro.

EFE, 28.8.07


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OS 10 MAIS

1) ESTADOS UNIDOS: segundo o Greenpace este país gera 33% do total de gases contaminantes que aumentam o aquecimento global. O uso desmedido que faz de combustíveis fósseis (gás, carvão e petróleo) em processos industriais, o transforma no principal responsável. Mesmo participando de negociações, não se incorporou ao Protocolo de Kioto (único mecanismo para resistir a mudança climática global), já que afetava sua economia e não exigia às nações em vias de desenvolvimento a diminuição nos índices de contaminação que geravam. Este país apóia a diminuição voluntária, sem estabelecer-se metas nem prazos.
2) CHINA
: considerado como um dos principais produtores de carvão no mundo para gerar eletricidade e cimento, ocupa o segundo lugar como emissor de gases contaminantes que afetam a atmosfera. Além disso, a crescente demanda de produtos manufaturados nesse país aumenta sua responsabilidade na produção destes gases. Um estudo realizado pela Agência Ambiental holandesa assegura que a China aumentou a concentração de dióxido de carbono (um dos gases responsáveis do efeito estufa) durante o ano 2006, inclusive superando os níveis de EUA.

A União Européia ocupa o terceiro lugar nesta lista. As nações mais contaminantes na região são Espanha, Luxemburgo, Portugal e Irlanda:
3) ESPANHA:
o relatório “Inventário anual de gases de efeito estufa da Comunidade Européia 1990-2005 e relatório do inventário 2007” que foi enviado à secretaria da Convenção Marco das Nações Unidas sobre a Mudança Climática (CMNUCC) como o documento oficial da Comunidade Européia assinalou a Espanha como o país onde se registrou o maior aumento das emissões de gases de efeito estufa entre 2004 e 2005. O aumento de 3,6% nas emissões de dióxido de carbono se atribuiu principalmente à produção de eletricidade e calor, por causa de um aumento na geração de eletricidade nas centrais térmicas que utilizam combustíveis fósseis.
4) LUXEMBURGO: segundo a Agência Européia de Meio Ambiente, o aumento de emissões em Luxemburgo obedeceu à introdução de uma nova planta de geração de eletricidade e calor. Isto lhe gerou em 2004 um aumento de 10,4% nas emissões de gases de efeito estufa.
5)PORTUGAL: segundo a Agência Européia de Meio Ambiente, a emissão de gases contaminantes em Portugal se deve ao maior uso de combustíveis fósseis na geração de energia para compensar a diminuição da produção de energia hidroelétrica, devido à seca dos rios. Em 2004 este país teve um aumento de 4,1% na geração de dióxido de carbono.
6)IRLANDA: no dia 23 de abril de 2007, vinte organizações irlandesas e internacionais, entre elas: Concern Worldwide, Eco-UNESCO, o Conselho Nacional da Juventude da Irlanda e Oxfam, empreenderam a campanha “Detenha o caos climático” nesse país. Com esse movimento pretendem criar uma norma que fixe um orçamento anual de produção de carvão (seu principal fator contaminante) para diminuir em 3% as emissões de gases estufa. Em 2003, 2004 e 2005 a Irlanda emitiu 17 toneladas de gases de efeito estufa por pessoa ao ano, superando amplamente a média de contaminação per capita da UE: 11 toneladas.
7) RÚSSIA: segundo o Greenpace este país emite 17% do total de gases de efeito estufa no mundo. Um relatório realizado por cientistas da Administração Nacional de EUA para os Oceanos e a Atmosfera em Colorado, apoiado pelo diário The Boston Globe, informou que a queima de gás emite 400 milhões de toneladas de dióxido de carbono à atmosfera ao ano. Assinalou a Rússia como principal responsável.
8) JAPÃO: O Protocolo de Kioto insta os países industrializados a reduzir suas emissões de gases de efeito estufa, numa média anual de 5,2% com relação ao nível de 1990, durante o período 2008-2012. O objetivo de redução para o Japão está em 6%. No entanto, as emissões de dióxido de carbono neste país em 2004 aumentaram 8% com relação ao ano de referência. Isto obriga o país a alcançar uma redução de 14% para cumprir com o objetivo do protocolo de Kioto. O Centro de Imprensa Oficial Estrangeira do Japão assegura que em 2003 o Japão emitiu 1336 milhões de toneladas de gases de efeito estufa (equivalente a dióxido de carbono), 8% mais com relação a 1990. No que diz respeito a sua origem, 37,9% procedia do setor industrial (um descenso de 0,2% com relação a 1990), 20,7% do setor do transporte (com um aumento do 20%), 15,7% de outros setores entre os quais se incluíam os escritórios e outros complexos empresariais (com um aumento de 37%).
9) CANADÁ: este país é grande produtor de petróleo, carvão e gás, responsáveis por boa parte dos aumentos das emissões. Desde 1990, o Canadá aumentou em 30% a produção de dióxido de carbono e outros gases.
10) ÍNDIA: no Protocolo de Kioto os países em vias de desenvolvimento não estão obrigados a reduzir suas emissões de gases de efeito estufa. O problema é que quando estes países aumentam seus níveis de vida, também aumentam a produção de ditos gases. Uma investigação realizada pela Administração de Informação de Energia, órgão estatístico do Departamento de Energia de EUA estima que a combustão do carvão, que está aumentando nos Estados Unidos, na Índia e na China, poderia ultrapassar o petróleo como a principal fonte de emissões de dióxido de carbono entre 2015 e 2030. O relatório assegura que em quatro anos as emissões deste gás nos países asiáticos com desenvolvimento rápido, como a Índia e a China, ultrapassarão as da América do Norte.
Fonte: Colombia - 18.07.07

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Global Combat
150 multinacionais se propõem a combater mudanças climáticas e reduzir as emissões de CO2.

Por iniciativa da Organização das Nações Unidas mais de 150 multinacionais se propuseram a combater as mudanças climáticas e reduzir as emissões de CO2.
O secretário-geral da ONU, Ban Ki-Moon destacou o compromisso das empresas com a proposta denominada Global Compact. Em uma declaração assinada em Genebra se pediu também aos governos que adotem medidas para proteger o meio ambiente.
Agências Confirm.- Equador
- 06.07.07

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Elevação do nível do mar é detectada no Rio de Janeiro

O nível do mar em Macaé, Rio de Janeiro, está subindo em média 37 milímetros por ano, muito acima da média mundial, segundo estudo divulgado pelo governo.
A elevação do nível do mar nesta cidade ao norte do Rio de Janeiro e importante polo petroleiro é dez vezes superior à altura média do mar no mundo inteiro (3.1 milímetros ao ano), segundo os dados do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas da ONU (IPCC).
O fenômeno foi denunciado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), que divulgou um estudo sobre a elevação do nível do mar nos últimos cinco anos em duas de suas quatro estações de medição: Macaé e Imbituba.
As outras estações têm pouco tempo de funcionamento: Santana desde 2005 e Salvador desde 2003.
Segundo o Instituto, a elevação do nível do mar em Imbituba entre dezembro de 2001 e dezembro de 2006 foi no total de um centímetro, mas a média de crescimento das águas chegou a 2.5 milímetros por ano, um pouco abaixo da média mundial.
Em Macaé o aumento total foi de quinze centímetros nos cinco anos e a média de elevação anual chegou a 3.7 centímetros por ano, mas essa elevação inusual, segundo o próprio Instituto, pode explicar-se não apenas pelo aquecimento global.
Segundo os relatórios da ONU sobre o clima, a média de elevação dos mares foi de 1.8 milímetros ao ano entre 1961 e 2003 e de 3.1 milímetros se se mede apenas entre 1993 e 2003.
Os especialistas responsáveis pelos estudos da ONU calculam que, sem uma ação global contra os fenômenos que provocam o aquecimento global, o degelo das glaciais pode provocar um aumento do nível dos oceanos de até 59 centímetros em 2100.

EFE - RJ, 30.06.07.


Mudanças climáticas provocam mortes

Cerca de 77.000 pessoas morrem cada ano na região da Ásia-Pacífico por causas direta ou indiretamente atribuídas às mudanças climáticas, a metade das que se registram no mundo inteiro, indicou hoje a Organização Mundial da Saúde (OMS).

Em um comunicado, Shigeru Omi, diretor regional do organismo internacional, destacou que o momento é crítico pois o fenômeno do aquecimento global teve um grave impacto sobre as vidas e a saúde humana, asseverou.
Ressaltou que se não se atua desde agora para atalhar o problema, as conseqüências serão ainda piores nas próximas décadas.
Entre as situações que podem se apresentar, Omi destacou a presença de mosquitos em áreas nas quais atualmente estão ausentes, com o conseqüente risco de epidemias de malária e dengue. Acrescido a isso, a diminuição do nível de chuvas trará consigo um aumento das doenças que têm sua origem em águas estagnadas, e milhões de pessoas poderiam padecer de má nutrição, acrescentou.

Outro relatório recém publicado pela OMS afirma que um ambiente ambientamente seguro evitaria 13 milhões de mortes cada ano.
O documento, que analisa o impacto do meio ambiente sobre a saúde destaca que mais de 10 por cento das mortes em 23 países do mundo são conseqüência de fatores ambientais, como o consumo de água não potável.
O texto assinala que outras condições que incidem são as pobres condições sanitárias e de higiene em que vivem milhões de pessoas, assim como a contaminação atmosférica devido ao uso de combustíveis sólidos para cozinhar.
As principais vítimas são as crianças menores de cinco anos, ressalta o trabalho, e assinala que 74 por cento das mortes que afetam essas idades se devem a diarréias e infecções respiratórias.

28.06.07
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10 dados sobre o meio ambiente e a prevenção de doenças

1-Se o meio ambiente fosse mais saudável, cada ano se poderiam evitar até 13 milhões de mortes.
2- Nas crianças menores de cinco anos, um terço das doenças são causadas por fatores ambientais como a insalubridade da água e a contaminação do ar.
3- Cada ano se poderia salvar a vida de quatro milhões de menores de cinco anos –a maioria nos países em desenvolvimento– prevenindo riscos ambientais como o água insalubre e a contaminação do ar.
4- Nos países em desenvolvimento, as principais doenças de origem meio ambiental são as diarreicas, as infecções das vias respiratórias inferiores, os traumatismos involuntários e a malária.
5- Um melhor saneamento do meio permitiria evitar 40% das mortes por malária, 41% das mortes por infecções das vias respiratórias inferiores e 94% das mortes por doenças diarreicas: as três causas principais de mortalidade na infância no mundo inteiro.
6- Nos países menos adiantados, um terço das mortes e as doenças se devem diretamente a causas ambientais.
7- Nos países desenvolvidos, um meio ambiente mais saudável permitiria reduzir consideravelmente a incidência de cânceres, doenças cardiovasculares, asma, infecções das vias respiratórias inferiores, doenças osteomusculares, lesões por acidentes de trânsito, intoxicações e afogamentos.
8- Os fatores ambientais influem em 85 das 102 categorias de doenças e traumatismos enumeradas no Relatório sobre a saúde no mundo.
9- Uma grande parte dessas mortes, doenças e incapacidades poderiam evitadas mediante intervenções bem focalizadas como o fomento do armazenamento seguro da água doméstica, uma maior higiene e a utilização de combustíveis mais limpos e seguros.
10- Outras intervenções que podem contribuir para a salubridade do meio são as seguintes: aumentar a segurança dos edifícios; promover o uso seguros das substâncias tóxicas no lar e no lugar de trabalho; e tramitar melhor os recursos hídricos.

OMS - junho de 2007

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Painel da ONU chega a acordo sobre mudanças climáticas

Especialistas de mais de 120 países reunidos em um painel da ONU em Bangcoc, na Tailândia, chegaram a um acordo sobre como combater as mudanças climáticas, informaram delegados que participam da conferência.
O acordo sobre a terceira parte do relatório de 2007 do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês) da ONU foi obtido depois de uma maratona de reuniões e debates desde o início da semana - em que alguns países, como a China, insistiram em atenuar o tom de algumas declarações do texto final.
"Está tudo pronto", disse Peter Lukey, integrante da delegação sul-africana, à agência de notícias Associated Press. "Tudo o que queríamos ver, e mais, estava lá. A mensagem é: Nós temos de fazer alguma coisa agora."

O relatório diz que é possível combater as mudanças climáticas, mas para isso é necessária ação política urgente. O documento recomenda a redução do uso de combustíveis fósseis, a promoção de energias renováveis e uma maior eficiência na agricultura para manter o aumento de temperatura abaixo de 2ºC - ao custo de cerca de 3% do PIB mundial até 2030.
Essa terceira parte do relatório se concentra em maneiras de combater as emissões de gases que provocam o aquecimento global e também em fatores econômicos. O texto final desta terceira parte será divulgado nesta sexta-feira, em Bangcoc.

PIB
O esboço do texto que foi discutido pelos especialistas calcula que uma meta de emissão de gases nocivos ao meio ambiente total de 650 partes por milhão (ppm) de gás carbônico reduziria em 0,2% do PIB mundial.
Uma meta mais ambiciosa, de 550 ppm, geraria uma redução de 0,6% no PIB mundial.
A concentração atual de gás carbônico é de 425 ppm. Muitos cientistas acreditam que só uma meta de 450 ppm poderia evitar alguma conseqüência climática de grande escala.
Para se atingir essa meta, no entanto, o esboço do relatório do IPCC indica que o mundo teria uma redução de 3% no PIB.

"Eu posso dizer que a probabilidade de se chegar a 450 ppm em relação ao mundo atual é quase impossível", disse o professor Stephen Schneider, da universidade americana de Stanford.
...Mas um aumento na temperatura acima de 2ºC ou 3ºC leva a potenciais extinções em massa, problemas sérios nos litorais, desaparecimento de geleiras, derretimento de camadas de gelo."

China
A China se esforçou para retirar do documento referências a cenários que, segundo o governo chinês, poderiam afetar o crescimento econômico do país no curto prazo.

O IPCC já lançou neste ano duas partes do relatório sobre o problema global das mudanças climáticas. Este é o quarto relatório que o painel da ONU lança desde 1990.
O relatório do painel não faz recomendações de políticas a serem seguidas pelos países, mas mesmo assim o governo chinês tem tentado atenuar o tom das referências aos níveis mais baixos de estabilização de emissões.
A questão nuclear e o protocolo de Kyoto são outras áreas sensíveis para diversos países, que querem evitar qualquer sinal de que terão de cumprir metas de emissões no futuro.
Confira os principais pontos do relatório


BBC 04.06.07

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"A Desertificação e as mudanças climáticas - um desafio mundial"

" ... O tema do Dia Mundial de Luta Contra a Desertificação deste ano, nos faz lembrar que as mudanças climáticas e a desertificação interagem em diversos níveis. São duas importantes manifestações do mesmo problema.
Além disso, em conjunto, ameaçam seriamente nossa capacidade para alcançar os objetivos de desenvolvimento do milênio em 2015.

As emissões de gases do efeito estufa provocadas por atividades humanas estão dando lugar a que aumente a temperatura em nosso planeta. Já estamos experimentando as conseqüências das mudanças climáticas e seus efeitos adversos se fazem sentir em muitas esferas. Assim mesmo, para as pessoas que vivem em terras áridas, especialmente na África, as alterações das condições meteorológicas ameaçam com o aumento exacerbado da desertificação, da seca e da insegurança alimentar.
Se espera que, em virtude do aquecimento global, siga aumentando o número de fenômenos meteorológicos extremos, tais como secas e chuvas intensas, os quais terão um drástico efeito em solos já debilitados. Por sua vez, esta tendência agravará a desertificação e aumentará a prevalência da pobreza, a migração forçada e a vulnerabilidade ante os conflitos nas zonas afetadas.
Pelo contrário, os esforços planejados de luta contra a desertificação - mediante a recuperação de terras degradadas, a luta contra a perda de solos e o restabelecimento da vegetação - poderiam ajudar a conter as emissões de gases do efeito estufa, fortalecer a resistência dos países afetados e aumentar sua capacidade de adaptação às mudanças climáticas. ..."

Parte da mensagem do Secretário Geral da ONU sobre o Dia Mundial de Combate à Desertificação e à Seca.
17 de junho de 2007 - Leia a mensagem na íntegra.

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Derretimento de geleiras afetará 40% da população, diz ONU

Relatório da ONU afirma que o aquecimento vai afetar o mundo todo.

O futuro de milhões de pessoas em todo o mundo será afetado pelo derretimento da cobertura de gelo, dos mares de gelo e de geleiras causado pelo aquecimento global, segundo relatório do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) divulgado nesta segunda-feira, em Tromso, na Noruega.
O relatório estima que 40% da população mundial poderá ser afetada pelo derretimento da neve e de geleiras nas montanhas da Ásia.
Problemas semelhantes também serão enfrentados por países, comunidades e fazendeiros em regiões que variam dos Alpes aos Andes, passando pelos Pireneus (cadeia de montanhas entre a França e a Espanha), segundo o relatório.
Entre os impactos previstos pelo relatório do Pnuma estão mudanças na disponibilidade de água potável e para a agricultura, aumento do nível do mar, que afetará áreas costeiras e ilhas, e o aumento de problemas como afundamento de terras que atualmente estão congeladas.
O diretor-executivo do Pnuma, Achim Steiner, fez o alerta no lançamento do relatório anual da ONU sobre gelo e neve: Perspectiva Global para Gelo e Neve.
Tecnologia
O relatório, que envolveu o Pnuma e uma rede de cerca de 70 dos melhores especialistas do mundo, foi produzido como parte do apoio ao Ano Polar Internacional (IPY, na sigla em inglês), que ocorre entre 2007 e 2008.
O estudo reconhece que muitos povos não têm os recursos financeiros e a tecnologia necessários para uma adaptação a estas novas condições. Muitas partes do mundo estariam mal preparadas para o ritmo das mudanças causadas pelo aquecimento global.
"O relatório destaca que o destino dos locais gelados, em um mundo cujo clima está prejudicado, deveria ser causa de preocupação em cada ministério, em cada diretoria, em cada sala do mundo", disse Steiner.
"O relatório de hoje deve dar poder ao público para que ele leve os políticos ao trabalho e deve encorajar o público a perguntar o quanto (o mundo) deve esquentar antes que tomemos uma providência", acrescentou.
O documento também destaca áreas onde será necessário mais esclarecimento e que serão um dos principais alvos do Ano Polar Internacional, uma iniciativa da Organização Meteorológica Mundial e do Conselho Internacional para a Ciência (do qual o Unep é parceiro).

Groenlândia
Entre as áreas citadas no relatório estão Groenlândia e Antártida, onde estão concentrados 98% da água potável da superfície da Terra, e o possível destino do gelo das duas áreas.
O derretimento total da capa de gelo da Groenlândia iria desencadear um aumento do nível do mar estimado em sete metros.
O derretimento de apenas 20% da Groenlândia e o derretimento de 5% da Antártida resultaria em um aumento do nível do mar que ficaria entre quatro e cinco metros.
Esta é a possibilidade nos próximos séculos se os gases de efeito estufa não forem reduzidos no século 21 e isso pode acontecer mais cedo ainda se o ar e a água do mar, que estão esquentando, continuarem a desestabilizar partes das camadas de gelo, segundo o relatório.
Baseado na população atual do mundo, a elevação do nível do mar em apenas um metro iria expor 145 milhões de pessoas a enchentes, caso não sejam tomadas medidas de adaptação. A população da Ásia seria a mais atingida.

O relatório também cita outro caso: por exemplo, um aumento de 2º C da temperatura deve causar impacto em várias cadeias montanhosas cobertas de neve.
Para cada grau de aumento na temperatura, a linha de neve deve se mover acima das montanhas em 120 metros no Chile e 150 metros nos Alpes.

BBC 04.06.07

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Bush pede que 15 países firmem metas de CO2 até 2009

Preparando-se para a cúpula do G8, na Alemanha, o presidente dos EUA apresentou uma estratégia para escapar das críticas de que os EUA são insensíveis à questão climática.

WASHINGTON - Numa tentativa de reagir às críticas da comunidade internacional à atitude dos EUA frente a mudança climática, o presidente George W. Bush pediu que 15 países concordem em fixar metas de emissão de gases do efeito estufa até o final do próximo ano.
Bush deseja que, nos próximos meses, ocorra a primeira de uma série de reuniões entre os maiores emissores desses gases. A lista inclui, além dos Estados Unidos, China, Índia e importantes nações da Europa.
O presidente descreveu sua proposta em um discurso que antecede a cúpula, prevista para a próxima semana, na Alemanha, das principais nações industrializadas do planeta, onde o aquecimento global será um tema importante - e Bush estará no centro das pressões.
Sob a liderança de Bush, os EUA recusaram-se a ratificar o Protocolo de Kyoto, que impõe metas de redução de gases do efeito estufa a países desenvolvidos. O governo americano considera o protocolo injusto, ao isentar de obrigações países em desenvolvimento que também são grandes poluidores, como a China. Bush também já anunciou sua rejeição a uma proposta alemã para vigorar depois do vencimento de Kyoto, em 2012.
"Os Estados Unidos levam essa questão a sério", disse o presidente, nesta quinta-feira, 31. "A nova iniciativa que estou delineando contribuirá para o importante diálogo que ocorrerá na Alemanha na próxima semana".
Além de pedir uma meta global de emissões, Bush pediu que os países eliminem tarifas comerciais sobre tecnologias de energia limpa.
A Alemanha está propondo uma chamada "meta de dois graus", pela qual as temperaturas globais não poderiam subir mais de 2º C. Especialistas prevêem que essa meta requererá uma redução de emissões de 50% sobre o nível de 1990, até 2050.
Em vez disso, Bush recomenda uma série de reuniões internacionais, a partir deste ano, para definir uma meta global de emissões. cada nação, então, definiria como atingir sua meta particular, de acordo com representantes da Casa Branca.
"Os Estados Unidos trabalharão com outros países para estabelecer um quadro para as emissões de gases do efeito estufa para quando o Protocolo de Kyoto expirar, em 2012", disse o presidente.
"Portanto, minha proposta é: até o final do próximo ano, os EUA e outras nações definirão uma meta global de longo prazo para a redução de gases do efeito estufa. Para atingir essa meta, os EUA convocarão uma série de reuniões de nações que produzem a maior parte dos gases do efeito estufa, incluindo nações com economias em rápido crescimento, como China e Índia", diz o pronunciamento de Bush.
As críticas surgiram antes mesmo que o presidente terminasse seu discurso. O diretor de estratégia ambiental do Centro para o Progresso Americano, um grupo à esquerda do governo Bush, acusou a administração federal de ter uma política de "não fazer nada" quanto ao aquecimento global.

AP- OEstado 31.05.07

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EUA rejeitam posição alemã sobre cortes de emissões de CO2

Com rejeição, deverá ocorrer impasse na reunião do G8, ocasião em que se discutirá aquecimento
Reuters

LONDRES - Os Estados Unidos rejeitaram a tentativa da Alemanha de fazer com que o G8, grupo dos oito países mais industrializados, determine cortes maiores nas emissões de dióxido de carbono (CO2), segundo um documento preliminar que será apresentado na reunião do grupo, no mês que vem.
Como os termos da rejeição são bastante veementes, fica armado o cenário para um impasse na cúpula a ser realizada no resort alemão de Heiligendamm, entre 6 e 8 de junho.
"Os EUA têm preocupações sérias, fundamentais sobre este rascunho da declaração", diz em letras vermelhas uma observação no início do comunicado obtido pela agência de notícias Reuters nesta sexta-feira, 25.
A Alemanha, que preside o G8, quer que a cúpula determine metas e cronogramas para o corte drástico na emissão de carbono e para a melhora na eficiência no uso da energia para o transporte.
"O tratamento das mudanças no clima vai contra nossa posição (EUA) e cruza vários ´limites´ em termos daquilo que nós simplesmente não podemos concordar", lê-se no documento preliminar.
A chanceler alemã, Angela Merkel, com o apoio do Reino Unido, quer que o G8 chegue a um acordo para conter o aquecimento global neste século, para atingir no máximo 2 graus Celsius na média; cortar até 2050 as emissões de carbono globais para níveis 50% menores que os de 1990; aumentar em 20% a eficiência energética no consumo de eletricidade e de combustíveis até 2020.
Os EUA, que não participam do Protocolo de Kyoto - o programa da ONU para o corte de emissões - por considerá-lo um suicídio econômico, é veementemente contra qualquer meta ou cronograma de cumprimento obrigatório.
O governo norte-americano também é contra o comércio de carbono, já que ele significa implicitamente que haverá um teto nas emissões.
"As propostas dentro das seções intituladas ´Combatendo as Mudanças no Clima´ e ´Mercados de Carbono´ são fundamentalmente incompatíveis com a abordagem do presidente às mudanças no clima", dizia outra observação em vermelho no documento.
Greenpeace
O grupo ambientalista Greenpeace disse que a posição dos EUA põe em dúvida as declarações confiantes de Blair de que os norte-americanos estavam ficando mais moderados com a aproximação da cúpula.
"A tentativa de Bush de obstruir qualquer acordo significativo na cúpula do G8 em junho é tão criminosa quanto era de se esperar; Merkel precisa agora deixar bem claro o isolamento de Bush em Heiligendamm", disse John Sauven, diretor do Greenpeace.
Diplomatas afirmam que, faltando menos de duas semanas para a cúpula, ainda não dá para saber se ela vai dar origem a alguma declaração relevante sobre o clima.

Reuters, Oestado, 25.05.07

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Computadores "escondem" parte da crise climática

A abertura da "caixa-preta" dos modelos de computador usados pelo IPCC (Painel Intergovernamental de Mudança do Clima) não deixa dúvida. As previsões feitas neste ano pelos cientistas são otimistas demais, pois ainda não levam em conta vários processos físicos que tendem a projetar um aquecimento global mais acentuado.

"Apesar de já existirem vários estudos sobre isso, os modelos usados para os cenários apresentados este ano pelo IPCC não consideram o ciclo de carbono acoplado, o processo do derretimento das geleiras e nem o comportamento dinâmico da vegetação", explica à Folha o climatologista Carlos Nobre, do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais).

No caso do carbono, o que é levado em conta no cálculo é apenas os gases lançados na atmosfera pelo homem. Quando o carbono natural interage em seu ciclo com o "artificial" (emitido por atividades humanas), e com o clima, a tendência é que a quantidade de carbono aumente na atmosfera.
Isso já aparece nas contas do Centro Hadley, do Reino Unido, mas ainda não está no modelo que a instituição desenvolveu para o IPCC. A incorporação do ciclo de carbono ao cálculo pode fazer com que a estimativa da quantidade de gás emitida até 2100 seja até 30% maior do que a esperada. Isso implicaria em uma diferença para mais na temperatura da Terra de até 2ºC, o que pode ser muito conforme o local.

O modelo de computador inglês é um dos 21 usados pelo IPCC nos relatórios apresentados este ano. Ele é considerado pessimista porque o aumento de temperatura que ele sugere para o fim do século é um dos maiores. Para os continentes, por exemplo, o acréscimo deverá variar entre 3ºC e 8ºC.

O painel de cientistas montou os diferentes cenários que apresentou em fevereiro com base em uma média de todos os modelos. Cada um, porém, olha para o clima real de forma diferente. Há desde modelos criados por EUA e Japão até Coréia do Sul e China. (O Brasil não tem nenhum para oferecer.)

Apesar dessas discrepâncias, todos os grupos consideram em seus cálculos os processos atmosféricos, a física do oceano, a vegetação de todo planeta (mas de forma estática) e a formação do gelo marinho.

Um modelo climático, na prática, é o resultado do processamento de uma série de equações matemáticas embutidas em um programa de computador. São, normalmente, milhões de comandos que precisam ser processados.

Fé na física

Tudo, entretanto, nasce na física. Os climatologistas enxergam toda a atmosfera do planeta por meio do que eles chamam de volumes elementares. É como se tudo fosse dividido em paralelepípedos de 270 km por 270 km. Isso numa coluna com 39 km de altura, segundo os números usados pelo Hadley Centre.
"Para cada volume existem as medidas de vento, temperatura, umidade e de nuvens. As equações também calculam a interação desses paralelepípedos entre si e com a superfície da Terra", diz Nobre.
Segundo o pesquisador do Inpe, a previsão feita por esses modelos do IPCC é considerada bastante eficiente.
Guardadas as devidas proporções, é como ocorre hoje com a previsão do tempo no Brasil.
"O sistema brasileiro é capaz de prever com mais de 90% de precisão as temperaturas para as próximas 24 horas", garante o cientista. "O índice de acerto é bastante alto", diz.

Para Nobre, crer nos modelos que pretendem saber as características climáticas do futuro - e não o estado do tempo - é bem possível. "É uma questão de acreditar que a física básica é bem representada."


Folha de S.Paulo - 02.05.07

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ONU sugere fim de construções no nível do mar

As construções em áreas costeiras a menos de um metro do nível da maré alta deveriam ser interrompidas como medida para evitar os possíveis efeitos da elevação do nível do mar provocada pelo aquecimento global.
A recomendação foi feita em um relatório da Fundação das Nações Unidas, elaborado por um painel de 18 cientistas de 11 países para analisar as maneiras de evitar e contornar os efeitos das mudanças climáticas.A Fundação das Nações Unidas é uma organização criada em 1998 com doações privadas para financiar causas e programas da ONU.
O documento foi preparado para ser apresentado oficialmente durante a 15ª sessão da Comissão de Desenvolvimento Sustentável da ONU, que acontece entre 30 de abril e 11 de maio.

Recomendações

O pedido da suspensão das construções em áreas passíveis de alagamento no caso de elevação do nível do mar é uma das recomendações feitas pelo painel para implementação "imediata" e que podem retardar ou mitigar os efeitos do aquecimento global.
Segundo o documento, as suas conclusões visam "moderar a mudança climática e ao mesmo tempo mover o mundo em direção a um caminho energético futuro mais sustentável".
O relatório, intitulado "Confrontando as Mudanças Climáticas: Evitando o inadministrável e administrando o inevitável", sugere, por exemplo, uma maior eficiência no setor de transportes por meio de medidas como padrões de eficiência, taxação de combustíveis, incentivo a combustíveis alternativos e expansão e melhoria do transporte público.
Os especialistas também pedem códigos de construção voltados à proteção ambiental, a expansão do uso de biocombustíveis, programas de reflorestamento e o desenvolvimento de sistemas de previsão de desastres climáticos, entre outras coisas.

"Impactos intoleráveis"

O relatório, que foi resultado de dois anos de análises, observa que as temperaturas globais já aumentaram 0,8ºC acima dos níveis da era pré-industrial e podem aumentar entre 3ºC e 5ºC até 2100 se nada for feito.
Os especialistas dizem que, para evitar "impactos intoleráveis sobre os seres humanos", os governos deveriam tentar limitar esse aumento a algo entre 2ºC e 2,5ºC.
Para isso, segundo eles, é necessário "um rápido sucesso na redução das emissões globais de metano e fuligem" e que o nível de emissões de dióxido de carbono se mantenha estável até 2020 para então iniciar uma queda para não mais de um terço do nível atual até 2100.
O novo relatório foi concluído apenas um mês após outro relatório da ONU sobre o tema, preparado pelo Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC, em inglês) e que culpava a ação do homem pelo aquecimento global e previa um cenário de catástrofe ambiental.

A segunda parte do relatório do IPCC deve ser divulgada no começo de abril.

Fonte: BBC Brasil - 05.03.07

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Planeta registra janeiro mais quente da história

A média das temperaturas mundiais registradas em janeiro foi a mais alta da história já registrada neste período do ano, anunciaram cientistas da Administração Oceânica e Atmosférica americana (NOAA, sigla em inglês) --há registros da temperatura do planeta desde 1880.
"As temperaturas mundiais terrestres e da superfície dos oceanos foram as mais elevadas registradas para um mês de janeiro", disse o organismo em um comunicado, citando cientistas de seu centro de dados climáticos.
De acordo com relatórios preliminares, em janeiro, as temperaturas ficaram 0,85ºC acima da média do século 20, batendo o recorde estabelecido em 2002, de 0,71ºC sobre a média.
Em particular, as temperaturas terrestres estavam 1,89ºC acima da sua média em janeiro, um nível recorde, enquanto as temperaturas oceânicas eram as quartas mais quentes já registradas em 128 anos, ou seja 0,1ºC abaixo do recorde estabelecido em 1998, no auge do fenômeno El Niño.

"O fenômeno El Niño e a tendência contínua para o aquecimento climático contribuíram para que o mês de janeiro de 2007 fosse o mais quente já conhecido", explicou a NOAA em sua declaração.

No último século, as temperaturas mundiais na superfície subiram a um ritmo de 0,06ºC a cada dez anos, mas o aumento foi três vezes mais elevado desde 1976, a 0,18ºC a cada década, com alguns dos mais fortes aumentos de temperatura nas elevadas latitudes do hemisfério Norte ou perto do pólo Norte.

Fonte: France Press NY - 17.02.07

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Aquecimento global criará novo clima na Amazônia

Clima será mais quente e úmido na Amazônia em 2100.
O aquecimento global criará um novo clima na Floresta Amazônica até o final do século, mais quente e com maior precipitação em época de chuvas, segundo um estudo feito por cientistas da Universidade de Wisconsin, nos Estados Unidos.
Usando modelos de mudanças climáticas que levam em conta estimativas de emissões de gases do efeito estufa, os cientistas concluíram que 39% da superfície do planeta terá temperaturas mais altas até 2100 e que as zonas de climas mais quentes no mundo já estão se deslocando em direção aos dois pólos.
O fenômeno vai afetar principalmente os trópicos e sub-trópicos, regiões em que ficam as florestas Amazônica e da Indonésia, onde até as menores variações de temperaturas podem ter um grande impacto, afirmou Jack Williams, geógrafo da universidade e chefe da pesquisa.
"Esses já são os lugares mais quentes do mundo", disse Williams à BBC. "Com o mundo ficando ainda mais quente, essas regiões serão as primeiros a sair do patamar de climas conhecidos hoje e a formar novos climas".
Segundo Williams, o novo clima na Amazônia "não terá apenas uma temperatura mais elevada como uma precipitação maior. Choverá mais nos meses de julho, junho e agosto".
Extinção
Os cientistas dizem que essas mudanças afetarão várias espécies, em particular em regiões altas ou frias, como as áreas polares e os Andes, e regiões com grande biodiversidade, como é o caso da Floresta Amazônica.
"Com o desaparecimento de climas, existe o risco de extinção de várias espécies", disse Williams.
"Muitas das espécies em áreas de grande biodiversidade não conseguem migrar para outras áreas".
Segundo ele, novos tipos de clima podem oferecer novas oportunidades para algumas espécies, mas é difícil prever quais sofrerão e quais se beneficiarão com isso.
A equipe de Williams usou modelos do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (o IPCC, na sigla em inglês) para prever onde as mudanças em temperaturas e volumes de chuvas deverão ocorrer.
Os cientistas constataram que, se forem mantidos os atuais níveis de emissão de dióxido de carbono e outros gases causadores do efeito estufa, surgirão novas zonas climáticas em 39% da superfície do planeta.
Mantidas as mesmas condições, o modelo prevê o desaparecimento de 48% dos climas atuais. Mesmo levando em conta as atuais estratégias globais de redução de emissões, os modelos prevêem o fim de determinados climas e o surgimento de novos em 20% da Terra.
O estudo foi publicado em Proceedings of the National Academy of Sciences.

BBC Brasil - 27.03.07


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O aquecimento global não é um problema político mas um grande desafio moral”


Em conferência na jornada "Sociedade do Conhecimento e Mudança Climática" realizada nas Ilhas Canárias em 25 e 26 de junho, o ex vice-presidente norte-americano Al Gore relata as nefastas conseqüências do aquecimento global.

Al Gore transmitiu de forma persuasiva o argumento de que o aquecimento global não é um problema político mas um "grande desafio moral" da civilização situando este tema em primeira linha da opinião publica dos Estados Unidos e o mundo inteiro.

Al Gore revisa a evidência científica do aquecimento global, discute seus aspectos políticos e econômicos e descreve as conseqüências do que acha que a mudança climática global provocará se os gases de efeito estufa produzidos pelo homem não são reduzidos em breve tempo. Tenta levar ao mundo inteiro uma pequena amostra do que sucederá em um futuro se não se tomam as medidas pertinentes.

Expôs que o aquecimento global é produzido pela atividade do homem há muitos anos, uma argumentação que sustenta através de pesquisas que realizou e que apresenta em seu documentário. Desta forma, mostrou o retrocesso de numerosos glaciais mediante fotografias tomadas ao longo de muitos anos; as concentrações de dióxido de carbono no gelo da Antártida; os efeitos dos furacões, tempestades, tufões e inundações que castigaram a cada um dos continentes; o aumento das temperaturas dos oceanos e a desertização, entre outros.
Refugiados climáticos
Falou sobre as duas zonas do planeta - a Antártida e a Groenlândia - onde o degelo aumenta cada vez mais, o que ocasionará um aumento do nível do mar e isto acarretará que muitas zonas costeiras do mundo inteiro desapareçam, vendo-se afetadas milhões de pessoas que passariam a converter-se em refugiados climáticos.
"Um total de 450 milhões de habitantes se transformarão em refugiados pelo aumento de só seis metros do nível do mar e por isso é preciso deter o aquecimento global", recalcou.
Sobre a África destacou que a situação climática é a principal causa dos problemas nesse continente que origina muitas emigrações das quais as Canárias vêm padecendo há muito tempo.

Lembrou as ondas de calor na Europa em 2005, que provocaram a morte de 35.000 pessoas com temperaturas que chegaram a alcançar em algumas zonas 52ºC, como por exemplo no Paquistão. "Os 10 anos mais quentes ocorreram nos últimos 14 anos e o mais quente foi 2005", indicou.
Causas

Para Al Gore, as causas entre a "colisão" da Terra e a civilização se deve em primeiro lugar à explosão demográfica que originou uma maior demanda de alimentos e consumo de água; em segundo lugar, à revolução científica e tecnológica, onde se passou de meios rudimentares a maquinárias e artefatos de última tecnologia que degradam o meio ambiente.
A este respeito, assinalou os países desenvolvidos como os principais propulsores do aquecimento global, começando pelos Estados Unidos, seguido da Rússia, o Japão, a União Européia e a China.
E, em último lugar, a forma de pensar dos cidadãos, citando a necessidade de uma maior educação ambiental para dar às gerações futuras um lar livre e sem conseqüências devastadoras. Insistiu na utilização de energias renováveis, onde a Espanha se encontra como o segundo produtor do mundo.
Sobre a maneira de atuar também avaliou as ações realizadas para frear o buraco da camada de ozônio, onde os Estados Unidos trabalharam conjuntamente com a Espanha e outros países para avançar sobre esta problemática.
Terminou sua intervenção fazendo um chamado "moral, ético e espiritual" dos governos, instituições, empresas e cidadãos para enfrentar esta dura realidade.

Canárias, 25.06.07

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Convenção sobre Meio Ambiente em Havana centra atenções no tema mudanças climáticas

O tema mudanças climáticas, um problema de primeira ordem no mundo, foi o centro da VI Convención Internacional sobre Medio Ambiente y Desarrollo de 2 a 6 de julho passado em Havana, Cuba.
700 especialistas de 30 países realizaram congressos sobre Educação e Gestão Ambiental, , Recursos Hídricos, Ecossistemas, Biodiversidade, assim como um encontro sobre Estudo e Gestão de Riscos e as Tendências Atuais.
Na ocasião, Cuba apresentou sua estratégia ambiental para o período 2007-2010. México, Colombia, Venezuela, Argentina, Chile y Cuba foram os países mais representados no evento que reuniu ainda delegados da Europa e América do Norte.
O Vice-Ministro cubano de Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente, José Antonio Díaz apresentou um trabalho sobre a Estratégia Ambiental da ilha para a proteção do entorno ante os fenômenos climáticos,
em continuidade aos programas que garantem que o país caribenho seja um dos poucos do mundo a aumentar anualmente sua superfície de bosques, incrementada no ano passado com mais de 33.600 hectares, o que elevou o índice de repovoação florestal acima de 25%.
O encontro propiciou conhecer a marcha de projetos cubanos merecedores de reconhecimento pelo PNUMA e outras instituições internacionais, como o Prêmio Salvando as Terras Secas, ou o de fomento de propriedades rurais florestais integrais, entre outros. Os especialistas abordaram as razões pelas quais o Fundo para a Natureza Mundial considerou Cuba o único país com um progresso para o desenvolvimento sustentável produtivo sem comprometer o entorno.
A chamada 'Para um futuro sustentável: integração solidária e humanista' encorajou os debates e reflexões no fórum, que tem como principais objetivos contribuir para o desenvolvimento de uma cultura ambiental e promover o intercâmbio teórico, metodológico e prático na prática educativa.
O programa científico da Convenção incluiu conferências magistrais, painéis sobre temas como a mudança climática, maior desafio ambiental do século XXI, mesas-redondas e uma feira expositiva de tecnologias, projetos e experiências ambientais.
Paralelamente se efetuaram cinco congressos com os temas: Uso de Ecossistemas e Biodiversidade, Educação Ambiental para o Desenvolvimento Sustentável, Áreas Protegidas, Gestão Ambiental e Uso Integrado de Recursos Hídricos.
Os participantes debateram temas como as mudanças climáticas, o uso sustentável dos ecossistemas, uso público e turismo em áreas protegidas, o uso integrado de bacias hidrográficas e a cidadania, entre outros.
Além disso, se apresentaram os resultados da colaboração cubano-venezuelana em questões ambientais e o encontro Chile-Cuba: experiência e lições aprendidas para a conservação da biodiversidade marinha e costeira.
(RHC-AFP) 07..07

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Confira os principais pontos do relatório da ONU sobre o clima

Painel da ONU sugere mudanças nos sistemas de transporte.
Cientistas de todo o mundo divulgaram nesta sexta-feira em Bangcoc, na Tailândia, a terceira parte do relatório de 2007 do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC, em inglês), da ONU.
O texto faz diferentes projeções sobre o impacto que as emissões de gases nocivos terão no meio ambiente e estima os custos econômicos das medidas ambientais na economia global.

Confira abaixo alguns dos principais pontos desta parte do relatório.

EMISSÕES
- A emissão de gases nocivos ao meio ambiente aumentou 70% entre 1970 e 2004, chegando a 49 bilhões de toneladas por ano de dióxido de carbono.
- Entre 1990 e 2004, o aumento foi de 28%.
- A oferta de energia aumentou 145% entre 1970 e 2004.
- A eficiência energética não acompanhou o aumento da renda mundial e da população do planeta.
- Emissões podem aumentar entre 25% e 90% até 2030, em comparação com os níveis de 2000.
- Entre 66% e 75% deste aumento deve acontecer em países em desenvolvimento. A emissão per capita, no entanto, deve se manter abaixo do nível dos países ricos.
- Em 2004, países industrializados representavam 20% da população global e 46% das emissões.

CUSTOS
- Quanto maiores e mais rápidos forem os cortes nas emissões, maiores serão os custos.
- Mas as medidas podem ser relativamente modestas e as tecnologias existentes podem ser usadas. O custo de se agir agora ainda pode ser menor do que o custo caso não haja ação do homem.

- O IPCC trabalha com diferentes cenários:

Estabilizar as emissões em 445-535 partes por milhão (ppm) de dióxido de carbono limitaria o aquecimento global a 2º/2,8ºC. O impacto disso na economia mundial seria de até 3% do PIB mundial até 2030. No mesmo período, o impacto no crescimento projetado da economia seria de 0,12%.
Estabilizar as emissões em 535-590 ppm limitaria o aquecimento global a 2,8º/3,2ºC, com redução de 0,1% do crescimento do PIB mundial até 2030.
Entre 590-710 ppm, o aquecimento global seria de 3,2º/4ºC, com redução de 0,06% do crescimento do PIB até 2030.

OPÇÕES
- O relatório propõe repassar o "preço do carbono" aos consumidores e produtores, ou seja, que os preços na economia levem em conta o dano ambiental causado pela queima de combustíveis, para estimular a eficiência energética.
- Outras possibilidades são novas leis, impostos e mercados de troca de permissões de emissão de carbono. Acordos voluntários entre governo e indústria são "atraente politicamente", mas "não têm atingido resultados satisfatórios de redução de emissões".
- Taxar as emissões de carbono seria eficiente no setor energético. Um preço de US$ 20 a US$ 50 por tonelada de dióxido de carbono transformaria o setor energético, aumentando a participação das fontes renováveis na matriz energética para 35% até 2030 (quase o dobro da fatia registrada em 2005).
- Fontes de energia renováveis como eólica, solar e geotérmica deveriam ser estimuladas, com subsídios, tarifas preferenciais e compra obrigatória.
- Mais eficiência energética, com mudança nos padrões de construção, economia obrigatória de combustíveis, mistura de biocombustíveis e investimento em melhores serviços de transporte público.
- Medidas de seqüestro de carbono "têm potencial para dar uma importante contribuição" na mitigação das emissões até 2030.
- Energia nuclear, que representou 16% da matriz energética mundial em 2005, pode chegar a 18% até 2030, com o aumento do preço do dióxido de carbono de até US$ 50 por tonelada, "mas questões de segurança, proliferação de armas e lixo continuam sendo preocupantes".

BBC 04.06.07

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Governos 'têm cinco anos para evitar catástrofe climática'


WWF lista áreas cruciais em que medidas têm de ser tomadas
A organização ambiental WWF disse que governos e políticos têm apenas cinco anos para tomar atitudes e "salvar o planeta de uma catástrofe de mudança climática".
Em um relatório em que apresenta cenários para 2050, a organização conclui que o mundo pode produzir energia limpa "mais que suficiente" para atender à demanda – "mas apenas se as decisões necessárias forem tomadas nos próximos cinco anos".

"Entretanto, é claro que as políticas econômicas e a intervenção governamental necessária para promover esta transição ainda não estão sendo tomadas, e nem estão em perspectiva em muitos casos", avalia o WWF.

No texto, de mais de cem páginas, a entidade lista áreas cruciais em que medidas têm de ser tomadas com urgência.
O Brasil é citado em uma delas, referente à perda de florestas: "O desflorestamento é responsável não apenas por uma significativa perda de ecossistema e de espécies, mas, muito importante, por 20% das emissões globais de gases que causam o efeito estufa".
"Dez países respondem por 87% da perda global de florestas, com o Brasil e a Indonésia respondendo juntos por 54%."

Ações

Outras ações defendidas pela organização são melhorar a eficiência energética, desenvolver tecnologias que utilizem energia limpa (como solar, eólica e de biomassa, por exemplo) e instalar indústrias com equipamentos para capturar o gás carbono.
O diretor-geral do WWF, James Leape, afirmou: "O mundo nunca esteve tão ciente da mudança climática, ou da necessidade urgente de conter o seu avanço. A questão é como fazer isso sem interromper o desenvolvimento e reduzir os padrões de vida."

"Conter o avanço climático é uma iniciativa de longo prazo, mas os primeiros passos devem ser dados pelos governos hoje no poder."

"O futuro depende de decisões que levem a uma economia de baixas, em uma escala de tempo consistente com a tarefa de planejar as dimensões sociais e econômicas dessa transição, para minimizar os impactos negativos desta mudança urgente."

BBC - 15.05.07

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ONU faz advertência para perigos dos biocombustíveis

Ambientalistas já advertiram que a ´corrida do ouro´ para os biocombustíveis poderá causar muito mais dano ao meio ambiente que os combustíveis fósseis.

ROMA - As Nações Unidas dizem que biocombustíveis, como etanol, podem ajudar bastante a reduzir o aquecimento global e criar empregos para os pobres das regiões rurais, mas advertem que os benefícios poderão ser eliminados por problemas ambientais graves e uma elevação no preço de alimentos para os mais famintos.
Em seu primeiro grande relatório sobre bioenergia, as Nações Unidas tentam equilibrar o entusiasmo com os biocombustíveis, chamando atenção para seus possíveis efeitos prejudiciais. O relatório sai poucos dias depois de uma conferência sobre mudança climática em Bangcoc ter dito que o mundo tem os meios para evitar que o aquecimento global atinja níveis catastróficos.
Os biocombustíveis, que podem ser feitos de cana-de-açúcar, milho, dendê e outros produtos agrícolas, têm sido vistos por muitos como uma forma mais limpa e barata de suprir as necessidade energéticas do mundo, sem a queima de combustíveis fósseis.
Líderes europeus já decidiram que pelo menos 10% do combustível consumido no bloco virá de fontes biológicas, como o etanol, até 2020, e os Estados Unidos trabalham numa proposta para multiplicar a produção de biocombustíveis por sete, até 2022. Com o preço do petróleo chegando a níveis recorde, os biocombustíveis tornaram-se uma alternativa atraente.
Mas ambientalistas já advertiram que a "corrida do ouro" para os biocombustíveis poderá causar muito mais dano ao meio ambiente que os combustíveis fósseis - preocupação refletida no relatório, divulgado em Nova York por um consórcio de 20 agências e programas das Nações Unidas.
O texto reconhece que a bioenergia representa uma "oportunidade extraordinária" para redução das emissões de gases do efeito estufa. Mas alerta que "o crescimento rápido da produção líquida de biocombustíveis colocará demandas substanciais sobre os recursos mundiais de terra e água, num momento em que a demanda por alimento e produtos florestais também se eleva rapidamente".
Mudanças no conteúdo de carbono dos solos e nos estoques de carbono em florestas e charcos poderão eliminar parte ou todo o benefício do biocombustível em termos de redução do efeito estufa, diz o relatório.
"O uso de monoculturas em larga escala poderá levar a perda significativa de biodiversidade, erosão do solo e sangria de nutrientes", afirma o texto, acrescentando que os investimentos em bioenergia devem ser administrados cuidadosamente, em escala nacional, regional e local, para evitar que problemas sociais e ambientais "alguns dos quais poderão ter conseqüências irreversíveis".
O relatório constata que a demanda crescente por óleo de palmeira já levou à eliminação de florestas tropicais no sudeste asiático. A eliminação das selvas pode resultar em emissões de gases ainda maiores que as geradas por combustíveis fósseis.
Além disso, a destinação de terras antes usadas para plantar comida para o plantio de combustível elevará o preço da comida e de mercadorias básicas, impondo uma nova carga aos pobres do mundo. E, embora as plantações de biocombustível tenham o potencial de melhorar a renda em áreas rurais, esse é um tipo de produção que favorece a agricultura em larga escala, o que pode levar á eliminação de pequenas propriedades. O texto sugere a formação de cooperativas e subsídios oficiais para manter os pequenos fazendeiros no negócio.

Associated Press - Oestado - 08.05.07

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Efeito estufa pode criar um Brasil com desertos e furacões

O efeito estufa poderá fazer a seca no Nordeste durar o ano inteiro, causar fortes tempestades no Sul e no Sudeste e levar ao deasaprecimento de trechos da costa

Até o final do século 21, o aquecimento global provocado pela emissão de gases do efeito estufa poderá transformar o Brasil em um país com desertos no Nordeste, tempestades violentas no Sul e no Sudeste, mais casos de dengue, febre amarela e encefalite e sem algumas de suas principais áreas costeiras, incluindo a cidade do Rio de Janeiro, engolidas pela elevação do nível do mar.
O alerta surge de oito pesquisas sobre os efeitos da mudança climática no País, apresentados pelo Ministério do Meio Ambiente. Os estudos analisaram o perfil da evolução do clima no Brasil, e traçaram possíveis cenários para o clima entre 2010 a 2100.
No Brasil, o aumento da temperatura média no ar pode chegar até 4º C em 2100, em relação à temperatura média aferida de 1961 a 1990, de 25º C. Na Amazônia, o aquecimento pode chegar, no cenário mais pessimista, a 8 ºC.
Já a temperatura média do ar no País, em 2100, pode chegar a 28,9º C no cenário de altas emissões de gases estufa (pessimista) e até 26,3 ºC no cenário de baixas emissões (otimista). No Brasil, a temperatura média aumentou aproximadamente 0,75 ºC no século 20, considerando a média anual de 25 ºC. O ano mais quente no País foi o de 1998 (aumento de até 0,95 ºC em relação à média).
A elevação na intensidade das chuvas no Sul do Brasil foi consistente ao longo do século, inicialmente mais acentuado no inverno e, depois, também no verão. No Nordeste e na Amazônia, não houve redução de chuvas.
Desertos e doenças
Algumas simulações mostram uma tendência de extensão da seca por praticamente todo o ano no Nordeste, transformando o semi-árido em um deserto, até o final deste século.
A tendência de aumento do nível do mar, na costa brasileira, foi avaliada em cerca de 40 centímetros por século, ou quatro milímetros por ano. Cidades litorâneas e 25% da população brasileira, cerca de 42 milhões de pessoas, podem ser afetadas. A elevação do nível do mar pode chegar a meio metro ao longo do século 21.
A mudança climática pode causar, ainda, aumento do risco de doenças que se expandirão com maior facilidade num planeta mais quente, em parte porque insetos transmissores, como no caso da malária ou da dengue, teriam mais facilidade para se reproduzir. Aumentaria ainda o risco de contrair, por meio da água, doenças como salmonelose e cólera.
Doenças respiratórias também poderiam ser mais comuns, como conseqüência de um possível aumento na incidência de incêndios na floresta e na vegetação da Amazônia e Cerrado, devido à redução de chuva. Além disso, teme-se que pessoas morram como conseqüência das ondas de calor, especialmente crianças e idosos. A queda da produtividade agrária também pode agravar a desnutrição.
Em todas as grandes cidades, o aquecimento também deve exacerbar o problema das ilhas de calor, no qual prédios e asfalto retêm muito mais radiação térmica que áreas não-urbanas.
Clima violento
No Sudeste, a segunda metade do século 20 já registrou um aumento na intensidade e na violência das chuvas. A tendência é de que haja mais noites quentes na região, que foram de 5% na década de 50 e chegaram a quase 35% no início deste século.
O levantamento lembra ainda o furacão Catarina, registrado em março de 2004, e considerado, possivelmente, o primeiro furacão do Atlântico Sul. Não houve nada comparável nos últimos 50 anos e não há registros, na história brasileira, de fenômeno tão intenso.
No Brasil, as áreas mais suscetíveis à erosão estão na região Nordeste, pela falta de rios capazes de abastecer o mar com sedimentos. Em Pernambuco, um dos Estados mais afetados, cerca de seis em cada dez praias dos 187 km de costa cedem terreno para o mar.
Uma elevação de 50 cm no nível do Atlântico poderia consumir 100 metros de praia no Norte e no Nordeste. Em Recife, por exemplo, a linha costeira retrocedeu 80 metros de 1915 a 1950, e mais de 25 metros de 1985 e 1995.

Fonte:Eestadão SP - 27.02.07

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Mudança de clima pode aumentar propagação de doenças

Aquecimento global pode levar mosquito da malária a migrar.
O aquecimento global está intensificando a propagação de doenças infecciosas no mundo, sugere estudo de cientistas britânicos.
Organismos migram com a elevação das temperaturas e apresentam uma ameaça cada vez maior à saúde de pessoas e animais, segundo Paul Hunter, da Universidade de East Anglia, na Grã-Bretanha.
Uma dessas bactérias, Vibrio Vulnificus, costuma ser encontrada em água tropicais, como as do golfo do México, mas foi descoberta no mar Báltico, na Europa, e matou uma pessoa na Dinamarca.
Na Itália, cem veranistas ficaram doentes depois de contaminados com o organismo Ostreopsis Ovata, que ampliou o seu habitat por causa do aquecimento das águas, afirmou Hunter.
Ele apresentou pesquisa em que acompanha o movimento de organismos que causam doenças na Europa e América do Norte, no Festival de Ciências da cidade britânica de Norwich.
Mais pobres
Mas o cientista acredita que o impacto das mudanças climáticas provavelmente será maior nos países pobres, onde a migração de insetos pode causar milhões de novos casos de malária e outras doenças.
"Na Europa nós estamos ficando preocupados com três ou quatro casos de doenças raras associadas com o Báltico, mas na África estamos falando em potencialmente milhares de casos de malária ocorrendo como resultado de mudanças climáticas que poderiam não ter ocorrido antes", disse Hunter.
Hunter advertiu que não se está fazendo o suficiente para monitorar a propagação de doenças graves como a malária na África.
A Febre Hemorrágica da Crimea e do Congo, que causa sangramento da pele, boca e nariz, também começou a aparecer em áreas onde era desconhecida previamente, afirmou.
"Na verdade, nós temos muito poucas informações estatísticas sobre saúde e doenças infecciosas em muitos destes países."
Segundo ele, a migração de seres humanos para escapar de secas e outros efeitos do aquecimento global também desperta preocupação ligada à propagação de males como a Aids e a tuberculose.
BBC Brasil - 04.09.2006

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ANO DE 2007 SERÁ O MAIS QUENTE JÁ REGISTRADO, DIZEM ESPECIALISTAS

O efeito estufa e o fenômeno climático conhecido como El Niño farão de 2007 o ano mais quente já registrado --com conseqüências para todo o planeta--, afirma o professor Phil Jones, diretor da Unidade de Pesquisa sobre Clima da Universidade de East Anglia, na Inglaterra.

Segundo previsões de Jones, publicadas no jornal britânico "The Independent", o ano que acaba de começar será marcado por condições climáticas extremas em todo o mundo, que podem causar secas na Indonésia e inundações na Califórnia (EUA). Para o "Independent", essa advertência evidencia que 2007 será um ano crucial para determinar a resposta que o mundo dará ao aquecimento global e seus efeitos.

Segundo o professor, o aquecimento global --que causou degelos no Ártico-- irá piorar com a chegada do El Niño, fenômeno causado pelo aumento das temperaturas médias das águas do oceano Pacífico.Esses fenômenos farão com que 2007 seja mais quente que 1998, até agora o ano em que foram registradas as temperaturas mais altas, acrescenta o jornal. No Reino Unido, dezembro de 2006 foi o mês de inverno mais quente desde 1659.

"O fenômeno El Niño faz com que o mundo fique mais quente, e já há uma tendência de aquecimento que, a cada década, aumenta as temperaturas globais entre um e dois décimos de grau centígrado", diz Jones. "Isso pode fazer com que o ano de 2007 seja mais quente que 2006 e pode ser que os próximos 12 meses sejam os mais quentes já registrados", ressalta o professor.

Fora de controle

Ao mesmo tempo, o cientista americano Jim Hansen, que em 1988 alertou sobre as mudanças climáticas, diz que o aquecimento global pode ficar fora de controle e mudar totalmente o planeta, a menos que medidas sejam tomadas rapidamente para reverter o aumento das emissões de carbono.
Também em entrevista ao "Independent", Hansen disse que a mudança climática pode aumentar o nível dos mares e causar a extinção de espécies.
Sua opinião é compartilhada pelo assessor científico do governo britânico, David King, que considera "essencial" chegar o mais rápido possível a um acordo sobre as emissões de carbono, consideradas causadoras do efeito estufa.
Essas opiniões coincidem com a advertência da Organização Mundial de Meteorologia, organismo da ONU que trata do clima no mundo todo, de que o fenômeno do El Niño já está estabelecido na bacia tropical do Pacífico.
Existe o temor de que esse fenômeno cause condições climáticas extremas no continente americano, no Sudeste Asiático e no sul da África, especialmente nos primeiros quatro meses de 2007, ressalta o "Independent".
O El Niño tem esse nome porque costuma se formar na época do Natal e ocorre em intervalos de entre dois e sete anos. Entre 1997 e 1998, o fenômeno causou a morte de mais de 2.000 pessoas e danos materiais estimados em US$ 37,7 bilhões em todo o mundo.

Fonte: Efe -Londres - 02/01/2007

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Relatório da ONU culpa homem por aquecimento global


Alterações no clima podem custar 20% do PIB do planeta, diz estudo

O relatório do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC, em inglês) da Organização das Nações Unidas (ONU) culpa a ação do homem pelo aquecimento global e prevê um cenário de catástrofe ambiental.
"Concentrações de dióxido de carbono (CO2), metano e óxido nitroso aumentaram notavelmente como resultado das atividades humanas desde 1750, e agora excedem, em muito, os valores (anteriores)", diz o relatório.
"Os aumentos globais na concentração de dióxido de carbono se devem, sobretudo, ao uso de combustíveis fósseis e mudanças no manejo da terra, enquanto o aumento de metano e óxido nitroso se deve primordialmente à agricultura."
As conclusões estão descritas no "Resumo para os Formuladores de Políticas", que integra a primeira parte do relatório "Mudanças Climáticas 2007".
O documento diz que, até o fim deste século, a temperatura da Terra pode subir de 1,8ºC – na melhor das hipóteses – até 4ºC.
O derretimento das camadas polares deve fazer com que os oceanos se elevem entre 18 cm e 58 cm até 2100, dizem os cientistas. Além disso, tufões e secas devem se tornar mais intensos.
Referência
Durante toda a semana, mais de 500 cientistas e representantes governamentais se reuniram a portas fechadas na sede da Unesco, em Paris, para concluir e aprovar o texto sobre as constatações científicas em relação ao aquecimento global.
As conclusões estavam sendo bastante esperadas porque servirão como referência para toda a comunidade científica mundial. O texto foi discutido linha por linha pelos participantes da reunião em Paris.
Os especialistas debateram, por exemplo, a terminologia para designar o grau de responsabilidade da ação humana no aquecimento global.
Alguns preferiam utilizar o termo "inequívoca", outros preferiam a expressão "além de qualquer dúvida razoável".
Ao final, os cientistas concluíram que há 90% de chance de o aquecimento global observado nos últimos 50 anos ter sido causado pela atividade humana.
É um aumento expressivo em relação ao último relatório, de 2001, que apontava uma probabilidade de 66%.
O co-presidente do IPCC, Achim Steiner, disse que o documento "acaba com as interrogações" em relação à ação do homem no aquecimento global.
Kyoto
O presidente do IPCC, Rajendra Pachauri, disse esperar "que este relatório deixe as pessoas chocadas e leve os governos a agirem com mais seriedade".
Este é o quarto relatório do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas, criado em 1988 pela Organização Meteorológica Mundial e pelo Programa da ONU para o Meio Ambiente para avaliar as informações científicas e sócio-econômicas sobre o aquecimento global.
O relatório anterior, de 1995, serviu de base para a elaboração do Protocolo de Kyoto, que dois anos depois impôs aos países desenvolvidos uma meta de reduzir em 5,2% as emissões de gases de efeito estufa até 2012.
Prevê-se que o quarto relatório do IPCC sirva como referência para o "pós-Kyoto", ou seja, para o compromisso dos países após 2012, quando expira o atual protocolo.
O tema será um dos assuntos centrais da reunião da ONU em Bali, na Indonésia, em dezembro próximo.
O texto integral do quarto relatório "Mudanças Climáticas 2007" totalizará cerca de 900 páginas e será divulgado por partes até novembro deste ano.
Ainda serão divulgados estudos sobre o impacto das mudanças climáticas e sobre as formas de controle das emissões de gases de efeito estufa.

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TEMPERATURA DO PLANETA AUMENTARÁ ATÉ 4ºC até 2100,
diz ONU

A temperatura média do planeta subirá de 1,8ºC a 4ºC até 2100, provocando um aumento do nível dos oceanos de 18 a 59 cm, inundações e ondas de calor mais freqüentes, além de ciclones mais violentos durante mais de um milênio.
[confira o relatório completo em inglês no formato .PDF]

As conclusões foram anunciadas em 02 de fevereiro, em Paris pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, em inglês), da ONU (Organização das Nações Unidas).
O comitê do IPCC engloba centenas de cientistas e representantes de 113 países.

O documento - o mais importante a respeito do aquecimento global - traça um quadro preocupante sobre o futuro do planeta caso não sejam adotadas as medidas adequadas. De acordo com os especialistas do IPCC, o aquecimento do planeta se deve, com 90% de chance, às emissões de dióxido de carbono provocadas pelo homem. Benoit Tessier/Reuters

O IPCC afirmou ainda que as emissões passadas e futuras de CO2 continuarão contribuindo para o aquecimento global e a elevação do nível dos mares durante mais de um milênio, levando em consideração sua permanência na atmosfera.
Se os países não adotarem os meios para reduzir a poluição da atmosfera, a temperatura média pode aumentar até 6,4%.
Este desajuste modificará totalmente as condições climáticas: provocará ondas de forte calor, as inundações serão cada vez mais freqüentes, os ciclones tropicais, tufões e furacões provavelmente serão mais intensos, os recursos de água potável diminuirão e a elevação do nível do mar pode provocar o desaparecimento de algumas ilhas e superfícies férteis.
As mudanças obrigarão milhares de pessoas a abandonarem suas casas, e o número de refugiados do clima será superior ao de refugiados de guerra, alertam alguns especialistas.

Encontro
A reunião na capital francesa de 500 especialistas do grupo, criado em 1988 pela ONU e a Organização Meteorológica Mundial com o objetivo de servir de mediador entre os cientistas e os governantes, é a conclusão de mais de dois anos de trabalho.
Diante das previsões desalentadoras, os cientistas esperam que a comunidade internacional apresente uma resposta vigorosa e unida que implique a continuidade do Protocolo de Kyoto, destinado a reduzir as emissões de dióxido de carbono, cuja primeira fase expira em 2012.
No entanto, este protocolo ainda não foi ratificado pelos Estados Unidos, que é o maior poluidor mundial.

Danos
O chefe do Comitê Internacional de Mudanças Climáticas, Rajendra Pachauri, qualificou o relatório como um documento "muito impressionante", que vai além dos "estudos anteriores".
Segundo Susan Solomon, cientista do governo dos EUA, "não há dúvidas de que o aumento de gases poluidores é causado pelas atividades humanas".
De acordo com o documento, não importa o quanto a civilização reduza a emissão de gases, o aquecimento global e o aumento do nível dos oceanos vão perdurar por séculos.
"Não é algo que possa ser detido. Nós teremos que conviver com isso", afirmou Kevin Trenberth, diretor de análises climáticas do Centro Nacional de Pesquisa Atmosférica de Boulder, no Colorado, à Associated Press.

"Estamos criando um planeta diferente. Em cem anos, teremos um clima diferente", afirmou.

Criado pela ONU em 1988, o comitê divulga relatórios a cada cinco ou seis anos. Os documentos são divulgados em fases -- este é o primeiro de quatro previstos para este ano.

Fonte: France Press - Paris - 02.02.07          

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Mudanças no clima

Fotos comparativas mostram aterações ambientais
O fotógrafo americano Gary Braasch reúne imagens de mudanças ambientais desde 1999.

 

 

Alguns cientistas acreditam que o derretimento da geleira Upsala, na Argentina, é causado pelo aquecimento global. Outros teimam em insistir que ele se deve a mudanças naturais na região.

 

 

Mudança glacial

 





A foto em branco-e-preto à esquerda, de 1859, é da geleira do Reno, em Valais, na Suíça, e mostra um vale coberto de gelo. Em 2001, a geleira havia encolhido cerca de 2,5 km.

 

 

 

 

Maré mais alta

Alguns cientistas acreditam que o aquecimento global vai provocar mais tempestades violentas - o que, por sua vez, aumentará a erosão costeira.

Esta parte do litoral de Cabo Hatteras, no Estado americano da Carolina do Norte, foi fotografada em 1999 e 2004.

 

 

 

 

Ilhas
O Grupo Intergovernmental sobre Mudança Climática, composto de milhares de cientistas independentes, prevê que o nível do mar pode subir de 9 a 88 centímetros no próximo século. Isto ameaçaria arquipélagos como o de Tuvalu, no Pacífico.


Estas imagens mostram o efeito de marés mais altas do que o normal.

 

Neve
Com o aumento da temperatura no planeta, regiões montanhosas podem ter menor precipitação de neve.
Estas fotos mostram o Monte Hood, no Estado americano de Oregon, no final do verão em 1985 e em 2002.


Insetos

Insetos que se alimentam de árvores provavelmente vão se beneficiar de um aumento da temperatura da Terra e se reproduzir cada vez mais.
Estas imagens mostram danos causados por insetos em árvores no Estado americano do Alasca.


Fonte:bbc.02/2007
Imagem: Gary Braasch ©


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AQUECIMENTO GLOBALGráficos

Como as temperaturas devem aumentar no próximo século

Veja as mudanças previstas pela ONU

Cientistas de mais de 130 países indicaram no ano de 2007 em um relatório do IPCC (Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas, na sigla em inglês) que é “muito possível” que a atividade humana seja a causa das mudanças climáticas. Os gráficos abaixo ilustram as previsões sobre como as temperaturas do planeta devem aumentar no próximo século.



O IPCC diz que as temperaturas têm grande chance de aumentar de 1,8ºC a 4ºC até 2100. Mas há também a possibilidade de que essa variação seja de 1,1ºC a 6,4ºC. Os mapas acima mostram como três cenários de variações de temperatura podem afetar diferentes partes do planeta.

Os cenários A1B, A2 e B1, usados para criar os mapas acima, são baseados em dados econômicos e tecnológicos. Esses cenários consideram diferentes aumentos populacionais, o uso de combustíveis fósseis e alternativos e o conseqüente crescimento na emissão de CO2. Os resultados estão nos gráficos abaixo:


O dióxido de carbono é o principal gás do chamado efeito estufa e o aumento da sua emissão desde a Revolução Industrial é claro. A queima de carvão, o uso do petróleo e o desmatamento são atividades que liberam CO2 na atmosfera.

Outros dois importantes gases de efeito estufa são o metano e o óxido nitroso. Ambos estão muito menos presentes na atmosfera que o CO2, mas têm um efeito muito mais devastador e sua presença também está crescendo. O metano provoca 20 vezes mais danos que o CO2, enquanto o óxido nitroso é 300 vezes mais forte.


BBC, 13.11.07


Histórico

A temperatura da Terra sofreu um aumento de cerca de 0,6ºC no século passado.
A década de 90 foi a mais quente desde que os registros começaram a ser feitos, diz o Painel Internacional sobre Mudança Climática (IPCC, em inglês).

Cientistas dizem que as temperaturas globais médias têm variado menos de 1ºC desde o começo da civilização.
Apesar disso, elas flutuaram muito antes dessa época.
O IPCC prevê um aumento global de temperatura entre 1,4ºC e 5,8ºC até o ano 2100.



Nível do mar

Acredita-se que o aumento das temperaturas provoque uma elevação do nível do mar na medida em que o derretimento das calotas polares leve a um aumento do volume de água dos oceanos.
O IPCC diz que o nível do mar aumentou entre 10 e 20 centímetros no mundo todo durante o século 20.
O painel prevê uma elevação entre 9 e 88 centímetros até 2100.

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Camada polar

De acordo com o IPCC, a espessura da camada de gelo do Pólo Norte sofreu uma redução de 40% nas últimas décadas no verão e no outono.
A cobertura gelada da terra diminuiu em 10% desde a década de 60, e as geleiras sofreram uma retração.

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Emissões

A maioria dos cientistas mais ortodoxos acredita que o aumento da emissão de gases que provocam o efeito estufa - particularmente dióxido de carbono - contribuem para o aquecimento do planeta.
Este gráfico mostra como níveis de dióxido de carbono aumentaram com a industrialização no mundo.



Futuro

Este mapa parte do princípio de que a atual tendência de emissões vai continuar, com crescimento econômico moderado e poucas medidas para reduzir os gases do efeito estufa.
Ele prevê maior aumento de temperatura nas regiões polares do norte da Terra, Índia, África e partes da América do Sul.


Fonte: BBC – 05.02.07

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Impacto Econômico do Aquecimento Global
Relatório faz alerta sobre danos 'imensos' do aquecimento global

O estudo afirma que enchentes e secas serão mais comuns
O relatório sobre o impacto econômico do aquecimento global apresentado nesta segunda-feira em Londres afirma que o aquecimento pode causar o mais profundo e extenso dano à economia mundial já visto. E, uma vez que o estudo é solidamente fundamentado em argumentos científicos, fica difícil discordar.
O documento foi escrito por Nicholas Stern, um renomado economista, que já foi economista-chefe do Banco Mundial.
Stern não é um homem dado a exageros. Mesmo assim, ele diz que “nossas ações nas próximas décadas podem causar danos imensos à atividade econômica e social, neste século e no próximo, com efeito similar ao que tiveram as grandes guerras e a depressão econômica na primeira metade do século 20”.
Seu relatório indica alguns caminhos a serem seguidos para minimizar os possíveis problemas sócio-econômicos.
O seu principal argumento é o de que gastar grandes somas de dinheiro agora para reduzir as emissões de carbono trarão dividendos numa escala colossal. Logo, seria completamente irracional não gastar esse dinheiro já.
Contudo, ele alerta para o fato de que já estamos atrasados para evitar todas as conseqüências deletérias do problema.
As perspectivas são mais sombrias para a África e para os países em desenvolvimento, e que as nações mais ricas têm que prover suporte financeiro e tecnológico para enfrentar o problema.
Decisões duras
Stern acredita que é viável ter como meta uma estabilização dos níveis das emissões de carbono na atmosfera entre 500 a 550 ppm (sigla de partes por milhão, medida de concentração de gases) de dióxido de carbono por volta do ano de 2050.
Esse valor é equivalente ao dobro da era pré-industrial e é comparável aos 430 ppm existentes hoje. Mas mesmo assim, os efeitos das emissões de carbono serão sentidos na mudança climática.
Para atingir esses números, as emissões de carbono por unidade de produto interno bruto (PIB) na atmosfera precisam ser cortadas em cerca de 75%.

Mais pobres devem ser os mais atingidos pelo aquecimento global
Além de diminuir a dependência de carbono que o setor energético ainda tem em cerca de 60% a 70%, será necessário interromper o processo de desflorestamento, que responde por 18% das emissões totais – mais do que todas as emissões de transporte. E também serão necessários cortes profundos nas emissões de transporte.
O custo de todas essas medidas deve chegar a 1% do PIB global até o ano de 2050. Em outras palavras, o mundo será 1% mais pobre do que poderia ser, uma cifra considerável, mas longe de ser proibitiva.
Para ser claro, o mundo não vai ficar 1% mais pobre de uma vez, mas o crescimento global será mais lento.
O melhor modo de se olhar para esse 1% é como um investimento, porque o preço de não se tomar medida nenhuma é incrivelmente mais alto.
Estimativas erradas
O cenário inicial de Nicholas Stern é o modelo econômico usado em outros estudos, onde um acréscimo de 2 a 3 graus na temperatura levaria a uma perda de até 3% da produção global, comparado com o que esta seria se o clima não tivesse mudado. Mas Stern diz que essas estimativas estão erradas.
Ele acredita que uma subida de cinco a seis graus na temperatura do planeta é uma “possibilidade real” para os próximos cem anos.
Tendo usado probabilidade de diferentes níveis de aquecimento global no seu modelo, o economista diz que “manter a produção como está” levaria a uma redução permanente no consumo per capita em cerca de 5%.
Só que essa estimativa não inclui o custo financeiro do impacto direto na saúde humana e no meio-ambiente por parte do aquecimento global, ou dos custos desproporcionais nas regiões pobres do mundo.
A previsão anterior também ignora os chamados “mecanismos de resposta”, pelos quais o efeito estufa passe a ser mais intenso conforme a temperatura se elevar.
Preço injusto
Colocando todos estes fatores juntos, Stern chega à sombria conclusão de que se nada for feito para se combater a mudança de clima, a redução de consumo por pessoa pode chegar a 20%.
Em outras palavras: todas as pessoas do mundo teriam 1/5 a menos do que teriam tido sem a questão climática.
Pior ainda, diz Stern, é o fato de que nem as conseqüências do problema seria divididas igualmente, mas os países pobres seriam os mais afetados.
Logo, a saída mais lógica, segundo Stern é: gaste 1% do PIB mundial hoje para ser 20% mais rico no futuro. É simples assim.
Há uma outra maneira de se apresentar essa relação custo-benefício.
Stern diz que se você pegar, em valores de hoje, os benefícios de se estabilizar o “efeito estufa” até 2050, e tirar os gastos, você ainda acaba com um “lucro” de US$ 2.5 trilhões (R$ 5.34 trilhões, aproximadamente).
Olhando pelo aspecto econômico, o combate imediato do aquecimento global parece um excelente negócio.
Obstáculos

Para Stern, corte nas emissões de carbono teriam de ser de 75%
Dito isso, há grandes obstáculos para colher esses dividendos.
Um problema óbvio é o de que requer uma ação coordenada e coletiva de todos os governos do mundo – e chegar aos consensos necessários pode não ser assim tão fácil.
Para ser imparcial, Stern diz que os países ricos deverão assumir entre 60% e 80% da redução de emissões de carbono entre 1990 e 2050. Mas ainda que se chegue a um acordo sobre isso, qual a melhor maneira de corrigir o imenso rombo econômico que está nos levando para um caminho de pobreza? Como começaríamos a pagar um preço pelas emissões de carbono que realmente reflita com precisão os custos econômicos e sociais ou um preço que inclua o valor de uma mudança no clima que acontecerá no futuro?
Segundo Stern, há duas alternativas:
A primeira é por meio da cobrança de um imposto. A outra, por meio de um racionamento das emissões de carbono que todo negócio terá – individual ou não – criando um mercado global.
Essa medida permitiria que aqueles que quisessem fazer mais emissões do que o permitido pudessem comprar esse direito – e os que fossem emitir menos, de vender.
Outro fator fundamental é o de fazer com que os governos passem a encorajar pesquisa e desenvolvimento de tecnologias “limpas”. Este encorajamento viria através de legislações – como a imposição de padrões mais rigorosos para consumo de energia – ou educação.
Problemas adiante
Podemos nos preparar para uma série de choques causados pelos efeitos da mudança de clima – porque eles parecem inevitáveis.
Provavelmente ocorrerão mais secas e enchentes, um número maior de tempestades é esperado e há um risco de aumento da fome em regiões mais pobres, e assim, seria uma boa idéia monitorar melhor as condições climáticas ou então, nos adaptar para este novo mundo.
Isso significaria reforçar as estruturas dos edifícios para que eles agüentem condições climáticas mais extremas, investir em novos diques e dar suporte aos mercados financeiros para viabilizar novas apólices de seguro contra desastres ligados ao clima.
Tudo isso será muito caro – especialmente para os países pobres. Logo, diz Stern – e é difícil discordar – há uma obrigação moral por parte dos países ricos em ajudar os pobres a se proteger.

Nicholas Stern - 02/2007

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Brasil fica em 8º em ranking sobre mudanças do clima


Recusa brasileira em discutir metas para desmatamento irrita ONGs
O Brasil ficou em oitavo lugar num ranking de 56 países que mede o desempenho deles em relação aos desafios das mudanças climáticas.
O ranking, organizado pela entidade alemã Germanwatch e pelo grupo de ONGs Rede de Ação sobre o Clima – Europa (CAN-E, na sigla em inglês), foi divulgado nesta segunda-feira em Nairóbi, no Quênia, durante a Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas.
Brasil subiu uma posição em relação ao ranking do ano passado, o único que havia sido feito até então. No entanto, a comparação entre as posições no ranking pode ser enganosa, porque o número de países avaliados aumentou de 53 para 56 entre um ano e outro.
O desempenho do Brasil é irregular entre as áreas abordadas na composição do ranking. O país foi muito bem avaliado no critério de emissões de gases do efeito estufa: o Brasil produz relativamente pouco deles porque tem uma base energética limpa (principalmente hidrelétricas) e a tendência é de pouco aumento no futuro.
Por outro lado, o país ficou entre os cinco países com políticas públicas apontadas como mais negativas pela entidade em relação às mudanças climáticas.
Como as políticas públicas têm um peso de apenas 20% no cômputo geral do ranking, o Brasil conseguiu manter sua posição entre os dez países com melhor desempenho, embora ficando atrás, por exemplo, da Argentina (7º lugar) - que emite relativamente mais gases do que o Brasil, mas tem políticas públicas consideradas mais positivas.
“Na área de políticas públicas, tanto em questões domésticas como nas negociações internacionais, o Brasil poderia estar bem melhor se fosse uma força mais progressista em relação às negociações de mudanças climáticas. Podemos dizer que é basicamente culpa do governo brasileiro que o país não esteja bem nesta avaliação”, disse diretor da CAN-E, Matthias Duwe.
Brasil
A delegação brasileira em Nairóbi não quis comentar o ranking divulgado pelas ONGs.

Os dez melhores
1. Suécia
2. Grã-Bretanha
3. Dinamarca
4. Malta
5. Alemanha
6. Argentina
7. Hungria
8. Brasil
9. Índia
10. Suíça
Fonte: Germanwatch e Rede de Ação sobre o Clima – Europa (CAN-E)
O Brasil já havia sido criticado na semana passada por ser – na visão de muitas organizações internacionais – um dos países que não querem a revisão do Artigo 9 do Tratado de Kyoto, para estabelecer metas de cortes de emissão de gás carbônico para depois de 2012.
Na sexta-feira o Brasil ganhou, por conta desta controvérsia, o “prêmio Fóssil do Dia”, concedido diariamente ao país considerado como o de atuação mais negativa nas atividades da conferência.
Mas o chefe da delegação brasileira em Nairóbi, Luiz Alberto Figueiredo, diz que as ONGs que concederam o “prêmio” entenderam mal a posição do Brasil, que na verdade aceitaria discutir futuro mas sem admitir a reabertura de qualquer decisão já estabelecida no protocolo de Kyoto.
“Explicamos essa posição para as ONGs (que concedem o Fóssil do Dia) e esperamos que eles tenham entendido. A questão é que o Brasil defende a estratégia de negociações adotada no ano passado em Montreal e não queremos mudanças de última hora”, disse o diplomata.

Os dez últimos

46. África do Sul
47. Austrália
48. Coréia do Sul
49. Irã
50. Tailândia
51. Canadá
52. Uzbequistão
53. Estados Unidos
54. China
55. Malásia
56. Arábia Saudita
Germanwatch e Rede de Ação sobre o Clima – Europa (CAN-E)
Outra coisa que incomoda as ONGs é a recusa do Brasil em estabelecer qualquer tipo de meta a ser cumprida pelos país, seja em relação a emissões de gases do efeito estufa, seja em relação a temas como o desmatamento.
Florestas
O diretor-executivo da German Wacth, Christopher Balls, diz que a redução no desmatamento no Brasil não teve impactos positivos no ranking preparado pela entidade porque não foi algo decorrente de políticas públicas, mas apenas de desaquecimento na atividade econômica.
“Se o Brasil instituir uma política que efetivamente reduza o desmatamento isso sim teria impactos positivos na classificação do país”, diz ele.
No topo do ranking deste ano ficou a Suécia, seguida da Grã-Bretanha e da Dinamarca. Os países com pior desempenho foram a Arábia Saudita, a Malásia, a China e os Estados Unidos.
“Mas é importante explicar que este é um ranking comparativo, mostrando que países estão melhor e quais estão pior mas ninguém está tão bem. Se fosse uma competição, nenhum desses países ganharia a medalha de ouro”, disse Matthias Duwe.

Paulo Cabral - Enviado especial a Nairóbi - 13.11.2006

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AQUECIMENTO GLOBAL ACELERA DEGELO E ELEVA NÍVEL DO MAR

A equipe usou um satélite da Nasa para medir variações da gravidade na Groenlândia

WASHINGTON - O degelo na Groenlândia triplicou nos últimos anos, em uma nova evidência do aquecimento global, afirma estudo publicado na edição desta semana da revista Science. Outro trabalho, publicado na mesma edição, destaca que a precipitação de gelo na Antártida se mantém estável nos últimos anos.
"A capa de gelo da Groenlândia derrete num ritmo acelerado, a três vezes a velocidade registrada antes de 2004", diz Jianli Chen, chefe da equipe que realizou o estudo. Ele acrescenta que sua investigação confirma resultados de outros cientistas, indicando um "efeito estufa" que se faz sentir por todo o mundo.
Um dos trabalhos anteriores, publicado em maio, afirmava que o aumento global das temperaturas havia elevado a velocidade com que as geleiras da Groenlândia se derretem no Atlântico. A água liberada dessa forma atua como lubrificante, acelerando o desprendimento de icebergs da capa de gelo.A equipe de Chen usou um satélite da Nasa para medir variações da gravidade na Groenlândia, e comparou os dados de abril de 2002 a novembro de 2005. O levantamento indicou a perda de 240 km3 de gelo anualmente. Esse derretimento pressupõe um aumento do nível do mar da ordem de 0,6 mm ao ano.

O outro trabalho publicado na Science, realizado por um grupo internacional, indica que a acumulação de neve da Antártida, ao longo dos últimos 50 anos, manteve-se praticamente estável. Essa conclusão derruba as alegações de que um aumento da neve no continente antártico poderia compensar o derretimento de geleiras em outras partes do mundo.

OESP - EFE -10 de agosto de 2006

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Efeito estufa turbinou furacões de 2005, diz estudo

Um estudo publicado em 27.06.06 por uma dupla de climatologistas oferece dados concretos para aquilo que ambientalistas vinham tentando fazer desde o final do ano passado: culpar o aquecimento global pela temporada de furacões devastadores em 2005.

O trabalho, escrito por Kevin Trenberth e Dennis Shea, do Centro Nacional para Pesquisa Atmosférica dos EUA, calcula que ações humanas foram a razão de metade do aumento da temperatura média das águas do Atlântico Norte tropical (0,9º C). Foi esse o fenômeno que ofereceu combustível para eventos climáticos intensos, como o furacão Katrina, que devastou Nova Orleans em setembro do ano passado.
O estudo foi uma resposta dos autores a cientistas que se diziam céticos com relação ao papel térmico das emissões de dióxido de carbono nas temperaturas do Atlântico. Segundo esse grupo, o aquecimento recorde das águas do Atlântico em 2005 se deveu a um fenômeno chamado oscilação multidecadal, um ciclo natural com períodos de 60 a 80 anos, ao final dos quais a água apresenta maior temperatura.
O estudo, publicado no periódico "Geophysical Research Letters" também descarta a hípotese de que efeitos colaterais do El Niño --o superaquecimento das águas equatoriais do Pacífico ao fim de cada ano-- teriam sido os principais vilões térmicos dos furacões.

Subtração

Para derrubar essas teorias, a dupla usou cálculos relativamente simples. "Subtraímos a cota do aquecimento global do aumento da temperatura da superfície oceânica no Atlântico Norte, e com isso isolamos a contribuição da oscilação multidecadal e do El Niño", disse Trenberth à Folha.
O resultado da conta é que o aquecimento global --um produto das emissões de gás carbônico de origem humana-- é responsável por metade (0,45º C) da temperatura extra que as águas do Atlântico tropical registraram em 2005. Efeitos do El Niño ficam com 0,2º C da cota, e a oscilação multidecadal com apenas 0,1º C, na estimativa menos conservadora.
Apesar da aparente simplicidade dos cálculos, os cientistas usaram grande quantidade de dados no estudo. Para definir um padrão de comparação com 2005, recorreram a um histórico de temperaturas oceânicas e dados climatológicos pelo período de 1900 a 1970.
A exemplo de qualquer trabalho que ameace a estratégia do governo norte-americano de atacar evidências contra a culpa humana pelo aquecimento global, o estudo de Trenberth já virou alvo de críticas.
Dessa vez, porém, os ataques parecem ser mais comedidos. "Alguns cientistas de furacão já começaram a fazer críticas, mas eles não me disseram nada sobre as informações no estudo", diz Trenberth. "Eles parecem apenas não gostar do nosso resultado."

Para o climatologista brasileiro Carlos Nobre, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, o trabalho de Trenberth e Shea é "muito relevante" porque é capaz de quantificar os impactos do aquecimento global nos extremos climáticos.
"Eles fizeram simulações do efeito deste quase meio grau centígrado na intensidade do Katrina e chegaram à conclusão de que o vento máximo foi cerca de 7% mais forte", diz Nobre. "As chuvas, ressacas e inundações foram maiores do que se a temperatura do mar não estivesse este antropogênico 0,5º C mais quente."
Trenberth diz esperar que seu estudo ajude a estimular medidas para redução da emissão de dióxido de carbono, mas reverter a tendência de ocorrerem estações de furacões comparáveis à de 2005 será um processo demorado.
"Os oceanos perdem calor muito vagarosamente", explica. "Por isso, o nível do mar e as temperaturas oceânicas devem subir lentamente pelos próximos cem anos, mesmo que se altere todas as emissões dentro de 50 anos."

RAFAEL GARCIA da Folha de S.Paulo - 28.06.06

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